Beato Charles de Foucauld, presbítero
Salmo Responsorial: 22
R. Habitarei para
sempre na casa do Senhor.
O Senhor é meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em
verdes prados, conduz-me às águas refrescantes e reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome. Ainda
que tenha de andar por vales tenebrosos, não temerei nenhum mal, porque Vós
estais comigo: o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa à vista dos meus adversários; com
óleo me perfumais a cabeça e o meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão de acompanhar-me todos os dias da
minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre.
Aleluia. O Senhor vem salvar o seu povo: felizes os que estão
preparados para ir ao seu encontro. Aleluia.
Evangelho (Mt 15,29-37): Partindo dali, Jesus foi
para as margens do mar da Galileia, subiu a montanha e sentou-se. Grandes
multidões iam até ele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos
outros doentes. Eles os trouxeram aos pés de Jesus, e ele os curou. A multidão
ficou admirada, quando viu mudos falando, aleijados sendo curados, coxos
andando e cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel. Jesus chamou seus
discípulos e disse: «Sinto compaixão dessa multidão. Já faz três dias que estão
comigo, e não têm nada para comer. Não quero mandá-los embora sem comer, para
que não desfalecem pelo caminho». Os discípulos disseram: «De onde vamos
conseguir, num lugar deserto, tantos pães que possamos saciar tão grande
multidão?» Jesus perguntou: «Quantos pães tendes?» Eles responderam: «Sete, e
alguns peixinhos». Jesus mandou que a multidão se sentasse pelo chão. Depois
tomou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e os deu aos discípulos,
e os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram saciados;
e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram.
«Quantos pães tendes? Eles responderam: Sete, e alguns peixinhos»
Rev. D. Joan COSTA i Bou (Barcelona, Espanha)
O Evangelho de hoje nos ajuda a dar-nos conta, também, da
necessidade de homens que conduzam outros a Jesus Cristo. Os que levam os
doentes a Jesus para que os cure são imagem de todos aqueles que sabem que o
maior ato de caridade para com o próximo é aproximá-lo a Cristo, fonte de toda
a Vida. A vida de fé exige, portanto, a santidade e o apostolado.
São Paulo exorta a ter os mesmos sentimentos de Cristo Jesus
(cf. Fl 2,5). Nosso relato mostra como é o coração: «Sinto compaixão dessa
multidão» (Mt 15,32). Não pode deixá-los porque estão famintos e fatigados.
Cristo busca o homem em toda a necessidade e faz-se encontrado. Que bom é o
Senhor conosco! e que importantes somos as pessoas diante dos seus olhos! Só em
pensá-lo dilata-se o coração humano cheio de agradecimento, admiração e desejo
sincero de conversão.
Esse Deus feito homem, que tudo pode, e que nos ama
apaixonadamente e a quem necessitamos em tudo e para tudo — «sem mim, nada
podeis fazer» (Jo 15,5) — precisa, paradoxalmente, também de nós: esse é o
significado dos sete pães e os poucos peixes que usará para alimentar a multidão
do povo. Se nos déssemos conta de como Jesus se apoia em nós, e do valor que
tem tudo o que fazemos para Ele, por pequeno que seja, nos esforçaríamos mais e
mais para Lhe corresponder com todo o nosso ser.
Pensamentos para o
Evangelho de hoje
«Doente, a nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser
reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era
preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à
luz» (São Gregório de Nissa).
«A Misericórdia é o segundo nome do Amor» (Francisco).
«A compaixão de Cristo (...) para com todos os que sofrem
vai ao ponto de identificar-Se com eles: «Estive doente e visitastes-Me» (Mt
25, 36). O seu amor de predileção para com os enfermos não cessou, ao longo dos
séculos, de despertar a atenção particular dos cristãos para aqueles que sofrem
no corpo ou na alma. Ele está na origem de incansáveis esforços para os
aliviar» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.503).
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm
* São sempre os mesmos elementos que compõem o
quadro do evangelho: Jesus, a montanha, o mar, a multidão, os doentes, os
necessitados, os problemas da vida. Apesar de já bem conhecidos, como o sol de
cada dia, estes mesmos elementos sempre trazem uma nova mensagem.
* Como Moisés, Jesus sobe a montanha e o povo
reúne ao redor. Eles trazem consigo seus problemas: os doentes, os coxos,
aleijados, cegos, mudos, tantos... Não são os grandes, mas os pequenos. Eles
são o começo do novo povo de Deus que se reúne ao redor do novo Moisés. Jesus
cura a todos.
* Jesus chama os discípulos. Ele sente compaixão
do povo que não têm o que comer. Para os discípulos, a solução deve vir de
fora: “Onde conseguir pão para tanta gente?” Para Jesus, a solução deve vir de
dentro do povo: “Quantos pães vocês têm?” – “Sete e uns peixinhos”. Com este
pouco Jesus matou a fome de todos, e ainda sobrou. Se houvesse partilha hoje,
não haveria fome no mundo. Sobrava, e muito! Realmente, um outro mundo é
possível!
* A narração da multiplicação dos pães evoca a
eucaristia e dela revela o valor, ao dizer: “Jesus tomou o pão em suas mãos,
deu graças, o partiu e deu aos seus discípulos”.
Para um confronto
pessoal
1. Jesus teve
compaixão. Existe compaixão em mim pelos problemas da humanidade? Faço algo?
2. Os discípulos
esperam a solução de fora. Jesus desperta para a solução de dentro. E eu?
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