Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, Presbítero
Salmo Responsorial - 17/18
R. Eu vos amo, ó Senhor, sois minha
força e salvação.
Eu vos amo,
ó Senhor! Sois minha força, minha rocha, meu refúgio e salvador! Ó meu Deus,
sois o rochedo que me abriga, minha força e poderosa salvação.
Ó meu Deus,
sois o rochedo que me abriga, meu escudo e proteção: em vós espero! Invocarei o
meu Senhor: a ele a glória! E dos meus perseguidores serei salvo!
Viva o
Senhor! Bendito seja o meu rochedo! E louvado seja Deus, meu salvador! Concedeis ao vosso rei grandes vitórias e
mostrais misericórdia ao vosso ungido.
2ª Leitura (1Tes
1,5-10): O nosso Evangelho vos foi pregado
não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena
convicção. Sabeis o que temos sido entre vós para a vossa salvação. E vós vos
fizestes imitadores nossos e do Senhor, ao receberdes a palavra, apesar das
muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes
modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia. Em verdade, partindo de
vós, não só ressoou a palavra do Senhor pela Macedônia e Acaia, mas também se
propagou a fama de vossa fé em Deus por toda parte, de maneira que não temos
necessidade de dizer coisa alguma. De fato, a nosso respeito, conta-se por toda
parte qual foi o acolhimento que da vossa parte tivemos, e como abandonastes os
ídolos e vos convertestes a Deus, para servirdes ao Deus vivo e verdadeiro, e
aguardardes dos céus seu Filho que Deus ressuscitou dos mortos, Jesus, que nos
livra da ira iminente.
Aleluia. Se alguém me
ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e a ele nós viremos. Aleluia.
Evangelho (Mt 22,34-40):
Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar
os saduceus. Então se reuniram, e um deles, um doutor da Lei, perguntou-lhe,
para experimentá-lo: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» Ele respondeu:
«Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com
todo o teu entendimento!’ Esse é o maior e o primeiro mandamento. Ora, o
segundo lhe é semelhante: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’. Toda a Lei e os
Profetas dependem desses dois mandamentos».
«Amarás o Senhor, teu
Deus, com todo o teu coração (…) Amarás teu próximo como a ti mesmo»
Dr. Johannes VILAR (Köln, Alemanha)
É mesmo
necessária a decisão de praticar de fato este dulcíssimo mandamento — mais que
um mandamento é elevação e capacidade — no trato com os outros: homens e
coisas, trabalho e descanso, espírito e matéria, porque tudo é criatura de
Deus.
Por outro
lado, ao ser impregnados pelo Amor de Deus, que nos toca em todo o nosso ser,
ficamos capacitados para responder “ao divino”, a este Amor. Deus
Misericordioso não apenas tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29), mas também nos
diviniza, torna-nos “participes” (apenas Jesus é Filho por Natureza) da
natureza divina; somos filhos do pai, no Filho, pelo Espírito Santo. São
Josémaria gostava de falar de “endeusamento”, palavra muito enraizada nos
Padres da Igreja. Por exemplo, escrevia São Basílio: «Assim como os corpos
claros e transparentes, quando recebem a luz, começam a irradiar luz por si
próprios, assim reluzem os que foram iluminados pelo Espírito. Isto leva ao dom
da graça, alegria interminável, permanência em Deus… e a meta máxima: o
Endeusamento». Desejemo-lo!
O primeiro mandamento
é amar a Deus. O segundo, amar o próximo.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Em primeiro
lugar, o amor de Deus não consiste em sentir a vertigem do divino: um gosto
espiritual na comunhão, duas emoções que estremecem, três Ave-Marias noturnas,
quatro lágrimas, cinco procissões… e nove primeiras sextas-feiras de mês. Não.
Amar a Deus é centrar a minha vida em Deus: o que pensa Deus, o que diz Deus, o
que Deus quer… E eu, a mesma coisa. O que Deus está me pedindo, não o que está
pedindo para o vizinho! Agora, sem dar voltas ao assunto! Já, sem fingir de
surdo! E aqui está, obras, que isso é o amor. Amar a Deus é abandonar os ídolos
e nos converter ao Deus vivo e verdadeiro, para servi-lo (segunda leitura).
Em segundo
lugar, amar os demais é centrar a minha vida nos demais: uma aceitação (são
como são), um respeito (são o que são), uma transigência (são como podem), uma
tolerância (não dão mais de si), um compromisso foragido pelo seu pão, pela sua
justiça, sua escola, seus seguros, a sua liberdade. Obras, e o que não são
obras é pecado, egoísmo, fábula. Trata-se, pois, de dar e dar-se, de negar-se e
abnegar-se, de sair do eu e passar ao você. Chegar ao ponto de poder dizer com
honradez: “amo muito você”. Não é dizer “gosto de você”, cuja tradução honrada
é “te desejo”, “te necessito”, “você é boa gente”, “você faz conta de mim”,
etc… que pertencem a linguagem zoológica e instintiva. Amar os demais é cuidar
das viúvas e dos órfãos, dar dinheiro ao pobre, cobrir o nu (primeira leitura).
Finalmente, tudo o que não seja interpretar assim o mandamento do duplo amor é um erro, um egoísmo e um pecado. Isto é, assinar com a assinatura de pagão durante toda a vida. Se amarmos nestas duas vertentes, poderemos dizer com santo Agostinho: “Ama e faze o que quiseres. Se calas, cala por amor; se perdoas, perdoa por amor; tem a raiz do amor no fundo do teu coração: desta maneira somente pode sair o que é bom” (Comentário a Primeira Epístola de São João, 7). E para aprender a amar temos que olhar a Cristo, expressão viva deste preceito do amor. Com a sua própria vida nos ensinou o mandamento único da caridade que tem, como uma moeda, as duas caras que explicamos: o amor a Deus e o amor ao próximo. Cristo amou antes de tudo o seu Pai, na aceitação e cumprimento perfeito da sua vontade, entregando a sua vida para reparar a glória de Deus pisoteada pelos homens e assim saldar a nossa dívida contraída, que era bem alta. E amou os homens, fazendo-se carne para nos salvar e perdoando deste modo os nossos pecados: “Não existe outra causa da Encarnação que somente uma: Ele nos viu derrubados na terra e viu que íamos sofrer, oprimidos pela tirania da morte, e se compadeceu de nós” (São João Crisóstomo).
Para refletir: posso dizer que amo a Deus sobre todas as coisas? Como demonstro: só com palavras ou também com obras, “pois obras são amores e não boas razões”? Posso dizer que amo o próximo, mínimo como eu me amo? Posso dizer que amo o próximo como Cristo o ama? Demonstro isto com a minha paciência, bondade, misericórdia, doação, preocupação sincera por ele, uma ajuda concreta?
Para rezar: Senhor, que me deixe amar por Vós, para que depois possa amar-Vos como mereceis e amar o próximo, como Vós o amais. Perdoai-me tanto egoísmo na minha vida, o contrário do amor. Que nunca esqueça que “ao final da vida serei examinado do amor e pelo Amor”.
Qualquer sugestão ou
dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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