domingo, 18 de julho de 2021

SOLENIDADE DE NOSSO PAI SANTO ELIAS, PROFETA.

O profeta Elias aparece nas Sagradas Escrituras como o homem de Deus que caminha na presença do Senhor, e que, abrasado de zelo, luta pela defesa do culto do único Deus verdadeiro. Defendeu os direitos de Deus num desafio público, realizado no monte Carmelo entre ele e os sacerdotes de Baal. Entregou-se à íntima experiência do Deus vivo no monte Horeb. Nele se inspiraram os primeiros eremitas que, por volta do séc. XII, iniciaram no Monte Carmelo um novo estilo de vida que originou a Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Por este motivo, o profeta Elias é considerado o Fundador ideal da Ordem.

1ª LEITURA: 1Rs 19,1-9.11-14 - Acab contou a Jezabel tudo que Elias tinha feito e como tinha passado ao fio da espada todos os profetas de Baal. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias para lhe dizer: “Os deuses me cumulem de castigos, se amanhã, a esta hora, eu não tiver feito contigo o mesmo que fizeste com a vida desses profetas”. Elias ficou com medo e, para salvar sua vida, partiu. Chegou a Bersabéia de Judá e ali deixou o seu servo. Depois, adentrou o deserto e caminhou o dia todo. Sentou-se, finalmente, debaixo de um junípero e pediu para si a morte, dizendo: “Agora basta, Senhor! Tira a minha vida, pois não sou melhor que meus pais”. E, deitando-se no chão, adormeceu à sombra do junípero. De repente, um anjo tocou-o e disse: “Levanta-te e come!” Ele abriu os olhos e viu junto à sua cabeça um pão assado na pedra e um jarro de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Mas o anjo do SENHOR veio pela segunda vez, tocou-o e disse: “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer”. Elias levantou-se, comeu e bebeu, e, com a força desse alimento, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus. Chegando ali, entrou numa gruta, onde passou a noite. Então a palavra do SENHOR veio a ele, dizendo: “Que fazes aqui, Elias?” Ele respondeu: “Estou ardendo de zelo pelo SENHOR, Deus dos exércitos, porque os israelitas abandonaram tua aliança, demoliram teus altares, mataram à espada teus profetas. Só eu escapei; mas agora querem matar-me também”. O SENHOR disse-lhe: “Sai e permanece sobre o monte diante do SENHOR”. Então o SENHOR passou. Antes do SENHOR, porém, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo, mas o SENHOR não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta. Ouviu, então, uma voz que dizia: “Que fazes aqui, Elias?”  Ele respondeu: “Estou ardendo de zelo pelo SENHOR, Deus dos exércitos, porque os israelitas abandonaram tua aliança, demoliram teus altares e mataram à espada teus profetas. Só eu escapei. Mas, agora, querem matar-me também”. – Palavra do Senhor.
 
SALMO DE MEDITAÇÃO
R. “És tu o meu Senhor, fora de ti não tenho bem algum”.
 
Diante dos meus olhos tenho presente o Senhor.
Protege-me, ó Deus: em ti me refugio.
Eu digo ao SENHOR: “És tu o meu Senhor,
Fora de ti não tenho bem algum”.
 
O SENHOR é a minha parte da herança e meu cálice.
Nas tuas mãos, a minha porção.
Para mim a sorte caiu em lugares deliciosos,
maravilhosa é minha herança.
 
Sempre coloco à minha frente o SENHOR,
Ele está à minha direita, não vacilo.
Disso se alegra meu coração, exulta a minha alma;
também meu corpo repousa seguro,
 
Pois não vais abandonar minha vida no sepulcro,
Nem vais deixar que teu santo experimente a corrupção,
O caminho da vida me indicarás,
alegria plena à tua direita, para sempre.
 
2ª LEITURA: 1Pd 1,8-12 - Sem terdes visto o Senhor, vós o amais. Sem que agora o estejais vendo, credes nele. Isto será para vós fonte de alegria inefável e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação.  Esta salvação tem sido objeto das investigações e meditações dos profetas. Eles profetizaram a respeito da graça que estava destinada para vós. Procuraram saber a que época e a que circunstâncias se referia o Espírito de Cristo, que estava neles, ao anunciar com antecedência os sofrimentos de Cristo e a glória que viria depois.  Foi-lhes revelado que não para si mesmos, mas para vós é que estavam ministrando esses ensinamentos, que agora são anunciados a vós. Agora vo-los anunciam aqueles que vos pregam a Boa Nova em virtude do Espírito Santo, enviado do céu; são revelações que até os anjos desejam contemplar!
 
