Salmo Responsorial:
104
R. O Senhor recorda a sua aliança
para sempre.
Aclamai o
nome do Senhor, anunciai entre os povos as suas obras. Cantai-Lhe salmos e
hinos, proclamai todas as suas maravilhas.
Gloriai-vos
no seu santo nome, exulte o coração dos que procuram o Senhor. Considerai o
Senhor e o seu poder, procurai sempre a sua face.
Descendentes
de Abraão, seu servo, filhos de Jacob, seu eleito, O Senhor é o nosso Deus e as
suas sentenças são lei em toda a terra.
Ele recorda
sempre a sua aliança, a palavra que empenhou para mil gerações, o pacto que
estabeleceu com Abraão, o juramento que fez a Isaac.
Aleluia. As minhas
ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor. Eu conheço as minhas ovelhas e elas
seguem-Me. Aleluia.
Evangelho (Mc
1,29-39): Logo que saíram da sinagoga, foram
com Tiago e João para a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama,
com febre, e logo falaram dela a Jesus. Ele aproximou-se e, tomando-a pela mão,
levantou-a; a febre a deixou, e ela se pôs a servi-los. Ao anoitecer, depois do
pôr do sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que tinham demônios. A cidade
inteira se ajuntou à porta da casa. Ele curou muitos que sofriam de diversas
enfermidades; expulsou também muitos demônios, e não lhes permitia falar,
porque sabiam quem ele era. De madrugada, quando ainda estava bem escuro, Jesus
se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. Lá, ele orava. Simão e os que
estavam com ele se puseram a procurá-lo. E quando o encontraram, disseram-lhe:
«Todos te procuram». Jesus respondeu: «Vamos a outros lugares, nas aldeias da
redondeza, a fim de que, lá também, eu proclame a Boa Nova. Pois foi para isso
que eu saí». E foi proclamando nas sinagogas por toda a Galileia, e expulsava
os demônios.
«De madrugada, quando
ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. Lá,
ele orava. »
Frei Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
De fato,
vemos Jesus entregado em Corpo e alma em sua tarefa de Messias e Salvador: cura
aos doentes, como à sogra de São Pedro e muitos outros, consola os que estão
tristes, expulsa demônios, predica. Todos levam-lhe seus doentes e
endemoniados. Todos querem escutá-lo: «Todos te procuram» (Mc 1,37), dizem os
discípulos. Seguro que tinha uma atividade frequentemente cansativa, que quase
não lhe deixava nem respirar.
Mas, Jesus
procurava também tempo de solidão para se dedicar à oração: «De madrugada,
quando ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar
deserto. Lá, ele orava» (Mc 1,35). Em outras partes dos Evangelhos vemos Jesus
dedicado à oração em outras horas e, inclusive a altas horas da noite. Sabia
distribuir o tempo sabiamente, para que sua jornada tivesse um equilíbrio
razoável de trabalho e oração
Nós dizemos
frequentemente: Não tenho tempo! Estamos ocupados com o trabalho do lar, com o
trabalho profissional e, com as inumeráveis tarefas que enchem nossa agenda.
Com frequência cremo-nos dispensados da oração diária. Fazemos muitas coisas
importantes, isso sim, mas corremos o risco de esquecer a mais necessária: a
oração. Devemos criar um equilíbrio para fazer umas sem desatender as outras.
São
Francisco o propõe assim: «Há que trabalhar fielmente e com dedicação, sem
apagar o espírito da santa oração e devoção, para o que hão de servir as outras
coisas temporais».
Deveríamos
nos organizar um pouco mais. Disciplinar-nos, “domesticando” o tempo. O que é
importante há de caber. Ainda mais o que é necessário.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Jesus acolhe os marginalizados. Ao cair da tarde, terminado o
sábado na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura
os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Os doentes e possessos eram
as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer.
Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava
impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as
rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a
Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os
marginalizados e os excluídos, e reintegrá-los na convivência da comunidade.
* Permanecer unido ao Pai pela
oração. Jesus
aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o tempo e o ambiente
apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um lugar
deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam
da oração de Jesus no silêncio (Mt 14,22-23; Mc 1,35; Lc 5,15-16; 3,21-22). É
através da oração que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.
* Manter viva a consciência da
missão e não se fechar no resultado já obtido. Jesus se tornou conhecido. Todos
iam atrás dele. Esta publicidade agradou aos discípulos. Eles vão em busca de
Jesus para levá-lo de volta junto do povo que o procurava, e lhe dizem: Todos
te procuram. Pensavam que Jesus fosse atender ao convite. Engano deles! Jesus
não atendeu e disse: Vamos para outros lugares. Foi para isto que eu vim! Eles devem ter estranhado! Jesus não era como
eles o imaginavam. Jesus tem uma consciência muito clara da sua missão e quer
transmiti-la aos discípulos. Não quer que eles se fechem no resultado já
obtido. Não devem olhar para trás. Como Jesus, devem manter bem viva a
consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que deve orientá-los na
tomada das decisões.
* Foi para isto que eu vim! Este foi o primeiro mal-entendido
entre Jesus e os discípulos. Por ora, é apenas uma pequena divergência. Mais
adiante no evangelho de Marcos, este mal-entendido, apesar das muitas
advertências de Jesus, vai crescer e chegar a uma quase ruptura entre Jesus e
os discípulos (cf. Mc 8,14-21.32-33; 9,32;14,27). Hoje também existem
mal-entendidos sobre o rumo do anúncio da Boa Nova. Marcos ajuda a prestar
atenção nas divergências, para não permitir que elas cresçam até à ruptura
Para um confronto pessoal
1) Jesus não veio para ser servido mas para servir. A
sogra de Pedro começou a servir. E eu, faço da minha vida um serviço a Deus e
aos irmãos e às irmãs?
2) Jesus mantinha a consciência da sua missão através da
oração. E a minha oração?
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