Salmo Responsorial Sl
131 (132), 6-7.9-10.13-14 (R. 8)
R: Levantai-Vos, Senhor, e entrai no
Vosso repouso, Vós e a Arca da vossa majestade.
Ouvimos
dizer que a Arca estava em Éfrata, nós a encontrámos nas campinas de Jaar. * Entremos
no santuário do Senhor, prostremo-nos a Seus pés.
Revistam-se
de justiça os Vossos sacerdotes, exultem de alegria os Vossos fiéis. * Por amor
de David, Vosso servo, não afasteis o rosto do Vosso Ungido.
O Senhor
escolheu Sião, preferiu-a para Sua morada. * «É este para sempre o lugar do Meu
repouso, aqui habitarei, pois o escolhi».
2ª Leitura (1 Cor 15,
54b-57) - Irmãos: Quando este nosso corpo
mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte
foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está
o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Mas
dêmos graças a Deus, que nos dá esta vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo.
S. Paulo,
na primeira carta aos fiéis de Corinto, proclama a fé na ressurreição de todos
nós, se nos esforçarmos por seguir os passos de Cristo.
Deus
concedeu-nos a vitória sobre a morte e Maria foi a primeira, depois de Jesus e
por privilégio singular, a receber esta graça.
«O aguilhão do pedado
é a morte». S.
Paulo apresenta a morte personificada, a picar com o ferrão, isto é, a exercer
o seu domínio sobre a humanidade: ao sermos feridos pelo pecado, morremos. Como
se vê, isto está dito de modo figurado. «A força do pecado é a Lei». A Lei de
Moisés, ao tornar mais patentes as obrigações, sem conceder a força para fazer
o bem, dava força ao pecado, isto é, tornava-se ocasião de pecado (cf. Rom 7,
7-8).
«A vitória por N. S.
J. Cristo»:
Jesus, dando pleno cumprimento à Lei antiga, que exigia a morte do pecador, não
só venceu a morte com a sua própria morte, como também arrebatou à morte o seu
poder mortífero – «o aguilhão» –, isto é, o pecado, que feria a humanidade e a
submetia à morte.
Aleluia. Felizes os
que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática. Aleluia.
Evangelho (Lc 11,
27-28): Naquele tempo, enquanto Jesus falava
à multidão, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: «Feliz
Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito». 28Mas Jesus
respondeu: «Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em
prática».
Com este
episódio começa a ter efetivação a previsão de Maria: todas as gerações me hão de
chamar bem-aventurada (Lc 1, 48).
Jesus não
contradiz o belo elogio dirigido a sua Mãe, mas aproveita a ocasião para fazer
ver que o que importa aos seus ouvintes não são os laços de sangue, mas que
ouçam e cumpram a Palavra de Deus. Pode ver-se aqui um elogio que Jesus faz ao
fiat («faça-se») de Maria (cf. Lc 1, 38).
– A Assunção gloriosa
de Maria, figurada no Antigo Testamento
«Finalmente,
a Virgem Imaculada, que fora preservada de toda a mancha da culpa original,
terminado o curso da sua vida terrena, foi levada à glória celeste em corpo e
alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo, para que se parecesse
mais com o seu Filho, Senhor dos senhores (cf. Ap. 19, 16) e vencedor do pecado
e da morte»1
Maria foi
elevada gloriosamente ao Céu em corpo e alma. É uma verdade de fé que nos
aparece simbolizada, em figura, num facto do Antigo Testamento.
A Assunção gloriosa de
Maria, figurada no Antigo Testamento
Maria, Arca
da Nova Aliança. «David reuniu em Jerusalém todo o povo de Israel a fim de
transportar a Arca do Senhor para o lugar que lhe tinha preparado». A Arca do
Antigo testamento foi construída segundo as indicações dadas pelo Senhor a
Moisés.
Transportava
as Tábuas da Lei recebidas no Sinai, um pouco de maná e outros objetos ligados
à história do Povo de Deus. Sobre ela brilhava a glória do Senhor e era a
presença sensível de Yhaveh no meio do Seu Povo.
Maria Imaculada é a
Arca da Nova Aliança.
É a obra mais perfeita que Deus criou: Comporta toda a perfeição possível a uma
criatura e foi ornada de privilégios singulares, em atenção a ter sido eleita
para Mãe do Redentor.
Transportou
em seu seio virginal, durante nove meses, o Filho de Deus – o Verbo Incarnado –
no meio do Seu Povo.
Guardou
generosamente em seu Coração a Palavra de Deus, para a meditar e transformar em
vida.
Como
poderia, então, o Senhor permitir que esta Arca santíssima fosse entregue à
corrupção e voragem do túmulo?
Entrou no Céu
glorificada no Céu.
«David mandou aos chefes dos Levitas que fizessem estar a postos os seus irmãos
cantores, com os instrumentos de música – alaúdes, harpas e címbalos – para que
entoassem bem alto as suas alegres melodias».