Aleluia. “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!” Aleluia.

EVANGELHO: Lc 9,28B-36 - Naquele tempo, Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para orar. Enquanto orava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou branca e brilhante. Dois homens conversavam com ele: eram Moisés e Elias. Apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Quando acordaram, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. E enquanto esses homens iam se afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Nem sabia o que estava dizendo. Estava ainda falando, quando desceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Ao entrarem na nuvem, os discípulos ficaram cheios de temor. E da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!” Enquanto a voz ressoava, Jesus ficou sozinho. Os discípulos ficaram calados e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.
 
I- LEITURA (LECTIO) - O QUE DIZ O TEXTO?
CONHECER, RESPEITAR, SITUAR Ler, reler e confrontar passagens paralelas: Lucas 9, 28b-36;
Um breve olhar pode ajudar-nos de imediato a ver muitas semelhanças e algumas diferenças. Para isso leiamos, de novo, o texto, passo a passo:
 
QUANDO? CONTEXTO - Oito dias depois destas palavras: Mt e Mc falam de «seis dias».  São Lucas fala de «oito».  E acrescenta «depois destas palavras», ou mais literalmente “depois deste discurso” ou “depois destes acontecimentos”. 
 
Que acontecimentos:  Depois da primeira missão e do regresso dos Doze; depois da multiplicação...
 
Depois de que discurso? 
Oito dias depois de Jesus ter falado sobre a necessidade de o Filho do Homem sofrer, ser entregue e morrer, para ressuscitar (Lc.9,21-22) e depois de ter enunciado umas cinco máximas sobre o seguimento dos discípulos (Lc.9,23-27).  Em todos os evangelhos, a Transfiguração situa-se depois do primeiro anúncio da Paixão.  Em Lc.  na  frase  anterior  ao  relato  da  transfiguração falava-se de «ver o Reino de Deus», isto é, de reconhecer a realeza do Senhor Ressuscitado.  É o que de certo modo vai acontecer por antecipação, em visão.  A   expressão   «oito   dias   depois»   pode   sugerir-nos      as   aparições   do Ressuscitado. 
 
QUEM?  Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago: Repare-se na ordem dos três íntimos de Jesus, que é diversa da de Mt e Mc: Pedro, Tiago e João...
 
O QUE FAZEM? -  e subiu ao monte, para orar:  já sabemos do valor simbólico do monte, como lugar de revelação... Lucas precisa a finalidade da subida: «para orar». Aliás   é   muito   comum   em   São   Lucas   o   acento   na   Oração. A   própria transfiguração acontece, «enquanto orava».
 
O QUE ACONTECEU A JESUS? - Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes ficaram de   uma   brancura   refulgente.   Lucas   não   fala, como   Mt   e   Mc, de «transfiguração» ou de «metamorfose».  Diz apenas que o seu “rosto” se tornou outro, se tornou distinto do que tinha. Evoca a experiência de Moisés (Ex.34,29)   que, quando   saía   da   tenda, tinha   o   rosto resplandecente, iluminado pela glória de Deus.  O que os discípulos veem no seu rosto é a «glória de Deus».
 
QUEM FALA COM JESUS? - Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias: A referência a Moisés e Elias, que aparecem «em glória», prepara para o acolhimento de Jesus, como Palavra definitiva do Pai. Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas, todo o   Antigo   Testamento   e   acenam   para   Jesus, que   deverá   agora   ser   o «escutado».  No caminho de Emaús, Jesus retoma os textos da Lei e dos profetas   para   iluminar o   sentido   dos   acontecimentos   da   sua morte   e ressurreição (Lc.24, 27.32).
 
DE QUE FALAM? -  que, tendo aparecido em glória, falavam da «partida» de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém:  Lucas é o único que revela o conteúdo da conversa.  Literalmente, falam do «êxodo», da «partida», da «passagem» de Jesus para o Pai.  Falam afinal da sua morte, ressurreição e ascensão... Jerusalém é o lugar para onde tudo se encaminha. 
 
