São Juan Diego Cuauhtlatoatzin, leigo
Salmo Responsorial: 144
R. O Senhor é
clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade.
Quero exaltar-Vos, meu Deus e meu Rei, e bendizer o vosso
nome para sempre. O Senhor é bom para com todos e a sua misericórdia se estende
a todas as criaturas.
Graças Vos deem, Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos
os vossos fiéis. Proclamem a glória do vosso reino e anunciem os vossos feitos
gloriosos;
Para darem a conhecer aos homens o vosso poder, a glória e o
esplendor do vosso reino. O vosso reino é um reino eterno, o vosso domínio
estende-se por todas as gerações.
Aleluia. Desça o orvalho do alto dos céus e as nuvens chovam o justo;
abra-se a terra e germine o Salvador. Aleluia.
Evangelho (Mt 11,11-15): Naquele tempo, Jesus
disse: «Em verdade, eu vos digo, entre todos os nascidos de mulher não surgiu
quem fosse maior que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é
maior do que ele. A partir dos dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus
sofre violência, e violentos procuram arrebatá-lo. Pois até João foi o tempo
das profecias — de todos os Profetas e da Lei. E, se quereis aceitar, ele é o
Elias que há de vir. Quem tem ouvidos, ouça».
«O Reino dos Céus sofre violência, e violentos procuram arrebatá-lo»
Rev. D. Ignasi FABREGAT
i Torrents (Terrassa, Barcelona, Espanha)
João é um homem firme, que sabe o quanto as coisas custam, é
consciente de que há de se lutar para melhorar e ser santo, e por isso Jesus
exclama: «A partir dos dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre
violência, e violentos procuram arrebatá-lo» (Mt 11,12). Os “violentos” são os
que se fazem a si mesmos a violência: —Eu me esforço para crer que o Senhor me
ama? Eu me sacrifico para ser “pequeno”? Eu me esforço para ser consciente e
viver como um filho do Pai?
Santa Teresinha de Lisieux se refere também a estas palavras
de Jesus dizendo algo que pode nos ajudar na nossa conversa pessoal e intima
com Jesus: «Ó pobreza, meu primeiro sacrifício, até a morte por toda à parte me
seguirás, pois eu sei que para correr no estádio, o atleta tem de despojar-se
de tudo. Provai, mundanos, o remorso e a pena, esses frutos amargos da vossa
vaidade; alegremente, eu acolho na arena, as palmas da Pobreza». —E eu, porque
reclamo quando me dou conta de que me falta alguma coisa que considero necessária?
Tomara que eu veja, nos diversos aspectos da minha vida, tão claramente como a
Doutora!
De uma forma enigmática Jesus nos diz hoje também: «João
(...) é o Elias (...). Quem tem ouvidos, ouça» (Mt 11,14-15). O que quer dizer?
Quer nos aclarar que João era verdadeiramente o precursor, quem finalizou a
mesma missão do Elias, conforme a crença que existia naquele então, de que o
profeta Elias teria que voltar antes do Messias.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Moises foi um grande legislador e admiráveis foram
igualmente, todos os profetas mas, não o foram mais que João. Não sou eu quem
se atreve a comparar profeta com profeta, mas sim aquele que é seu e nosso
Senhor» (São Cirilo de Jerusalém)
«Sempre me impressionou o encontro do Senhor com Elias. O
Senhor não estava no granizo, nem na chuva, nem na tormenta... O Senhor estava
numa brisa suave. Esta é a música da linguajem do Senhor. Preparando-nos para o
Natal, temos que a ouvir» (Francisco)
«São João Batista (...) precedendo a Jesus «com o espírito e
o poder de Elias» (Lc 1, 17), dá testemunho d'Ele pela sua pregação, pelo seu
batismo de conversão e, finalmente, pelo seu martírio» (Catecismo da Igreja
Católica, nº523)
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* No evangelho de hoje, Jesus dá uma opinião sobre João Batista. Comparado com as pessoas do Antigo Testamento, não há ninguém maior que João. João é o maior de todos: maior que Jeremias, maior que Abraão, maior que Isaías! Mas comparado com o Novo Testamento, João é inferior a todos. O menor no Reino é maior que João. Como entender esta qualificação aparentemente contraditória que Jesus fez de João?
