São
Teotônio de Coimbra, Presbítero
Salmo Responsorial: 1
R. É feliz quem a Deus se confia!
Feliz é
todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no
caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu
prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele
é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá
seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o
que ele faz vai prosperar.
Mas bem
outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada
e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos
malvados leva à morte.
Convertei-vos, nos diz
o Senhor, está próximo o reino de Deus!
Evangelho (Lc
9,22-25): Naquele
tempo, Jesus disse: «É necessário que o Filho do homem
padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos e dos escribas, e seja
morto, e ressuscite ao terceiro dia. E dizia a todos: Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque,
qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor
de mim, perder a sua vida, a salvará. Porque, que aproveita ao homem granjear o
mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?».
«Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me»
Frei Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
Sua senda é
o Caminho da Cruz e da morte, mas também o de sua glorificação: «E acrescentou:
«O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes
dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro
dia» (Lc 9,22). Nossa senda, não é essencialmente diferente da de Jesus, e nos
assinala qual é a maneira de segui-lo: «Depois Jesus disse a todos: «Se alguém
quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga» (Lc
9,23).
Abraçado a
sua Cruz, Jesus seguia a Vontade do Pai; nós, carregando a nossa sobre os
ombros, o acompanhamos em sua Via Crucis.
O caminho
de Jesus se resume em três palavras: sofrimento, morte, ressurreição. Nosso
Sendero também é constituído por três aspectos (duas atitudes e a essência da
vocação cristã): negarmos a nós mesmos, tomar cada dia a cruz e acompanhar a
Jesus.
Se alguém
não se nega a si mesmo e não toma a cruz, quer afirmar-se e ser o mesmo, quer
«salvar sua vida», como diz Jesus. Mas, querendo salvá-la, a perderá. Em
compensação, quem não se esforça por evitar o sofrimento e a cruz, por causa de
Jesus, salvará sua vida. É o paradoxo do seguimento de Jesus: «De fato, que
adianta um homem ganhar o mundo inteiro, se perde e destrói a si mesmo?» (Lc
9,25).
Esta
palavra do Senhor, que encerra o Evangelho de hoje, agitou o coração de Santo
Inácio e provocou sua conversão: «Que aconteceria se eu fizesse o que fez São
Francisco e isso que fez São Domingos?». Tomara que nesta Quaresma a mesma
palavra nos ajude também a converter-nos!
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Pouco antes em Lucas 9,18-21, Jesus tinha perguntado:
“Quem diz o povo que eu sou?”. Eles responderam relatando as várias opiniões: -
“João Batista”. - “Elias ou um dos
antigos profetas”. Depois de ouvir as opiniões dos outros, Jesus perguntou: “E
vocês, quem dizem que eu sou?”. Pedro respondeu: “O Cristo de Deus!”, ou seja,
o senhor é aquele que o povo está esperando! Jesus concordou com Pedro, mas
proibiu de falar sobre isto ao povo. Por que Jesus proibiu? É que naquele tempo
todos esperavam o messias, mas cada um do seu jeito: uns como rei, outros como
sacerdote, doutor, guerreiro, juiz, ou profeta! Jesus pensa diferente. Ele se
identifica com o messias servidor e sofredor, anunciado por Isaías (Is 42,1-9;
52,13-53,12).
* O primeiro anúncio da paixão.
Jesus começa a ensinar que ele é o Messias
Servidor e afirma que, como o Messias Servidor anunciado por Isaías, será preso
e morto no exercício da sua missão de justiça (Is 49,4-9; 53,1-12). Lucas
costuma seguir o evangelho de Marcos, mas aqui ele omitiu a reação de Pedro que
desaconselhava Jesus de pensar no messias sofredor e omitiu também a dura
resposta: “Vá embora Satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as dos
homens!” Satanás é uma palavra hebraica que significa acusador, aquele que
afasta os outros do caminho de Deus. Jesus não permite que Pedro o afaste da
sua missão.
* Condições para seguir Jesus.
Jesus tira
as conclusões que valem até hoje: Quem quiser vir após mim, renegue-se a si
mesmo, tome sua cruz e siga-me! Naquele tempo, a cruz era a pena de morte que o
império romano impunha aos criminosos e marginais. Tomar a cruz e carregá-la
atrás de Jesus era o mesmo que aceitar ser marginalizado pelo sistema injusto
que legitimava a injustiça. Era o mesmo que romper com o sistema. Como dizia
Paulo na carta aos Gálatas: “O mundo é um crucificado para mim, e eu um
crucificado para o mundo” (Gl 6,14). A Cruz não é fatalismo, nem é exigência do
Pai. A Cruz é a consequência do compromisso livremente assumido por Jesus de
revelar a Boa Nova de que Deus é Pai e que, portanto, todos e todas devem ser
aceitos e tratados como irmãos e irmãs. Por causa deste anúncio revolucionário,
ele foi perseguido e não teve medo de dar a sua vida. Prova de amor maior não
há, que doar a vida pelo irmão.
Para um confronto pessoal
1) Todos esperavam o messias, cada um do seu jeito. Qual
o messias que eu espero e que o povo hoje espera?
2) A condição para seguir Jesus é a cruz. Como me situo
frente às cruzes da vida?
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