COMO REAGEM OS DISCÍPULOS? - Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus:  «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas:  uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que estava a dizer:  Temos aqui as reações dos discípulos, que vão do «sono pesado», ao «despertar» (da morte à vida) até ao desejo de permanecer ali.  É uma reação de sentimentos opostos e confusos, mas que denota a experiência real de quem segue Jesus entre o cansaço, a ilusão e o desejo de O seguir. Só Lucas diz que eles «viram a glória de Jesus», (cf.  II Pe.1,17-18) fizeram a experiência da sua Luz.  Tratam Jesus não por «Rabi», mas por «Mestre». Como Mc, Lc refere que Pedro não sabia o que estava a dizer. Era impossível deter a beleza da experiência que ali fizeram.
 
QUAL A REVELAÇÃO? DE QUEM PROCEDE? - Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O».  A cena é muito semelhante à do Batismo (Lc.3,22).  Trata-se de uma teofania. Deus manifesta-se. A nuvem, a sombra, aponta, para o cenário das grandes revelações.  Até então Jesus perguntara:  «Quem dizem os homens que Eu sou» (v.18). Agora é o próprio Pai que, como na Baptismo, o declara Filho seu, mas agora    seu “Eleito”.  O versículo 35 é o versículo chave desta revelação. Repare-se que não se diz «Filho muito amado» ou «Filho querido», mas «Eleito».  E diz que é «Este» e não outro.  E é a este Filho e não a Moisés ou a Elias que devemos escutar: “A Ele escutai», diz literalmente.  O foco de luz, de certo modo, passa de Moisés e Elias para se fixar unicamente em Jesus. 
 
QUE ACONTECE DEPOIS DE TUDO ISTO?
A JESUS - Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Jesus fica «isolado», só sobre Ele é que a luz «deste cenário» incide.  Ele é a Palavra definitiva do Pai. Moisés e Elias ficam em contraluz.
AOS DISCÍPULOS - Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto. O «segredo» é típico do Evangelho de Marcos e aparece   aqui, de   novo, «naqueles   dias»   ou   mais   literalmente   «por momentos». Teriam de passar pela Páscoa para poderem falar do assunto.
 
II-  MEDITAÇÃO (MEDITATIO) -
O QUE ME DIZ O SENHOR NESTE TEXTO? RUMINAR, ACTUALIZAR, DIALOGAR...
•Que valores profundos me evoca o texto?  Cruz e Luz.  Bênção, Oração e Paz... Alturas e profundidades... •Que sinto ou experimento, como reajo ao ler este texto? Sono? Espanto? Medo? Maravilha mento? 
•Sinto-me   envolvido   nesta   nuvem?   Sinto-me   a   morrer   de   sono, de cansaço...?  •Preciso de descansar para ficar sem «olheiras» e ficar de rosto luminoso? •Sinto-me diante de Jesus, como «Este» tudo que o Pai tem para dar? •Com que relaciono o texto? Com que acontecimentos de Cruz e de Luz na minha vida?
 
III-  ORAÇÃO (ORATIO) 
-  QUE DIGO EU AO SENHOR QUE ME FALA NESTE TEXTO? Suplicar, louvar, recitar •Em silêncio, pela palavra, pelo canto, pelo gesto, que digo ao Senhor? •Que palavras, canto, silêncio ou gesto me provoca a Palavra escutada? 
•Pode cantar-se «Este é o Meu Filho muito amado. Escutai-O. Escutai-O».
 
 IV. CONTEMPLAÇÃO (CONTEMPLATIO): ver, saborear, agir
a. “CUM-TEMPLUM”: é estar num lugar à parte; deixar-se possuir pela Palavra; deixar-se   abraçar   pelo   Absoluto   que   nos   toma   «à   parte».   Assim   a contemplação é como que: o retorno ao paraíso, dando-nos a consolação; a irrupção do divino na História; a visão panorâmica (teoria) de tudo à luz do Crucificado do Ressuscitado; Trata-se de saborear o texto e alimentar-se dele.
b.   CONSOLAÇÃO: que Dom me é concedido? Paz... Renovação... transformação...
Decisão (que fruto de vida sou chamado a viver?) 
 
- ACTIO Três condições que favorecem a transfiguração:
a) Oração...
b) Lectio Divina... 
c) Vontade de mudar:
O Pior obstáculo é não querer mudar! - Rom.12,2 Não vos acomodeis a este mundo.  Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito.Rom.8,29 Porque àqueles que Ele de antemão conheceu, também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que Ele é o primogênito de muitos irmãos.

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