* Pouco antes, João
tinha mandado perguntar a Jesus: “É o senhor, ou devemos esperar por outro?”
(Mt 11,3). João parecia ter dúvidas a respeito a Jesus. Pois Jesus não
correspondia à ideia que ele, João, se fazia do messias. João imaginava o
messias como um juiz severo que devia vir realizar o julgamento da condenação e
da chegada da ira (Mt 3,7). Devia cortar as árvores pela raiz (Mt 3, 10),
limpar a área e jogar a palha seca no fogo (Mt 3,12). Mas Jesus, em vez de ser um
juiz severo, era amigo de todos, “manso e humilde de coração” (Mt 11,29), que
acolhia os pecadores e comia com eles (Mc 2,16).
* Jesus respondeu
a João citando o profeta Isaias: “Vão contar para João o que estão vendo e
ouvindo: cegos veem, coxos andam, leprosos são limpos, surdos ouvem, mortos
ressuscitam, aos pobres é anunciada a Boa Nova. E feliz quem não se
escandalizar comigo!” (Mt 11,5-6; cf. Is 33,5-6;29,18). Resposta dura. Jesus
manda João analisar melhor as Escrituras para ele poder mudar a visão errada
que tinha do messias.
* João foi grande!
O maior de todos! Mas o menorzinho no Reino dos céus é maior que João! João é o
maior, porque ele era o último elo do AT. Foi João que, pela sua fidelidade,
pôde, finalmente, apontar o messias para o povo: “Eis o cordeiro de Deus!” (Jo
1,36), e a longa história desde Abraão alcançou o seu objetivo. Mas João por si
mesmo não foi capaz de entender todo o alcance da presença do Reino de Deus em
Jesus. Ele estava na dúvida: “É o senhor ou devemos esperar por outro?” A
história antiga, ela sozinha, não comunica luz suficiente para a pessoa poder
entender toda a novidade da Boa Notícia de Deus que Jesus nos trouxe. O Novo
não cabe no Antigo. Santo Agostinho dizia: “Novum in Vetere latet, Vetus in
Novo patet”. Traduzido significa: “O Novo já está escondido no Antigo. Mas o
Antigo só revela seu sentido pleno é no Novo”. Quem está com Jesus e convive
com ele recebe dele uma luz que lhe dá olhos novos para descobrir um
significado mais profundo no Antigo. E qual é esta novidade?
* Jesus oferece uma
chave: “A lei e os profetas anunciaram o Reino até João. E se quiserem
saber João é Elias que deve vir!” Jesus não explica, mas dá a dica: “Quem tem
ouvidos ouça” Elias devia vir para preparar a vinda do Messias e refazer a comunidade:
“Reconduzir o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os
pais” (Mal 3,24). João anunciou o Messias e tentou refazer a comunidade (Lc
1,17). Mas o mistério mais profundo da vida em comunidade, lhe escapava. Foi só
Jesus que o comunicou anunciando que Deus é Pai e, portanto, somos todos irmãos
e irmãs. Este anúncio traz uma força nova que nos torna capazes de superar as
divergências e criar comunidade.
* São estes os
violentos que conseguem conquistar o Reino. O Reino não é uma doutrina, mas
é um novo modo de conviver como irmãos e irmãs a partir do anúncio que Jesus
fez de que Deus é Pai de todos.
Para um confronto
pessoal
1. O Reino é dos
violentos, isto é, é dos que, como Jesus, têm a coragem de criar comunidade.
Você tem?
2. Jesus ajudou
João a entender melhor os fatos por meio da Bíblia. A Bíblia me ajuda a
entender melhor os fatos da minha vida?
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