Salmo Responsorial: 8
R. Destes poder ao vosso Filho sobre
a obra das vossas mãos.
Senhor,
nosso Deus, como é admirável o vosso nome em toda a terra! Que é o homem para
que Vos lembreis dele, o filho do homem para dele Vos ocupardes.
Fizestes
dele quase um ser divino, de honra e glória o coroastes. Destes-lhe poder sobre
a obra das vossas mãos, tudo submetestes a seus pés:
Ovelhas e
bois, todos os rebanhos, e até os animais selvagens, as aves do céu e os peixes
do mar, tudo o que se move nos oceanos.
Aleluia. Escutai o que
diz o Senhor, não como palavra dos homens, mas como palavra de Deus. Aleluia.
Evangelho (Mc
1,21-28): Entraram em Cafarnaum. No sábado,
Jesus foi à sinagoga e pôs-se a ensinar. Todos ficaram admirados com seu
ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade, não como os
escribas. Entre eles na sinagoga estava um homem com um espírito impuro; ele
gritava: «Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei
quem tu és: o Santo de Deus!». Jesus o repreendeu: «Cala-te, sai dele!». O
espírito impuro sacudiu o homem com violência, deu um forte grito e saiu. Todos
ficaram admirados e perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Um ensinamento
novo, e com autoridade: ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe
obedecem!». E sua fama se espalhou rapidamente por toda a região da Galileia.
«Todos ficaram
admirados com seu ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade,
não como os escribas»
+ Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret (Vic, Barcelona,
Espanha)
Mas, num
segundo momento, a cena da cura do homem possuído por um espírito maligno
incorpora à motivação admirativa pessoal o dado doutrinal: «Que é isto? Um
ensinamento novo, e com autoridade» (Mc 1,27). Porém, notemos que o
qualificativo não é tanto de conteúdo quanto de singularidade: a doutrina é
«nova». Está é outra razão de contraste: Jesus comunica algo inaudito (nunca
como aqui este qualificativo tem sentido).
Acrescentamos
uma terceira advertência. A autoridade provem, também, do fato que a Jesus «até
os espíritos imundos lhe obedecem». Estamos diante uma contraposição tão
intensa quanto as duas anteriores. À autoridade do Mestre e à novidade da
doutrina há que somar a força contra os espíritos do mal.
Irmãos!
Pela fé sabemos que esta liturgia da palavra nos faz contemporâneos do que
acabamos de escutar e que estamos comentando. Perguntemo-nos com humilde
agradecimento: Tenho consciência de que nenhum outro homem tenha jamais falado
como Jesus, a Palavra de Deus Pai? Me sinto rico de uma mensagem que não tem
comparação? Dou-me conta da força libertadora que Jesus e seu ensino tem na
vida humana e, mais precisamente na minha vida? Movidos pelo Espírito Santo,
digamos ao nosso Redentor: Jesus-vida, Jesus-doutrina, Jesus-vitória, faz que,
como lhe comprazia dizer ao memorável Ramon Llull, vivamos na continua
“maravilha” de Você!
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Jesus ensina com autoridade,
diferente dos escribas.
A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é
tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. Por este seu
jeito diferente, Jesus cria consciência crítica no povo com relação às
autoridades religiosas da época. O povo percebe, compara e diz: Ele ensina com
autoridade, diferente dos escribas. Os escribas da época ensinavam citando
autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência
de Deus e da vida. Sua palavra tem raiz no coração.
* Vieste para nos destruir! Em Marcos, o primeiro milagre é a
expulsão de um demônio. Jesus combate e expulsa o poder do mal que tomava conta
das pessoas e as alienava de si mesmas. O possesso gritava: “Eu sei quem tu és:
tu és o Santo de Deus!” O homem repetia o ensinamento oficial que apresentava o
messias como “Santo de Deus”, isto é, como um Sumo Sacerdote, ou como rei,
juiz, doutor ou general. Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma,
enganada pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do comércio. Repete
o que ouve dizer. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações em
dinheiro, ameaçada pelos cobradores. Muitos acham que sua vida ainda não é como
deveria ser se eles não puderem comprar aquilo que a propaganda anuncia e
recomenda.
* Jesus ameaçou o espírito mau:
“Cale-se, e saia dele!”
O espírito sacudiu o homem, deu um grande grito e saiu dele. Jesus devolve as
pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. Faz a pessoa
recuperar o seu perfeito juízo (cf. Mc 5,15). Não é nem era fácil, nem ontem,
nem hoje, fazer com que a pessoa comece a pensar e atuar diferentemente da
ideologia oficial.
* Ensinamento novo! Ele manda até
nos espíritos impuros.
Os dois primeiros sinais da Boa Nova que o povo percebe em Jesus, são estes: o
seu jeito diferente de ensinar as coisas de Deus, e o seu poder sobre os
espíritos impuros. Jesus abre um novo caminho para o povo conseguir a pureza.
Naquele tempo, uma pessoa declarada impura já não podia comparecer diante de
Deus para rezar e receber a bênção prometida por Deus a Abraão. Ela teria que
purificar-se primeiro. Esta e muitas outras leis e normas dificultavam a vida
do povo e marginalizavam muita gente como impura, longe de Deus. Agora,
purificadas pelo contato com Jesus, as pessoas impuras podiam comparecer
novamente na presença de Deus. Era uma grande Boa Notícia para eles!
Para um confronto pessoal
1) Será que posso dizer: “Eu sou plenamente livre, senhor
de mim mesmo”? Se não o posso dizer de mim mesmo, então algo em mim é possesso
por outros poderes. Como faço para expulsar este poder estranho?
2) Hoje muita gente não vive, mas é vivido. Não pensa,
mas é pensado pelos meios de comunicação. Já não tem pensamento crítico. Já não
é dono de si mesmo. Como expulsar este “demônio”?
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