São
Brás, Bispo e Mártir
Salmo Responsorial:
102, 1-2.13-14.17a e 18
R. A misericórdia do Senhor
permanece para sempre sobre aqueles que O temem.
Bendiz, ó
minha alma, o Senhor e todo o meu ser bendiga o seu nome santo. Bendiz, ó minha
alma, o Senhor e não esqueças nenhum dos seus benefícios.
Como um pai
se compadece dos seus filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem. Ele
sabe de que somos formados e não Se esquece que somos pó da terra.
A bondade
do Senhor permanece para sempre sobre aqueles que O temem, sobre aqueles que
guardam a sua aliança e se lembram de cumprir os seus preceitos.
Aleluia. As minhas
ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor; Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho (Mc 6,1-6): Saindo
dali, Jesus foi para sua própria terra. Seus discípulos o acompanhavam. No
sábado, ele começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam se
admiravam. «De onde lhe vem isso?», diziam. “Que sabedoria é esta que lhe foi
dada? E esses milagres realizados por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, o
filho de Maria, irmão de Tiago, Joset, Judas e Simão? E suas irmãs não estão
aqui conosco?» E ele se tornou para eles uma pedra de tropeço. Jesus, então,
dizia-lhes: «Um profeta só não é valorizado na sua própria terra, entre os
parentes e na própria casa». E não conseguia fazer ali nenhum milagre, a não
ser impor as mãos a uns poucos doentes. Ele se admirava da incredulidade deles.
E percorria os povoados da região, ensinando.
«De onde lhe vem isso?
E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas
mãos?»
Rev. D. Miquel MASATS i Roca (Girona, Espanha)
Deus nos
fala também hoje mediante a Escritura. Na sinagoga se leem as Escrituras e,
depois, um dos entendidos se ocupava de comentá-las, mostrando seu sentido e a
mensagem que Deus quer transmitir através delas. Atribui-se a Santo Agostinho a
seguinte reflexão: «Assim como em oração nós falamos com Deus, na leitura é
Deus quem nos fala».
O fato de
que Jesus, Filho de Deus, seja conhecido entre seus concidadãos por seu
trabalho, nos oferece uma perspectiva insuspeitada para nossa vida ordinária. O
trabalho profissional de cada um de nós é meio de encontro com Deus e,
portanto, realidade santificável e santificadora. Com palavras de São Josémaria
Escrivá: «Vossa vocação humana é parte, e parte importante, de vossa vocação
divina. Esta é a razão pela qual devemos santificá-lo contribuindo ao mesmo
tempo, à santificação dos outros, de vossos semelhantes, santificando vosso
trabalho e vosso ambiente: essa profissão ou oficio que enche vossos dias, que
dá fisionomia peculiar a vossa personalidade humana, que é vossa maneira de
estar no mundo; esse lar, essa vossa família; e essa nação, em que nascestes e
a que amas».
Acaba a
passagem do Evangelho dizendo que Jesus «Não pôde fazer ali milagre algum.
Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Admirava-se ele da
desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas» (Mc
6,5-6). Também hoje o Senhor nos pede mais fé Nele para realizar coisas que
superam nossas possibilidades humanas. Os milagres manifestam o poder de Deus e
a necessidade que temos Dele na nossa vida de cada dia.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
* Marcos 6,1-2ª: Jesus volta para
Nazaré
“Jesus foi para Nazaré, sua terra, e seus
discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, Jesus começou a ensinar na
sinagoga”. Sempre é bom voltar para a terra da gente e reencontrar as pessoas
amigas. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de
sábado, foi na sinagoga participar da reunião da comunidade. Jesus não era
coordenador da comunidade, mesmo assim ele tomou a palavra e começou a ensinar.
Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião.
* Marcos 6,2b-3: Reação do povo de
Nazaré frente a Jesus.
O povo de
Cafarnaum tinha aceitado o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas o povo de Nazaré
não gostou das palavras de Jesus e ficou escandalizado. Motivo? Jesus, o moço
que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente?
Eles não aceitaram o mistério de Deus presente em Jesus, um ser humano comum
como eles, conhecido de todos! Para poder falar de Deus ele teria que ser
diferente deles! Como se vê, nem tudo foi bem sucedido para Jesus. As pessoas
que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas eram as que mais se
recusavam a aceitá-la. O conflito não era só com os de fora de casa, mas também
e sobretudo com os próprios parentes e o povo de Nazaré. Eles se recusaram a
crer em Jesus, porque não conseguiam entender o mistério de Deus que envolvia a
pessoa de Jesus: “De onde lhe vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta
sabedoria? Ele não é o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de Joset,
de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?” Não deram conta de
crer em Jesus!
* Os irmãos e as irmãs de Jesus. A expressão “irmãos de Jesus” é
causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em
outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que
Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O
que pensar disso? Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como
dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas
respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com
argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver
com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue
desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não
concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em
vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes,
deveríamos unir-nos para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão
desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar
algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham
em abundância” (Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu,
Pai, me enviaste” (Jo 17,21). “Quem não é contra nós é a favor” (Mc 10,39.40).
* Marcos 6,4-6. Reação de Jesus
diante da atitude do povo de Nazaré.
Jesus sabe
muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: “Um profeta só não é
estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família!” De fato,
onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o
impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada e ele ficou admirado da
falta de fé deles. Por isso, diante da porta fechada da sua própria comunidade,
ele “começou a percorrer as redondezas, ensinando nos povoados”. A experiência
de rejeição levou Jesus a mudar sua prática. Ele se dirige aos outros povoados
e, como veremos no evangelho de amanhã, ele envolve os discípulos na missão
dando instruções de como devem dar continuidade à missão.
Para um confronto pessoal
1. Jesus teve problemas com seus parentes e com a sua
comunidade. Desde que você começou a viver melhor o evangelho, alguma coisa
mudou no seu relacionamento com a sua família e seus parentes?
2. Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré porque
faltou a fé. E hoje, será que ele encontraria fé em nós, em mim?
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