Salmo Responsorial: 23
R. Esta é a geração dos que procuram
o Senhor.
Do Senhor é
a terra e o que nela existe, o mundo e quantos nele habitam. Ele a fundou sobre
os mares e a consolidou sobre as águas.
Quem poderá
subir à montanha do Senhor? Quem habitará no seu santuário? O que tem as mãos
inocentes e o coração puro, que não invocou o seu nome em vão nem jurou falso.
Este será
abençoado pelo Senhor e recompensado por Deus, seu Salvador. Esta é a geração
dos que O procuram, que procuram a face do Deus de Jacob.
Aleluia. Bendito
sejais, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes aos pequeninos os
mistérios do reino. Aleluia.
Evangelho (Lc
12,54-59): Naquele tempo, Jesus dizia também às
multidões: Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva.
E assim acontece. Quando sentis soprar o vento sul, logo dizeis que vai fazer
calor. E assim acontece. Hipócritas! Sabeis avaliar o aspecto da terra e do
céu. Como é que não sabeis avaliar o tempo presente? Por que não julgais por
vós mesmos o que é justo? Quando, pois, estás indo com teu adversário
apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto
ainda a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de
justiça, e o oficial de justiça te jogará na prisão. Eu te digo: dali não
sairás, enquanto não pagares o último centavo.
«Como é que não sabeis
avaliar (...) o tempo presente? Por que não julgais por vós mesmos o que é
justo»
Rev. D. Frederic RÀFOLS i Vidal (Barcelona, Espanha)
O Concílio
Vaticano II, na Constituição Gaudium et Spes (n. 4), atualiza o Evangelho de
hoje: «Pesa sobre a Igreja o dever permanente de escutar a fundo os sinais dos
tempos e interpretá-los à luz do Evangelho (...)». É preciso, portanto,
conhecer e compreender o mundo em que vivemos e as suas esperanças, as suas
aspirações, o seu modo de ser, frequentemente dramático.
Quando vemos
a história, não nos custa muito assinalar as ocasiões perdidas pela Igreja por
não ter descoberto o momento que então se vivia. Mas, Senhor: «Quantas ocasiões
não teremos perdido agora por não descobrir os sinais dos tempos ou, o que
significa o mesmo, por não viver e iluminar a problemática atual com a luz do
Evangelho? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?» (Lc 12,57),
continua a recordar-nos hoje Jesus.
Não vivemos
num mundo de maldade, ainda que também haja bastante. Deus não abandonou o seu
mundo. Como recordava São João da Cruz, habitamos uma terra onde andou o
próprio Deus e que ele encheu de formosura. A beata Teresa de Calcutá captou os
sinais dos tempos, e o tempo, o nosso tempo, entendeu a beata Teresa de
Calcutá. Que ela nos estimule. Não deixemos de olhar para o alto, sem perder de
vista a terra.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* Lucas 14,1: O convite em dia de
sábado
“Num dia de
sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que
o observavam”. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o
gancho para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem
doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos
convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24).
Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para participar das refeições. No
convite deve ter havido também um motivo de curiosidade e um pouco de malícia.
Querem observar Jesus de perto para ver se ele observa em tudo as prescrições
da lei.
* Lucas 14,2: A situação que vai
provocar a ação de Jesus
“Havia um
homem hidrópico diante de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na
casa do chefe dos fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser
curado. Os fariseus que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado
é proibido curar. O que fazer? Pode ou não pode?
* Lucas 14,3: A pergunta de Jesus
aos escribas e fariseus
“Tomando a
palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei
permite ou não permite curar em dia de sábado?" Com a sua pergunta Jesus explicita o problema
que estava no ar: pode ou não pode curar em dia de sábado? A lei permite, sim
ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é mais provocadora: “Em dia de
sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou matar?” (Mc 3,4).
* Lucas 14,4-6: A cura
Os fariseus
não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não aprova
nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em seguida,
para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou a curar:
"Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o
tiraria logo, mesmo em dia de sábado?"
Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos
fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em
socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e
curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio
Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de
responder a isso”. Pois diante da evidência não há argumento que a negue.
Para um confronto pessoal
1) A liberdade de Jesus diante da situação. Mesmo
observado por quem não o aprova, ele não perde a liberdade. Qual a liberdade
que existe em mim?
2) Há momentos difíceis na vida, em que somos obrigados a
escolher entre a necessidade imediata de um próximo e a letra da lei. Como
agir?
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