Nossa Senhora das Neves
Salmo Responsorial: 94
R. Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações.
Vinde,
exultemos de alegria no Senhor, aclamemos a Deus, nosso salvador. Vamos à sua
presença e dêmos graças, ao som de cânticos aclamemos o Senhor.
Vinde,
prostremo-nos em terra, adoremos o Senhor que nos criou. Pois Ele é o nosso
Deus e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.
Quem dera
ouvísseis hoje a sua voz: «Não endureçais os vossos corações, como em Meriba,
como no dia de Massa no deserto, onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras».
Aleluia. Tu és Pedro e
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. Aleluia.
Evangelho (Mt
16,13-23): Jesus foi à região de Cesareia de
Filipe e ali perguntou aos discípulos: «Quem é que as pessoas dizem ser o Filho
do Homem? ». Eles responderam: «Alguns dizem que és João Batista; outros,
Elias; outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas». «E vós», retomou Jesus,
«quem dizeis que eu sou? ». Simão Pedro respondeu: «Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo». Jesus então declarou: « “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque
não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por
isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e
as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos
Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares
na terra será desligado nos céus». Em seguida, recomendou aos discípulos que
não dissessem a ninguém que ele era o Cristo. A partir de então, Jesus começou
a mostrar aos discípulos que era necessário ele ir a Jerusalém, sofrer muito da
parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia,
ressuscitar. Então Pedro o chamou de lado e começou a censurá-lo: «Deus não
permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!». Jesus, porém,
voltou-se para Pedro e disse: «Vai para trás de mim, satanás! Tu estás sendo
para mim uma pedra de tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim,
as dos homens!».
«Não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens!»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Rubí, Barcelona,
Espanha)
Devemos
agradecer aos evangelistas o fato de nos terem apresentado os primeiros
discípulos de Jesus tal como eram: não como personagens idealizados, mas como
gente de carne e osso, como nós, com as suas virtudes e os seus defeitos; esta
circunstância aproxima-os de nós e ajuda-nos a ver que o aperfeiçoamento na
vida cristã é um caminho que todos devemos fazer, pois ninguém nasce ensinado.
Dado que já
sabemos como foi a história, aceitamos que Jesus Cristo tenha sido o Messias
sofredor, profetizado por Isaías e tenha entregue a sua vida na cruz. O que
mais nos custa aceitar é que tenhamos de manter presente a sua obra a través do
mesmo caminho de entrega, renúncia e sacrifício. Imbuídos como estamos numa
sociedade que pugna pelo êxito rápido, por aprender sem esforço e de modo
divertido, e por conseguir o máximo aproveitamento com o mínimo de trabalho, é
fácil acabarmos vendo as coisas mais como os homens do que como Deus. Uma vez
recebido o Espírito Santo, Pedro aprendeu por onde passava o caminho que devia
seguir e viveu na esperança. «As tribulações do mundo estão cheias de penas e
vazias de prémio; mas as que se padecem por Deus ficam suavizadas com a
esperança de um prémio eterno» (Santo Efrem).
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Naquele tempo, as comunidades cultivavam
uma ligação afetiva muito forte com as lideranças que tinham dado origem à
comunidade. Por exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria cultivavam a sua
ligação com a pessoa de Pedro. As da Grécia, com a pessoa de Paulo. Algumas
comunidades da Ásia, com a pessoa do Discípulo Amado e outras com a pessoa de
João do Apocalipse. Uma identificação com estes líderes da sua origem ajudava
as comunidades a cultivar melhor a sua identidade e espiritualidade. Mas também
podia ser motivo de briga, como no caso da comunidade de Corinto (1 Cor
1,11-12).
* Mateus 16,13-16: As opiniões do
povo e dos discípulos a respeito de Jesus. Jesus faz um levantamento da opinião do povo a respeito
da sua pessoa, o Filho do Homem. As respostas são variadas: João Batista,
Elias, Jeremias, algum dos profetas. Quando Jesus pergunta pela opinião dos
discípulos, Pedro se torna porta-voz e diz: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo!” A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos já tinham dito a
mesma coisa (Mt 14,33). No Evangelho de João, a mesma profissão de fé é feita
por Marta (Jo 11,27). Ela significa que em Jesus se realizam as profecias do
Antigo Testamento.
