São João Paulo II, papa
Salmo Responsorial: 118
R. Ensinai-me,
Senhor, os caminhos da vossa lei.
Ensinai-me o bem, o discernimento e a ciência, porque tenho
fé nos vossos mandamentos. Vós sois bom e generoso, ensinai-me os vossos
decretos.
Console-me a vossa bondade, segundo a promessa feita ao
vosso servo. Desçam sobre mim as vossas misericórdias e viverei, porque a vossa
lei faz as minhas delícias.
Jamais esquecerei os vossos decretos, porque neles me tendes
dado a vida. A Vós pertenço, sede o meu auxílio, porque sempre quis seguir os
vossos preceitos.
Aleluia. Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Aleluia.
Evangelho (Lc 12,54-59): Naquele tempo, Jesus
dizia também às multidões: Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo
dizeis que vem chuva. E assim acontece. Quando sentis soprar o vento sul, logo
dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. Hipócritas! Sabeis avaliar o
aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis avaliar o tempo presente? Por
que não julgais por vós mesmos o que é justo? Quando, pois, estás indo com teu
adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele
enquanto ainda a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao
oficial de justiça, e o oficial de justiça te jogará na prisão. Eu te digo:
dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo.
«Como é que não sabeis avaliar (...) o tempo presente? Por que não
julgais por vós mesmos o que é justo»
Rev. D. Frederic RÀFOLS i Vidal (Barcelona, Espanha)
O Concílio Vaticano II, na Constituição Gaudium et Spes (n.
4), atualiza o Evangelho de hoje: «Pesa sobre a Igreja o dever permanente de
escutar a fundo os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho
(...)». É preciso, portanto, conhecer e compreender o mundo em que vivemos e as
suas esperanças, as suas aspirações, o seu modo de ser, frequentemente
dramático.
Quando vemos a história, não nos custa muito assinalar as
ocasiões perdidas pela Igreja por não ter descoberto o momento que então se
vivia. Mas, Senhor: «Quantas ocasiões não teremos perdido agora por não
descobrir os sinais dos tempos ou, o que significa o mesmo, por não viver e
iluminar a problemática atual com a luz do Evangelho? Por que não julgais por
vós mesmos o que é justo?» (Lc 12,57), continua a recordar-nos hoje Jesus.
Não vivemos num mundo de maldade, ainda que também haja
bastante. Deus não abandonou o seu mundo. Como recordava São João da Cruz,
habitamos uma terra onde andou o próprio Deus e que ele encheu de formosura.
Santa Teresa de Calcutá captou os sinais dos tempos, e o tempo, o nosso tempo,
entendeu santa Teresa de Calcutá. Que ela nos estimule. Não deixemos de olhar
para o alto, sem perder de vista a terra.
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 12,54-55:
Todos sabem interpretar os aspectos do terra e do céu. “Jesus também dizia
às multidões: "Quando vocês veem uma nuvem vinda do ocidente, vocês logo
dizem que vem chuva; e assim acontece. Quando vocês sentem soprar o vento do
sul, vocês dizem que vai fazer calor; e assim acontece”. Jesus verbaliza uma
experiência humana universal. Todos e todas, cada qual no seu país e na sua
região, sabemos ler os aspectos do céu e da terra. O próprio corpo sente quando
ameaça chuva ou quando o tempo começa a mudar: “Vamos ter chuva!” Jesus se
refere à contemplação da natureza como sendo uma das fontes mais importantes do
conhecimento e da experiência que ele mesmo tinha de Deus. Foi a contemplação
da natureza que o ajudou a descobrir aspectos novos na fé e na história do seu
povo. Por exemplo, a chuva que cai sobre bons e maus, e o sol que nasce sobre
justos injustos, o ajudaram a formular uma das mensagens mais revolucionários:
“Amais os vossos inimigos!” (Mt 5,43-45).
* Lucas 12,56-57:
..., mas não sabem ler os sinais dos tempos. E Jesus tira a conclusão para
os seus contemporâneos e para todos nós: “Hipócritas! Vocês sabem interpretar o
aspecto da terra e do céu. Como é que vocês não sabem interpretar o tempo
presente?” Santo Agostinho dizia que a natureza, a criação, é o primeiro livro
que Deus escreveu. Por meio dela Deus nos fala. O pecado embaralhou as letras
do livro da natureza e, por isso, já não conseguimos ler a mensagem de Deus
estampada nas coisas da natureza e nos fatos da vida. A Bíblia, o segundo livro
de Deus, foi escrito não para ocupar ou substituir a Vida, mas para nos ajudar
a interpretar a natureza e a vida e aprender de novo a descobrir os apelos de
Deus nos acontecimentos. “Por que vocês não julgam por si mesmos o que é
justo?” Partilhando entre nós o que enxergamos na natureza, iremos descobrindo
o apelo de Deus na vida.
* Lucas 12,58-59: Saber
tirar a lição para a vida. “Quando,
pois, você está para se apresentar com seu adversário diante do magistrado,
procure resolver o caso com o adversário enquanto estão a caminho, senão este o
levará ao juiz, e o juiz entregará você ao guarda, e o guarda o jogará na
cadeia. Eu digo: daí você não sairá, enquanto não pagar o último centavo”. Um
dos pontos em que Jesus mais insistia é a reconciliação. Naquela época havia
muitas tensões e conflitos entre grupos radicais com tendências diferentes, sem
diálogo: zelotes, essênios, fariseus, saduceus, herodianos. Ninguém queria
ceder diante do outro. As palavras de Jesus sobre a reconciliação pedindo
acolhimento e compreensão iluminam esta situação. Pois o único pecado que Deus
não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso,
ele aconselha procurar a reconciliação antes que seja tarde demais! Quando
chegar a hora do julgamento, será tarde demais. Enquanto tiver tempo, procure
mudar de vida, de comportamento e de modo de pensar e procure acertar o passo
(cf. Mt 5,25-26; Col 3,13; Ef 4,32; Mc 11,25).
Para um confronto
pessoal
1) Ler os Sinais
dos Tempos. Quando escuto ou leio as notícias na TV ou nos jornais, tenho a
preocupação de perceber os apelos de Deus nesses fatos?
2) Reconciliar é
o pedido mais insistente de Jesus. Como procuro colaborar na reconciliação
entre as pessoas, as raças, os povos, as tendências?
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