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quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Sexta-feira da 29ª semana do Tempo Comum

 São João Paulo II, papa

1ª Leitura (Rom 7,18-25a): Irmãos: Eu sei que em mim, isto é, na minha natureza, não habita o bem, pois querer o bem está ao meu alcance, mas realizá-lo não está. Na verdade, não faço o bem, que quero, mas pratico o mal, que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu que o realizo, mas o pecado que habita em mim. Descubro pois em mim esta lei: ao querer fazer o bem, é o mal que está ao meu alcance. Sinto prazer na lei de Deus, segundo o homem interior. Mas vejo que há outra lei nos meus membros, que luta contra a lei da minha razão; ela torna-me escravo da lei do pecado, que está nos meus membros. Infeliz de mim! Quem me libertará deste corpo de morte? Deus, a quem dêmos graças, por Jesus Cristo, nosso Senhor.

Salmo Responsorial: 118

R. Ensinai-me, Senhor, os caminhos da vossa lei.

Ensinai-me o bem, o discernimento e a ciência, porque tenho fé nos vossos mandamentos. Vós sois bom e generoso, ensinai-me os vossos decretos.

Console-me a vossa bondade, segundo a promessa feita ao vosso servo. Desçam sobre mim as vossas misericórdias e viverei, porque a vossa lei faz as minhas delícias.

Jamais esquecerei os vossos decretos, porque neles me tendes dado a vida. A Vós pertenço, sede o meu auxílio, porque sempre quis seguir os vossos preceitos.

Aleluia. Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Aleluia.

Evangelho (Lc 12,54-59): Naquele tempo, Jesus dizia também às multidões: Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. Quando sentis soprar o vento sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. Hipócritas! Sabeis avaliar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis avaliar o tempo presente? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo? Quando, pois, estás indo com teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto ainda a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e o oficial de justiça te jogará na prisão. Eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo.

«Como é que não sabeis avaliar (...) o tempo presente? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo»

Rev. D. Frederic RÀFOLS i Vidal (Barcelona, Espanha)

Hoje, Jesus quer que levantemos os olhos para o céu. Esta manhã, depois de três dias de chuva persistente, o céu apareceu luminoso e claro num dos dias mais esplêndidos deste outono. Vamos entendendo o tema das mudanças do tempo, já que agora os meteorologistas são quase da família. Pelo contrário, custa-nos mais a entender em que tempo estamos ou vivemos: «Sabeis avaliar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis avaliar o tempo presente?». (Lc 12,56). Muitos dos que escutavam Jesus perderam uma oportunidade única na História de toda a Humanidade. Não viram em Jesus o Filho de Deus. Não perceberam o tempo, a hora da salvação.

O Concílio Vaticano II, na Constituição Gaudium et Spes (n. 4), atualiza o Evangelho de hoje: «Pesa sobre a Igreja o dever permanente de escutar a fundo os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho (...)». É preciso, portanto, conhecer e compreender o mundo em que vivemos e as suas esperanças, as suas aspirações, o seu modo de ser, frequentemente dramático.

Quando vemos a história, não nos custa muito assinalar as ocasiões perdidas pela Igreja por não ter descoberto o momento que então se vivia. Mas, Senhor: «Quantas ocasiões não teremos perdido agora por não descobrir os sinais dos tempos ou, o que significa o mesmo, por não viver e iluminar a problemática atual com a luz do Evangelho? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?» (Lc 12,57), continua a recordar-nos hoje Jesus.

Não vivemos num mundo de maldade, ainda que também haja bastante. Deus não abandonou o seu mundo. Como recordava São João da Cruz, habitamos uma terra onde andou o próprio Deus e que ele encheu de formosura. Santa Teresa de Calcutá captou os sinais dos tempos, e o tempo, o nosso tempo, entendeu santa Teresa de Calcutá. Que ela nos estimule. Não deixemos de olhar para o alto, sem perder de vista a terra.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje traz um apelo da parte de Jesus para aprendermos a ler os Sinais dos Tempos. Foi este texto que inspirou o Papa João XXIII a convocar a Igreja para prestar atenção aos Sinais dos Tempos e perceber melhor os apelos de Deus nos acontecimentos da história da humanidade.

* Lucas 12,54-55: Todos sabem interpretar os aspectos do terra e do céu. “Jesus também dizia às multidões: "Quando vocês veem uma nuvem vinda do ocidente, vocês logo dizem que vem chuva; e assim acontece. Quando vocês sentem soprar o vento do sul, vocês dizem que vai fazer calor; e assim acontece”. Jesus verbaliza uma experiência humana universal. Todos e todas, cada qual no seu país e na sua região, sabemos ler os aspectos do céu e da terra. O próprio corpo sente quando ameaça chuva ou quando o tempo começa a mudar: “Vamos ter chuva!” Jesus se refere à contemplação da natureza como sendo uma das fontes mais importantes do conhecimento e da experiência que ele mesmo tinha de Deus. Foi a contemplação da natureza que o ajudou a descobrir aspectos novos na fé e na história do seu povo. Por exemplo, a chuva que cai sobre bons e maus, e o sol que nasce sobre justos injustos, o ajudaram a formular uma das mensagens mais revolucionários: “Amais os vossos inimigos!” (Mt 5,43-45).

* Lucas 12,56-57: ..., mas não sabem ler os sinais dos tempos. E Jesus tira a conclusão para os seus contemporâneos e para todos nós: “Hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que vocês não sabem interpretar o tempo presente?” Santo Agostinho dizia que a natureza, a criação, é o primeiro livro que Deus escreveu. Por meio dela Deus nos fala. O pecado embaralhou as letras do livro da natureza e, por isso, já não conseguimos ler a mensagem de Deus estampada nas coisas da natureza e nos fatos da vida. A Bíblia, o segundo livro de Deus, foi escrito não para ocupar ou substituir a Vida, mas para nos ajudar a interpretar a natureza e a vida e aprender de novo a descobrir os apelos de Deus nos acontecimentos. “Por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo?” Partilhando entre nós o que enxergamos na natureza, iremos descobrindo o apelo de Deus na vida.

* Lucas 12,58-59: Saber tirar a lição para a vida.  “Quando, pois, você está para se apresentar com seu adversário diante do magistrado, procure resolver o caso com o adversário enquanto estão a caminho, senão este o levará ao juiz, e o juiz entregará você ao guarda, e o guarda o jogará na cadeia. Eu digo: daí você não sairá, enquanto não pagar o último centavo”. Um dos pontos em que Jesus mais insistia é a reconciliação. Naquela época havia muitas tensões e conflitos entre grupos radicais com tendências diferentes, sem diálogo: zelotes, essênios, fariseus, saduceus, herodianos. Ninguém queria ceder diante do outro. As palavras de Jesus sobre a reconciliação pedindo acolhimento e compreensão iluminam esta situação. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, ele aconselha procurar a reconciliação antes que seja tarde demais! Quando chegar a hora do julgamento, será tarde demais. Enquanto tiver tempo, procure mudar de vida, de comportamento e de modo de pensar e procure acertar o passo (cf. Mt 5,25-26; Col 3,13; Ef 4,32; Mc 11,25).

Para um confronto pessoal

1) Ler os Sinais dos Tempos. Quando escuto ou leio as notícias na TV ou nos jornais, tenho a preocupação de perceber os apelos de Deus nesses fatos?

2) Reconciliar é o pedido mais insistente de Jesus. Como procuro colaborar na reconciliação entre as pessoas, as raças, os povos, as tendências?

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