Domingo
do Bom Pastor
São
Marcos, Evangelista
Salmo Responsorial:
117
R. A pedra que os construtores
rejeitaram tornou-se pedra angular.
Dai graças
ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Mais vale
refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos homens. Mais vale refugiar-se no
Senhor, do que fiar-se nos poderosos.
Eu Vos
darei graças porque me ouvistes e fostes o meu Salvador. A pedra que os
construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor: é admirável
aos nossos olhos.
Bendito o
que vem em nome do Senhor, da casa do Senhor nós vos bendizemos. Vós sois o meu
Deus: eu vos darei graças. Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei. Dai graças ao
Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.
2ª Leitura (1Jo
3,1-2): Caríssimos: Vede que admirável amor
o Pai nos consagrou em nos chamarmos filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o
mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos
filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que,
na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos
como Ele é.
Aleluia. Eu sou o bom
pastor, diz o Senhor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas
conhecem-Me. Aleluia.
Evangelho (Jo
10,11-18): «Eu sou o bom pastor. O bom pastor
dá a vida por suas ovelhas. O mercenário, que não é pastor e a quem as ovelhas
não pertencem, vê o lobo chegar e foge; e o lobo as ataca e as dispersa. Por
ser apenas mercenário, ele não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor.
Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu
conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas, que
não são deste redil; também a essas devo conduzir, e elas escutarão a minha
voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. É por isso que o Pai me ama: porque
dou a minha vida. E assim, eu a recebo de novo. Ninguém me tira a vida, mas eu
a dou por própria vontade. Eu tenho poder de dá-la, como tenho poder de
recebê-la de novo. Tal é o encargo que recebi do meu Pai».
«Eu sou o bom pastor»
Mons. José Ángel SAIZ Meneses, Arcebispo de Sevilha (Sevilla,
Espanha)
Por outro
lado, Jesus, o Bom Pastor, conhece a suas ovelhas e lhes dá a vida eterna, de
tal maneira que não se perderão nunca e, além disso, ninguém vai tirá-las de
suas mãos. Cristo é o verdadeiro Bom Pastor que deu sua vida pelas ovelhas (cf.
Jo 10,11), por nós, imolando-se na cruz. Ele conhece suas ovelhas e suas
ovelhas o conhecem a Ele, como o Pai o conhece e Ele conhece o Pai. Não se
trata de um conhecimento superficial e externo, nem tão somente de um
conhecimento intelectual; trata-se de uma relação pessoal profunda, um
conhecimento integral, do coração, que acaba transformando-se em amizade,
porque esta é a consequência lógica da relação de quem ama e de quem é amado;
de quem sabe que pode confiar plenamente.
É Deus Pai
quem confiou o cuidado de suas ovelhas. Tudo é fruto do amor de Deus Pai
entregado a seu Filho Jesus Cristo. Jesus cumpre a missão que seu pai lhe
encomendou, que é a cura de suas ovelhas, com uma fidelidade que não permitirá
que ninguém as arrebate de sua mão, com um amor que o leva a dar a vida por
elas, em comunhão com o Padre porque «Eu e o Pai somos um» (Jo 10,30).
Eis aqui
exatamente onde radica a fonte de nossa esperança: em Cristo Bom Pastor a quem
queremos seguir e a voz de quem escutamos porque sabemos que só nele se
encontra a vida eterna. Aqui encontramos a força ante as dificuldades da vida,
nós, que somos um rebanho débil e que estamos submetidos a diversas tribulações.
«Eu sou o bom pastor»
+ Rev. D. Josep VALL i Mundó (Barcelona, Espanha)
Através dos
pastores, Cristo dá sua Palavra, reparte sua graça nos sacramentos e conduz o
rebanho para o Reino: Ele mesmo se entrega como alimento no sacramento da
Eucaristia, e comunica a Palavra de Deus e o seu Magistério, e guia com
solicitude o seu Povo. Jesus tem procurado para sua Igreja pastores segundo seu
coração, quer dizer, homens que, impessoalizando-o pelo Sacramento da Ordem,
doem sua vida pelas ovelhas, com caridade pastoral, –com humilde espírito de
serviço, com clemência, paciência e fortaleza. Santo Agostinho falava frequentemente
desta exigente responsabilidade do pastor: «Esta honra de ser pastor me tem
preocupado (...), mas lá onde me aterra o fato de que sou para vocês, me
consola o fato de que estou entre vocês (...). Sou bispo para vocês, sou
cristão com vocês».
