Salmo Responsorial:
115
R. Andarei na presença do Senhor
sobre a terra dos vivos.
Confiei no
Senhor, mesmo quando disse: «Sou um homem de todo infeliz». É preciosa aos
olhos do Senhor a morte dos seus fiéis.
Senhor, sou
vosso servo, filho da vossa serva: quebrastes as minhas cadeias.
Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor, invocando, Senhor, o vosso nome.
Cumprirei
as minhas promessas ao Senhor na presença de todo o povo, nos átrios da casa do
Senhor, dentro dos teus muros, Jerusalém.
2ª Leitura (Rm
8,31b-34): Irmãos: Se Deus está por nós, quem
estará contra nós? Deus, que não poupou o seu próprio Filho, mas O entregou à
morte por todos nós, como não havia de nos dar, com Ele, todas as coisas? Quem
acusará os eleitos de Deus, se Deus os justifica? E quem os condenará, se
Cristo morreu e, mais ainda, ressuscitou, está à direita de Deus e intercede
por nós?
No meio da nuvem
luminosa, ouviu-se a voz do Pai: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O».
Evangelho (Mc 9,2-10):
Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e
João e os fez subir a um lugar retirado, no alto de uma montanha, a sós. Lá,
ele foi transfigurado diante deles. Sua roupa ficou muito brilhante, tão branca
como nenhuma lavadeira na terra conseguiria torná-la assim. Apareceram-lhes
Elias e Moisés, conversando com Jesus. Pedro então tomou a palavra e disse a
Jesus: «Rabi, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra
para Moisés e outra para Elias». Na realidade, não sabia o que devia falar,
pois eles estavam tomados de medo. Desceu, então, uma nuvem, cobrindo-os com
sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: «Este é o meu Filho amado. Escutai-o!». E,
de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém: só Jesus estava com eles.
Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que
tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. Eles ficaram
pensando nesta palavra e discutiam entre si o que significaria esse
“ressuscitar dos mortos”.
«Ele foi transfigurado
diante deles»
Rev. D. Jaume GONZÁLEZ i Padrós (Barcelona, Espanha)
É bom que
seja o nosso exercício de quaresma acolher este estalido de sol e de luz no
rosto e nos vestidos de Jesus. É um maravilhoso ícone da humanidade redimida,
que já não se apresenta na feia imagem do pecado, senão em toda a beleza que a
divindade comunica à nossa carne. O bem-estar de Pedro é expressão do que um
sente quando se deixa invadir pela graça divina.
O Espírito
Santo transfigura também os sentidos dos Apóstolos, e graças a isto podem ver a
glória divina do Homem Jesus. Olhos transfigurados para ver o que resplandece
mais; ouvidos transfigurados para escutar a voz mais sublime e verdadeira: a do
Pai que põem a sua complacência no Filho. Para nós tudo resulta demasiado
surpreendente, já que nos encontramos na mediocridade. Só se nos deixamos tocar
pelo Senhor, nossos sentidos serão capazes de ver e de escutar o que há de mais
belo e gozoso, em Deus, e nos homens divinizados por Aquele que ressuscitou
dentre os mortos.
«A
espiritualidade cristã —escreveu João Paulo II— tem como característica o dever
do discípulo de configurar-se cada vez mais plenamente com o seu Mestre», de
tal maneira que —a través de uma assiduidade que poderíamos chamar “amizade” —
chegarmos até ao ponto de «respirar seus sentimentos». Ponhamo-nos nas mãos de
Santa Maria a meta da nossa verdadeira “transfiguração” em seu Filho Jesus
Cristo.
Por que
Deus nos faz subir tantos montes na vida? O que existe detrás ou em cima desses
montes?
Pe. Antonio Rivero, L.C
Em primeiro
lugar, vejamos alguns dos montes do Antigo Testamento. Faz Abraão subir o monte
Moriá (cf. Gn 22), onde lhe pede pegar o seu filho único, subir esse monte e
sacrificar esse filho; oferece-lhe em troca, a sua benção e a fecundidade na
descendência. Deus fez Moises subir o monte Sinai (cf. Ex 3 e 4; 19 e 20) onde
pediu que tirasse as sandálias, ir ao faraó e libertar o seu povo da escravidão
do Egito; e ao mesmo tempo, Deus lhe oferece e segurança da sua presença e a
promessa da terra prometida. Elias sobe o monte Carmelo, e ai Deus pede para
ele fazer converterem-se os que se afastaram de Deus e andam servindo os
“baais” ou deuses falsos; também ali Elias põe à prova e deixa no chão esses
falsos deuses e manda matar esses falsos profetas que os servem. Deus lhe
oferece a segurança no triunfo e no seu poder e na sua força.
Em segundo
lugar, vejamos os montes mais importantes os quais Jesus nos convida subir.
Hoje Jesus sobe o monte Tabor, onde manifesta a sua glória e dá alento aos seus
íntimos para enfrentar o gole amargo da Paixão e não se escandalizam Dele- quem
veem aqui com o rosto transfigurado- quando o vejam com o rosto desfigurado. É
uma pregustar do que será o céu. E dentro de uns dias, o Pai celeste fará Jesus
subir o monte Calvário para resgatar a humanidade do pecado e nos conceder uma
nova vida, através da sua morte e da sua ressurreição. E Jesus obedece e
oferece livremente a sua vida, embora isto suponha ver o seu corpo destroçado,
o seu coração trespassado e as suas mãos pregadas na cruz. E aqui neste monte
Calvário lança as suas sete palavras como último testamento.
Finalmente,
na nossa vida Deus nos faz subir esses montes, sem que nós planejemos ou
peçamos isso. No monte Moriá Deus foi bem claro conosco: “Sacrifica para mim
esses caprichos, esses desejos, esses sonhos que tanto acaricias e amas”. No
monte Sinai nos convidou a renovar a sua Aliança conosco um e outra vez para que
não nos esqueçamos de que Ele é o nosso único Deus e Senhor, e não somos
escravos de nada e de ninguém. No monte Carmelo nos pede dar morte aos nossos
vícios, maus hábitos, atitudes pecaminosas, afetos secretos e inconfessados,
para oferecer-lhe todo o nosso coração. No monte Tabor nos chama à intimidade
com Ele, para entrarmos na sua nuvem divina, contemplar o seu lindo rosto e nos
apaixonar por Ele, e escutarmos a voz do Pai. E no monte Calvário nos pede
morrer com Cristo para ressuscitar a uma vida nova; ser grão de trigo que cai
na terra e morre para dar bom fruto; fazer a Vontade de Deus e não a nossa, e
saciar a sua sede implacável.
Para refletir: Quais montes eu já subi? Quais são
montes que eu ainda não subi? De qual deles desci só porque era muito difícil e
preferi a planície da mediocridade e da tibieza? Ajudo os meus irmãos a subir
estes montes, animando-os e consolando-os?
Para rezar: Senhor, dai-me forças para
empreender o caminho até o monte que Vós me indicardes. Tirai dos meus pés os
grilhões que querem me atar à planície da vida fácil. Renovai a minha alegria
durante a subida. E estando nesse monte, dobrai os meus joelhos para eu vos
adorar, escutar-vos e beijar as vossas mãos abençoadas. E que assim eu desça
desse monte com os olhos purificados, o coração ardente e a vontade decidida a
seguir-vos sempre e em todas as partes.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:
arivero@legionaries.org
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