Salmo Responsorial: 144
R. Aqueles que Vos
amam, Senhor, proclamem a glória do vosso reino.
Graças Vos deem, Senhor, todas as criaturas e bendigam-Vos os vossos fiéis. Proclamem a glória do vosso reino e anunciem os vossos feitos gloriosos;
Para darem a conhecer aos homens o vosso poder, a glória e o esplendor do vosso reino. O vosso reino é um reino eterno, o vosso domínio estende-se por todas as gerações.
O Senhor é justo em todos os seus caminhos, perfeito em
todas as suas obras. O Senhor está perto de quantos O invocam, de quantos O
invocam em verdade.
Aleluia. Senhor, Vós sois o Filho de Deus, Vós sois o Rei de Israel.
Aleluia.
Evangelho (Jo 1,45-51): Naquele tempo, Filipe
encontrou-se com Natanael e disse-lhe: «Encontramos Jesus, o filho de José, de
Nazaré, aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, bem como os Profetas».
Natanael perguntou: «De Nazaré pode sair algo de bom?». Filipe respondeu: «Vem
e vê!». Jesus viu Natanael que vinha ao seu encontro e declarou a respeito
dele: «Este é um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade!». Natanael
disse-lhe: «De onde me conheces?». Jesus respondeu: «Antes que Filipe te
chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi». Natanael exclamou:
«Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!». Jesus lhe respondeu:
«Estás crendo só porque falei que te vi debaixo da figueira? Verás coisas
maiores que estas». E disse-lhe ainda: «Em verdade, em verdade, vos digo:
vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do
Homem!».
«Vem e vê!»
Mons. Christoph BOCKAMP Vigário Regional do Opus Dei na Alemanha (Bonn, Alemanha)
Jesus encontra a Filipe casualmente e lhe diz «Segue-me» (Jo
1,43). Pouco depois, Filipe entusiasmado pelo encontro com Jesus Cristo,
procura o seu amigo Natanael para comunicar-lhe que —finalmente — encontrou a
quem Moisés e os profetas esperavam: «Jesus, o filho de José, de Nazaré» (Jo
1,45). A resposta que recebe não é entusiasta, senão céptica: «De Nazaré pode
sair algo de bom?» (Jo 1,46). Em quase o mundo todo acontece algo parecido. É
comum que em cada cidade, em cada vila se pense que da cidade, da vila vizinha
não pode sair nada que valha a pena... Lá são quase todos ineptos... E
vice-versa.
Mas Filipe, não se desanima. E como são amigos, não dá mais
explicações, e diz: «Vem e vê!» (Jo 1,46). Vai, e o seu primeiro encontro com
Jesus é o momento da sua vocação. O que aparentemente é uma casualidade, nos
planos de Deus já fazia tempo que estava preparado. Para Jesus, Natanael não é
um desconhecido: «Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da
figueira, eu te vi» (Jo 1,48). De qual figueira? Talvez tenha sido um lugar
preferido de Natanael onde acostumava se dirigir quando queria descansar,
pensar, estar sozinho... Embora sempre baixo a olhada amorosa de Deus. Como
todos os homens, em todo momento. Mas para perceber este amor infinito de Deus
para cada um, para estar consciente de que está na minha porta e chama preciso
de uma voz externa, um amigo, um “Filipe” que me diga: «Vem e vê!». Alguém que
me leve ao caminho que São Josemaria descreve assim: Procurar a Cristo; achar a
Cristo; amar a Cristo. E, a narração evangélica parece como o cumprimento da
parábola do fariseu e do publicano. (Lc 18,9-14). Humilde e sincero de coração,
o publicano orava no seu interior: «Meu Deus, tem compaixão de mim, que sou
pecador!»(Lc 18,13); e hoje contemplamos como Jesus Cristo perdoa e reabilita a
Zaqueu, o chefe de publicanos de Jericó, um homem rico e influente, mas odiado
e desprezado por os vizinhos, que se sentiam extorquidos por ele: Zaqueu, desce
depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa» (Lc 19,5). O perdão divino leva a
Zaqueu a se converter; hei aqui uma das originalidades do Evangelho: O perdão
de Deus e gratuito: não é tanto pela causa de nossa conversão que Deus nos
perdoa, senão que acontece ao contrário: A misericórdia de Deus nos move ao
agradecimento e a dar uma resposta.
Como naquela ocasião Jesus, no seu caminho a Jerusalém,
passava por Jericó. Hoje e cada dia, Jesus passa por nossa vida e nos chama por
nosso nome. Zaqueu não tinha visto nunca a Jesus, tinha ouvido falar Nele e
tinha curiosidade por saber quem era aquele mestre tão célebre. Jesus, porém,
sim conhecia a Zaqueu e as misérias da sua vida. Jesus sabia como tinha se
enriquecido e como era odiado e marginado pelos seus vizinhos; por isso, passou
por Jericó para tirá-lo desse poço. «O Filho do Homem veio procurar e salvar o
que estava perdido» (Lc 19,10).