E cada um
de nós, cristãos, trabalhamos apoiando os pastores, rezamos por eles,
amamos-lhes e obedecemos-lhes. Também somos pastores para os irmãos,
enriquecendo-os com a graça e a doutrina que temos recebido, compartindo
preocupações e alegrias, ajudando todo o mundo com o coração. Interessamo-nos
por todos aqueles que nos rodeiam no mundo familiar, social e profissional até
dar a vida por todos com o mesmo espírito de Cristo, que veio ao mundo «Pois o
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em
resgate por muitos» (Mt, 20,28).
“Conheço as minhas
ovelhas”
11-18 «Eu sou o Bom Pastor»: a descrição da figura do Bom Pastor
não é original, mas decalcada em Ezequiel 34, 1-31 e 37, 16ss; a novidade está
em dar a vida pelas suas ovelhas (vv. 11 e 15). Assim, Jesus aparece a
revelar-se como Deus incarnado, dando cumprimento ao anúncio profético: Eu
próprio cuidarei do meu rebanho e velarei por ele (cf. Ez 34, 11.12-13.15.16.20.22.31).
Deus aparece frequentemente na Escritura como o Pastor de Israel (cf. Gn 49,
24; Sl 23; 78, 52; 80, 2; Is 40, 11;Jer 31, 10…). Jesus como o Bom Pastor é uma
das mais comovedoras revelações do Novo Testamento (cf. Mt 18, 12-14; Lc 15,
4-7; 1 Pe 2, 25; 5, 4…).
12 «O mercenário». A propósito desta figura, pergunta
e responde Santo Agostinho: «Quem é o mercenário que vê vir o lobo e foge. É o
que «procura os seus interesses, e não os que pertencem a Jesus Cristo». São os
que se não atrevem a repreender desassombradamente o que peca. […] Ó
mercenário, viste vir o lobo, e fugiste… Debandaste porque calaste; calaste
porque receaste. O temor é a fuga da alma» (In Jo. Ev. Tractatus, LXVI, 8).
16 «Tenho ainda outras ovelhas». São certamente os gentios, não os
judeus da diáspora. Também a elas se dirige a missão de Jesus através dos seus
mensageiros que há de enviar a todo o mundo (cf. Mt 28, 19-20). Estes enviados
– lembrar que é hoje o dia mundial de oração pelas vocações – permitirão que se
venha a constituir um só rebanho: a Igreja universal (católica) que congregue
todos os redimidos dos quais Jesus é o Senhor, o único Pastor.
Com a
figura do Bom Pastor Jesus quer manifestar o Seu amor, o Seu cuidado por cada
um de nós.
Ele
conhece-nos, chama-nos pelo nome, vai à nossa frente a indicar-nos o caminho
seguro, alimenta as nossas almas em pastagens verdejantes.
Vós e eu
temos de procurar segui-Lo como as ovelhas ao Seu pastor, imitando a sua vida,
a Sua maneira de trabalhar, de rezar, de tratar com os que nos rodeiam.
Temos de
procurar conhecê-Lo sempre mais, estar atentos aos Seus chamamentos, meditando
a Sua doutrina, obedecendo fielmente aos Seus ensinamentos.
Temos de
preocupar-nos também com a salvação dos que nos rodeiam, como as ovelhas que
seguem compactas o seu pastor. Com os seus balidos servem de sinal para as que
se afastam e se tresmalham. «Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil
e é preciso que escutem a minha voz» (Ev.).
Temos de
ter o cuidado pela salvação de todos os homens. O Senhor conta com a nossa
colaboração. Não só dos sacerdotes mas também de todos os fiéis. Foi assim
desde o princípio, depois das primeiras perseguições em Jerusalém. Foi assim em
todo o Império Romano. Não foi somente Paulo que pregou a Boa Nova. Nas suas
cartas refere o nome de muitos cristãos, homens e mulheres, que trabalhavam
pelo Evangelho.
O Senhor
quis precisar de modo especial dos sacerdotes. Ao enviar os Seus discípulos em
pregação dois a dois lembra-lhes: «a messe é grande e os operários são poucos.
Pedi ao dono da messe que mande operários para a Sua messe» (Lc 10, 2). Da
nossa oração depende a abundância de vocações para o sacerdócio, para a vida
religiosa e missionária.
Temos de pedir ao Senhor novos Paulos para a Sua Igreja: jovens decididos a deixar tudo, enamorados de Cristo, para levarem a alegria da Boa Nova a toda a parte.
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