Salmo Responsorial:
115
R. Bendito seja o Senhor por tudo
quanto fez por mim.
Como
agradecerei ao Senhor tudo quanto Ele me deu? Elevarei o cálice da salvação,
invocando o nome do Senhor.
Cumprirei
as minhas promessas ao Senhor na presença de todo o povo. É preciosa aos olhos
do Senhor a morte dos seus fiéis.
Senhor, sou
vosso servo, filho da vossa serva: quebrastes as minhas cadeias.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor, invocando, Senhor, o vosso nome.
Aleluia. As vossas
palavras, Senhor, são espírito e vida: Vós tendes palavras de vida eterna.
Aleluia.
Evangelho (Jo 6,60-69): Muitos
discípulos que o ouviram disseram então: «Esta palavra é dura. Quem consegue
escutá-la?». Percebendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso,
Jesus perguntou: «Isso vos escandaliza? Que será, então, quando virdes o Filho
do Homem subir para onde estava antes? O Espírito é que dá a vida. A carne para
nada serve. As palavras que vos falei são Espírito e são vida. Mas há alguns
entre vós que não creem». Jesus sabia desde o início quem eram os que
acreditavam e quem havia de entregá-lo. E acrescentou: «É por isso que eu vos
disse: ‘Ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai’». A
partir daquele momento, muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com
ele. Jesus disse aos Doze: «Vós também quereis ir embora?». Simão Pedro
respondeu: «A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos
firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus».
«Tu tens palavras de
vida eterna»
Rev. D. Jordi PASCUAL i Bancells (Salt, Girona,
Espanha)
Para
alguns, a sua linguagem é muito dura, incompreensível para a sua mentalidade
obtusa à Palavra salvadora do Senhor, São João diz – com uma certa tristeza-
que «A partir daquele momento, muitos discípulos o abandonaram e não mais
andavam com ele» (Jo 6,66). E o mesmo evangelista dá-nos uma pista para
entender a atitude destas pessoas: não acreditavam, não estavam dispostas a
aceitar os ensinamentos de Jesus, frequentemente incompreensíveis para eles.
Por outro
lado, vemos a reação dos Apóstolos, representada por Pedro: «A quem iremos,
Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos» (Jo 6,68-69). Não é que os
doze sejam mais inteligentes que os outros, nem tampouco melhores, nem sequer
mais expertos em temas de Bíblia; sim que são mais simples, mais confiados,
mais abertos ao Espírito, mais dóceis. Surpreendemo-lhes de quando em quando
nas páginas dos evangelhos, equivocando-se, não entendem a Jesus, discutem
sobre qual de eles é mais importante, corrigem o Mestre quando lhes anuncia a
sua paixão; mas sempre os encontramos ao seu lado, fieis. O seu segredo:
amavam-lhe de verdade.
Santo
Agostinho o expressa assim: «Não deixam sinais na alma os bons costumes, senão
os bons amores (...). Isto é em verdade o amor: obedecer e crer a quem amamos».
À luz deste Evangelho podemos perguntar-nos: onde tenho posto o meu amor? Que
fé e que obediência tenho no Senhor e no que a Igreja ensina? Que docilidade,
simplicidade e confiança vivo com as coisas de Deus?
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* João 6,60-63: Sem a luz do
Espírito não se entendem estas palavras. Muitos discípulos achavam que Jesus estava indo longe
demais! Estava acabando com a celebração da Páscoa e estava se colocando a si
mesmo no lugar mais central da Páscoa. Por isso, muita gente se desligou da
comunidade e não ia mais com Jesus. Jesus reage dizendo: "É o espírito que
dá vida, a carne para nada serve. As palavras que vos disse são espírito e
vida". Não devem tomar ao pé da letra as coisas que ele diz. Só mesmo com
a ajuda da luz do Espírito Santo é possível entender o sentido pleno de tudo
que Jesus falou (Jo 14,25-26; 16,12-13). Paulo dirá na carta aos coríntios: “A
letra mata, é o Espírito que dá vida à letra!” (2Cor 3,6).
* João 6,64-66: Alguns de vocês não
acreditam. Em seu
discurso Jesus tinha se apresentado como o alimento que sacia a fome e a sede
de todos aqueles e aquelas que buscam a Deus. No primeiro Êxodo, aconteceu a
prova de Meriba. Diante da fome e da sede no deserto, muitos duvidavam de que
Deus estivesse com eles: “Javé está ou não está no meio de nós?” (Ex 17,7) e
murmuravam contra Moisés (cf. Ex 17,2-3; 16,7-8). Queriam romper e voltar para
o Egito. Nesta mesma tentação caem os discípulos, duvidando da presença de
Jesus na partilha do pão. Diante das palavras de Jesus sobre “comer minha carne
e beber o meu sangue”, muitos murmuravam igual ao povo no deserto (Jo 6,60) e
tomam a decisão de romper com Jesus e com a comunidade, “voltavam atrás e já
não andavam mais com ele” (Jo 6,66).
* João 6,67-71: Confissão de Pedro.
No fim sobram só os doze. Diante da crise provocada por suas palavras e
seus gestos, Jesus se volta para seus amigos e amigas mais íntimos, aqui
representados pelos Doze, e diz para eles: "Se quiserem, podem ir
embora!" Jesus não faz questão de ter muita gente. Nem muda o discurso
quando a mensagem não agrada. Ele fala para revelar o Pai e não para agradar a
quem quer que seja. Prefere permanecer só, do que estar acompanhado por pessoas
que não se comprometem com o projeto do Pai. A resposta de Pedro é bonita:
"A quem iremos! Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos e
reconhecemos que tu és o Santo de Deus!” Mesmo sem entender tudo, Pedro aceita
Jesus como Messias e crê nele. Em nome do grupo ele professa sua fé no pão
partilhado e na palavra. Jesus é a palavra e o pão que saciam o novo povo de
Deus (Dt 8,3). Apesar de todos os seus limites, Pedro não é como Nicodemos que
queria ver tudo bem claro de acordo com as suas próprias ideias. Mesmo assim,
entre os doze havia quem não aceitava a proposta de Jesus. Neste círculo mais
íntimo existia um adversário (diabo) (Jo 6,70-71) “que come do meu pão, mas
levanta o calcanhar contra mim” (Sl 41,10; Jo 13,18).
Para um confronto pessoal
1) Coloco-me na posição de Pedro diante de Jesus. Que
resposta dou a Jesus que me pergunta: “Você também quer ir embora?”
2) Coloco-me na posição de Jesus. Hoje, muita gente está
deixando de andar com Jesus. Culpa de quem?
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