* Mateus 16,17: A resposta de Jesus
a Pedro: "Feliz você, Pedro!" Jesus proclama Pedro “Feliz!”, porque recebeu uma
revelação do Pai. Aqui também a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente,
Jesus tinha louvado o Pai por ele ter revelado o Filho aos pequenos e não aos
sábios (Mt 11,25-27) e tinha feito a mesma proclamação de felicidade aos
discípulos por estarem vendo e ouvindo coisas novas que, antes deles, ninguém
conhecia nem tinha ouvido falar (Mt 13,16).
* Mateus 16,18-20: As atribuições de
Pedro: Ser pedra e tomar conta das chaves do Reino.
1.
Ser Pedra: Pedro deve ser pedra, isto é, deve ser fundamento firme para a
igreja a ponto de ela poder resistir contra as portas do inferno. Com estas
palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e
da Palestina que viam em Pedro a liderança marcante da sua origem. Apesar de
fraca e perseguida, a comunidade tem fundamento firme, garantido pela palavra
de Jesus. A função de ser pedra como fundamento da fé evoca a palavra de Deus
ao povo no exílio: “Vocês que buscam a Deus e procuram a justiça, olhem para a
rocha (pedra) de onde foram talhados, olhem para a pedreira de onde foram
extraídos. Olhem para Abraão seu pai e para Sara sua mãe. Quando os chamei,
eles eram um só, mas se multiplicaram por causa da minha bênção”. (Is 51,1-2).
Indica que em Pedro existe um novo começo do povo de Deus.
2. As chaves do Reino:
Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo poder de ligar e desligar é dado
também às comunidades (Mt 18,18) e aos outros discípulos (Jo 20,23). Um dos
pontos em que o evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação e o perdão.
É uma das tarefas mais importantes dos coordenadores e coordenadoras das
comunidades. Imitando Pedro, devem ligar e desligar, isto é, fazer com que haja
reconciliação, aceitação mútua, construção da fraternidade, até setenta vezes
sete (Mt 18,22).
* Mateus 16,21-22: Jesus completa o
que faltava na resposta de Pedro, e este reage. Jesus começou a dizer: “que devia ir
a Jerusalém, e sofrer muito da parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e
dos doutores da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar ao terceiro dia”.
Dizendo que devia ir e devia ser morto, ou que era necessário sofrer, ele
indicava que o sofrimento estava previsto nas profecias. O caminho do Messias
não é só de triunfe de glória, também de sofrimento e de cruz! Se Pedro aceita
Jesus como Messias e Filho de Deus, deverá aceitá-lo também como o Messias
Servo que vai ser morto. Mas Pedro não aceita a correção de Jesus e procura
dissuadi-lo. Levou Jesus para um lado, e o repreendeu, dizendo: "Deus não
permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!".
* Mateus 16,23: A resposta de Jesus
a Pedro: pedra de tropeço. A
resposta de Jesus é surpreendente. Pedro queria orientar Jesus tomando a
dianteira. Jesus reage: "Sai daqui para atrás de mim. Você é satanás e uma
pedra de tropeço para mim. Você não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos
homens!" Pedro deve seguir Jesus, e
não o contrário. É Jesus que dá a direção. Satanás é aquele que desvia a pessoa
do caminho traçado por Deus. Novamente, aparece a expressão pedra, mas agora em
sentido oposto. Pedro, ora é pedra de apoio, ora é pedra de tropeço! Assim eram
as comunidades da época de Mateus, marcadas pela ambiguidade. Assim, somos
todos nós e assim é, no dizer de João Paulo II, é o próprio papado, marcado
pela mesma ambiguidade de Pedro: pedra de apoio na fé e pedra de tropeço na fé.
Para um confronto pessoal
1. Quais as opiniões que na nossa comunidade existem
sobre Jesus? Estas diferenças na maneira de viver e expressar a fé enriquecem a
comunidade ou prejudicam a caminhada?
2. Que tipo de pedra é a nossa comunidade? Qual a missão
que resulta disso para nós?
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