A nossa
imaginação limitada tenta reconstituir esse acolhimento glorioso de Maria em
Corpo e Alma.
A comunhão
com a Santíssima Trindade em que vivera na terra – Filha de Deus Pai, Mãe de
Deus Filho e Esposa de Deus Espírito Santo – torna-se agora ainda mais intensa,
porque cederam para sempre as barreias levantadas pelos sentidos na vida
terrena: Acolhem-na com a maior alegria S. José, seu esposo virginal, os Anjos,
os Patriarcas e os justos de todos os tempos.
Vivemos
hoje esta mesma alegria e comunhão, com a Igreja Universal – triunfante,
padecente e militante, por esta Celebração da Eucaristia.
Preparemo-nos
para ir ao seu encontro. «Depois, ofereceram diante de Deus holocaustos e
sacrifícios de paz.»
A verdadeira
devoção a Nossa Senhora exterioriza-se pelas nossas flores e Cânticos, mas
vivemo-la quando procuramos imitá-la, seguir o caminho que Ela seguiu,
caminhando ao seu encontro.
Aclamamo-la como cheia
de graça.
Procuremos viver na graça santificante e alimentar esta vida divina com os
Sacramentos.
Invocamo-la
como Virgem fidelíssima. A nossa fidelidade à vocação baptismal, concretizada,
depois, na vocação pessoal, é uma consequência da nossa devoção mariana.
Não podemos
evitar a corrupção do túmulo, mas podemos lutar por nos mantermos afastados do
contágio da corrupção moral. Nas horas mais difíceis, lembremo-nos de Ela
espera por nós.
O caminho da
glorificação de Maria
Não podemos
ficar como quem aplaude, ao lado do caminho, um cortejo que passa por nós. Esta
celebração é um convite insistente a que sigamos pelo seu caminho, a que A
acompanhemos, porque vamos a caminho da felicidade em que Ela se encontra.
Jesus
Cristo, depois de ter ouvido o elogio a Sua Mãe, de uma mulher anónima do povo,
ensina-nos como havemos de segui-la.
Acolher a Palavra de
Deus. «Felizes antes os que ouvem a palavra de Deus»
Como
poderíamos seguir o caminho do Céu que Jesus nos ensina, sem o conhecermos?
Precisamos urgentemente de formação doutrinal. A nossa piedade crescerá na
medida da formação que procurarmos adquirir.
Maria
ensina-nos a combater a ignorância religiosa, o maior inimigo de Deus no mundo
de hoje. A crise de fé e moral em que vivemos tem as sua origem nela. As
pessoas confundem facilmente religiosidade com verdadeiro cristianismo, vivido
em toda a sua exigência.
São muitas
as perguntas a que o cristão deve dar uma resposta concreta à luz da fé. Não
basta o bom senso para o fazer, e o Espírito Santo não quer alimentar a nossa
preguiça, substituindo-nos naquilo que podemos fazer.
Precisamos
urgentemente de estudar o catecismo e prestar atenção às respostas que o Santo
Padre e os Bispos vão dando aos problemas do nosso tempo. Uma piedade sem
doutrina cai facilmente num sentimentalismo estéril, sem qualquer influência no
nosso comportamento, numa separação entre as exigências da fé e a vida.
Deixar-se guiar pela
Palavra de Deus.
«Felizes antes os que (…) a guardam.» A fé, infundida em nós pelo Espírito
Santo, no Baptismo, e alimentada pela Palavra de Deus, deve ser vivida em todas
as circunstâncias, por uma luta ascética constante.
Para tornar
isto possível, recebemos as virtudes e os Dons do Espírito Santo os quais devem
produzir frutos.
Quando não
fazemos um esforço para sermos coerentes com a fé, agindo de acordo com ela,
acabamos por justificar o mal, o pecado. A fé enfraquece e acaba por se apagar.
Maria,
elevada ao Céu em Corpo e Alma, anima-nos continuamente a subir, a melhorar
espiritualmente, a sermos santos na situação em que nos encontramos, se ela
está de acordo com a Lei de Deus.
Promessa da nossa
ressurreição. A
Ressurreição de Jesus e a de Sua Mãe é promessa da nossa glorificação final. S.
Paulo recorda-nos esta verdade na primeira Carta aos fiéis de Corinto. «No fim
dos tempos, este nosso corpo corruptível ficará incorruptível, este nosso corpo
imortal ficará imortal.»
Seguindo
Nossa Senhora na vida, mesmo sem darmos por isso, caminhamos direta e fielmente
para a nossa glorificação eterna no Céu.
Há apenas
uma pequena diferença entre a glorificação de Maria e a nossa: Ela foi
glorificada em Corpo e Alma imediatamente depois de terminar a sua caminhada na
terra. O nosso corpo voltará ao pó de que foi formado, para ressuscitar e ser
revestido de glória no fim dos tempos.
Na Celebração da Eucaristia pedimos para esta verdade se realize em cada um de nós: «Anunciamos, Senhor, a Vossa vinda, proclamamos a Vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!»
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