O encontro do Mestre com o publicano mudou radicalmente a
vida deste último. Depois de ter ouvido o Evangelho, pense na oportunidade que
Deus lhe brinda hoje e que você não deve desaproveitar: Jesus passa por sua
vida e o chama por seu nome, porque lhe ama e quer lhe salvar, Em que poço está
preso? Assim como Zaqueu subiu a uma arvore para ver a Jesus, sobe você agora
com Jesus à arvore da cruz e saberá quem é Ele, conhecera a imensidade do seu
amor, já que «escolhe um chefe de publicanos: Quem desesperará de si mesmo
quando este alcança a graça?» (Santo Ambrósio).
Reflexão de Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* Jesus voltou para a Galileia. Encontrou
Filipe e o chamou: "Segue-me!" O objetivo do chamado é sempre o
mesmo: "seguir Jesus". Os primeiros cristãos fizeram questão de
conservar os nomes dos primeiros discípulos. De alguns conservaram até os
apelidos e o nome do lugar de origem. Filipe, André e Pedro eram de Betsaida
(Jo 1,44). Natanael era de Caná (Jo 22,2). Hoje, muitos esquecem os nomes das
pessoas que estão na origem da sua comunidade. Lembrar os nomes é uma forma de
conservar a identidade.
* Filipe encontra
Natanael e fala com ele sobre Jesus: "Encontramos aquele de quem
escreveram Moisés, na Lei, e os profetas! É Jesus, o filho de José, de
Nazaré!" Jesus é aquele para o qual apontava toda a história do Antigo
Testamento.
* Natanael pergunta:
"De Nazaré pode vir coisa boa?" Possivelmente, na pergunta dele
transparece a rivalidade que costuma existir entre as pequenas aldeias de uma
mesma região: Caná e Nazaré. Além disso, conforme o ensinamento oficial dos
escribas, o Messias viria de Belém na Judéia. Não podia vir de Nazaré na Galileia
(Jo 7,41-42). André dá a mesma resposta que Jesus tinha dado aos outros dois
discípulos: "Venha e veja você mesmo!" Não é impondo, mas sim vendo
que as pessoas se convencem. Novamente, o mesmo processo: encontrar,
experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus!
* Jesus vê Natanael e
diz: "Eis um israelita autêntico, sem falsidade!" E afirma que já
o conhecia quando estava debaixo da figueira. Como é que Natanael podia ser um
"israelita autêntico" se ele não aceitava Jesus como messias?
Natanael "estava debaixo da figueira". A figueira era o símbolo de
Israel (cf. Mq 4,4; Zc 3,10; 1Rs 5,5). Israelita autêntico é aquele que sabe
desfazer-se das suas próprias ideias quando percebe que elas estão em desacordo
com o projeto de Deus. O israelita que não está disposto a fazer esta conversão
não é autêntico nem honesto. Natanael é autêntico. Ele esperava o messias de
acordo com o ensinamento oficial da época (Jo 7,41-42.52). Por isso,
inicialmente, não aceitava um messias vindo de Nazaré. Mas o encontro com Jesus
ajudou-o a perceber que o projeto de Deus nem sempre é do jeito que a gente o
imagina ou deseja. Ele reconhece o seu engano, muda de ideia, aceita Jesus como
messias e confessa: "Mestre, tu és o filho de Deus, tu és o rei de
Israel!" A confissão de Natanael é apenas o começo. Quem for fiel, verá o
céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do Homem. Experimentará
que Jesus é a nova ligação entre Deus e nós, seres humanos. É a realização do sonho
de Jacó (Gn 28,10-22).
* A diversidade do
chamado. Os evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas apresentam o chamado dos
primeiros discípulos de maneira muito mais resumida: Jesus passa na praia,
chama Pedro e André. Logo depois, chama Tiago e João (Mc 1,16-20). O evangelho
de João tem um outro jeito de descrever o início da primeira comunidade que se
formou ao redor de Jesus. Ele traz histórias bem mais concretas. O que chama a
atenção é a variedade dos chamados e dos encontros das pessoas entre si e com
Jesus. Deste modo, João ensina como se deve fazer para iniciar uma comunidade.
É através de contatos e convites pessoais, até hoje! A uns, Jesus chamou
diretamente (Jo 1,43). A outros, indiretamente (Jo 1,41-42). Num dia, chamou
dois discípulos de João Batista (Jo 1,39). No dia seguinte, chamou Filipe que,
por sua vez, chamou Natanael (Jo 1,45). Nenhum chamado se repete, porque cada
pessoa é diferente. A gente nunca esquece os chamados e encontros importantes
que marcam a vida da gente. Lembra até a hora e o dia (Jo 1,39).
Para um confronto
pessoal
1. Você já teve
um encontro marcante na sua vida? Como foi que descobriu a chamada de Deus aí
dentro?
2. Você já se
interessou alguma vez, como Filipe, em chamar uma outra pessoa para participar
da comunidade?
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