Salmo Responsorial: 68
R. O Senhor escuta o
clamor dos pobres.
Vós, humildes, olhai e alegrai-vos, buscai o Senhor e o
vosso coração se reanimará. O Senhor ouve os pobres e não despreza os cativos. Louvem-no
o céu e a terra, os mares e quanto neles se move.
Deus protegerá Sião, reconstruirá as cidades de Judá; e hão de
voltar a ocupá-la os cativos. Os seus servos a receberão em herança e nela hão de
morar os que amam o seu nome.
Aleluia. Bendito sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
revelastes aos pequeninos os mistérios do reino. Aleluia.
Evangelho (Lc 10,17-24): Naquele tempo, os setenta
e dois voltaram alegres, dizendo: «Senhor, até os demônios nos obedecem por
causa do teu nome». Jesus respondeu: «Eu vi Satanás cair do céu, como um
relâmpago. Eu vos dei o poder de pisar em cobras e escorpiões, e sobre toda a
força do inimigo. Nada vos poderá fazer mal. Contudo, não vos alegreis porque
os espíritos se submetem a vós. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão
escritos nos céus». Naquele mesma hora, Ele exultou no Espírito Santo e disse:
«Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos
sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu
agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, a não ser
o Pai; e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o
quiser revelar». E voltando—se para os discípulos em particular, disse-lhes:
«Felizes os olhos que veem o que vós estais vendo! Pois eu vos digo: muitos
profetas e reis quiseram ver o que vós estais vendo, e não viram; quiseram
ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».
«Ele exultou no Espírito Santo e disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu
e da terra»
+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)
Escreve Santo Agostinho: «Podemos levar algo melhor no
coração, pronunciá-lo com a boca, escrevê-lo com uma pena, que estas palavras:
Graças a Deus. Não há nada que se possa dizer com maior brevidade, nem escutar
com maior alegria, nem sentir-se com maior elevação, nem fazer com maior
utilidade». Assim devemos agir sempre com Deus e com o próximo, inclusive pelos
dons que desconhecemos, como escreveu São Josemaria Escrivá. Gratidão para com
os pais, os amigos, os professores, os companheiros. Para com todos os que nos
ajudem, nos estimulem, nos sirvam. Gratidão também, como é lógico, com nossa
Mãe, a Igreja.
A gratidão não é uma virtude muito usada ou frequente, no
entanto, é uma das que se experimentam com maior beneplácito. Devemos
reconhecer que, às vezes, não é fácil vive-la. Santa Teresa afirmava: «Tenho
uma condição tão agradecida que me subornariam com uma sardinha». Os santos têm
agido sempre assim. E o têm feito de três maneiras diferentes, como indicava
Santo Tomás de Aquino: primeiro, com o reconhecimento interior dos benefícios
recebidos; segundo, louvando externamente a Deus com a palavra; e, terceiro,
procurando recompensar ao bem feitor com obras, segundo as próprias
possibilidades.
Reflexão
Essa convicção não pode basear a alegria e o entusiasmo do
seu testemunho missionário; a alegria tem a sua raiz última em ser conhecidos e
amados por Deus. Isto não significa dizer que o ser protegidos por Deus e o
relacionamento com Ele sempre nos coloca em uma posição de vantagem diante das
forças demoníacas. Aqui entra a mediação de Jesus entre Deus e nós: "Eis
que eu vos dei o poder" (v. 19). O poder de Jesus é um poder que nos
permite experimentar o sucesso contra o poder demoníaco e nos protege. Um poder
que só pode ser transmitido quando Satanás é derrotado. Jesus assistiu a queda
de Satanás, mesmo se ainda não está definitivamente derrotado; para frustrar
esse poder de Satanás na terra são chamados os cristãos. Esses estão confiantes
da vitória, apesar do fato de que eles vivem em uma situação crítica: participam
da vitória na comunhão de amor com Cristo mesmo sendo provados pelo sofrimento
e morte. No entanto, o motivo da alegria, não está na certeza de escapar
ilesos, mas ser amados por Deus. A expressão de Jesus "seus nomes estão
escritos nos céus" testemunha que o estar presente no coração de Deus (a memória)
garante a continuidade de nossas vidas na dimensão da eternidade. O sucesso da
missão dos discípulos é uma consequência da derrota de Satanás, agora, mostra a
benevolência do Pai (vv. 21-22): o sucesso da Palavra de Graça na missão dos
setenta e dois, vivida como plano do Pai e na comunhão da ressurreição do
Filho, a partir de agora, é a demonstração da benevolência do Pai; a missão
torna-se um espaço para a revelação da vontade de Deus no tempo humano. Esta
experiência é transmitida por Lucas num contexto de oração: mostra de uma parte
a reação no céu ("Eu vou dar graças", v. 21) e de outra aquela sobre
a terra (vv. 23-24).
• A oração de
alegria. Na oração que Jesus dirigiu ao Pai, sob a ação do Espírito,
diz-se, que "exulta," exprime a abertura da alegria messiânica e
proclama a benevolência do Pai. Torna-se evidente nos pequenos, nos pobres e
naqueles que não contam para nada, porque acolheram a palavra transmitida pelos
enviados e por isso entram na relação entre as pessoas divinas da Trindade. Em
vez disso, os sábios e os doutos, por causa da sua segurança se alegram devido
à sua competência intelectual e teológica. Mas esta atitude impede-os de entrar
na dinâmica da salvação dada por Jesus. O ensinando que Lucas pretende
transmitir aos crentes individualmente, mas também às comunidades eclesiais,
podem ser da seguinte forma sintetizado: a humildade abre para a fé; a
suficiência das próprias seguranças fecha ao perdão, à luz, à benevolência de
Deus. A oração de Jesus tem seus efeitos sobre todos aqueles que se deixam ser
envolvidos pela benevolência do Pai.
Para um confronto
pessoal
1. A missão de
levar a vida de Deus para o outro envolve um estilo de vida pobre e humilde. A
sua vida é perpassada pela vida de Deus, pela Palavra da graça que vem de
Jesus?
2. Tenho
confiança no chamado de Deus e no seu poder, que precisa ser expressa através
da simplicidade, da pobreza e da humildade?
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