domingo, 5 de janeiro de 2020

Batismo do Senhor

Leituras de hoje: Isaías 42,1-4.6-7 / Salmo 28[29] / Atos 10,34-38 / Mateus 3,13-17).

Evangelho (Mt 3,13-17): Então, Jesus veio da Galileia para o rio Jordão, até junto de João, para ser batizado por ele. Mas João queria impedi-lo, dizendo: «Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?». Jesus, porém, respondeu-lhe: «Por ora, deixa, é assim que devemos cumprir toda a justiça!». E João deixou. Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água, e o céu se abriu. E ele viu o Espírito de Deus descer, como uma pomba, e vir sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: «Este é o meu Filho amado; nele está meu pleno agrado».

«Jesus veio da Galileia para o rio Jordão, até junto de João, para ser batizado por ele»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench (Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje contemplamos o Messias —o Ungido— no Jordão «para ser batizado» (Mt 3,13) por João. E vemos Jesus Cristo como assinalado pela presença na forma visível do Espírito Santo e, na forma audível, do Pai, o qual declara de Jesus: «Este é o meu Filho amado; nele está meu pleno agrado». (Mt 3,17). Temos aqui um motivo maravilhoso e, pela sua vez, motivador para viver uma vida: ser sujeito e objeto do agrado do Pai celestial. Agradar ao Pai!

De alguma maneira já o pedimos na oração coletiva da missa de hoje: «Deus todo-poderoso e eterno (...) concede aos teus filhos adotivos, nascidos da água e do Espírito Santo, levar sempre uma vida que te seja grata». Deus, que é Pai infinitamente bom, sempre nos “quer bem”. Mas, já se o permitimos?; Somos dignos desta benevolência divina?; Correspondemos a esta benevolência?

Para ser digno da benevolência e do agrado divino, Cristo tem outorgado às águas força regeneradora e purificadora, de maneira que quando somos batizados começamos a ser verdadeiramente filhos de Deus. «Talvez haverá alguém que pergunte: ‘Por que quis batizar-se, se era santo?’. Escute-me! Cristo batiza-se não para que as águas o santifiquem, mas para santificá-las Ele» (São Máximo de Turim).

Tudo isto — desmerecidamente — nos situa como num plano de conaturalidade com a divindade. Mas não nos basta a nós com esta primeira regeneração: precisamos reviver de alguma maneira o Batismo por meio de uma espécie de continuo “segundo batismo” que é a conversão. Paralelamente ao primeiro Mistério da Luz do Rosário —O Batismo do Senhor no Jordão— nos convêm contemplar o exemplo de Maria no quarto dos Mistérios de Gozo: a Purificação, Ela, Imaculada, virgem pura, não tem inconveniente em submeter-se ao processo de purificação. Nós lhe imploramos a simplicidade, a sinceridade e a humildade que nos permitirão viver de maneira constante nossa purificação a modo de “segundo batismo”.


"O Pai manifesta a missão do Filho".

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Cristo purificou no seu Batismo as águas, santificou-as e as fecundou, para que nessas aguas nascêssemos como filhos da Igreja, santos e regenerados, pois estávamos mortos pelo pecado.

Celebramos uma nova manifestação de Jesus no rio Jordao. Cristo é o novo Noé que se submerge nesta água, que lembra as águas do dilúvio, para eliminar nelas os nossos pecados; e, como Noé depois do dilúvio, também Ele recebe a pomba divina que anuncia a paz e a salvação para os homens. E com este dia fechamos o ciclo do Natal e abrimos o Tempo Ordinário que precederá à Quaresma.

Em primeiro lugar, neste dia do Batismo, Jesus viu que os céus “se abriam”. Porque os céus à raiz do pecado original estavam fechados para nós. Hoje se abrem para indicar que em Cristo o céu se reconciliou com a terra, que já não existe senão um só rebanho formado pelos anjos e pelos homens, e um só pastor de todos, que as clausuradas portas do Paraíso se abriram para os pecadores arrependidos. Do Menino recém-nascido passamos ao Profeta e Mestre que Deus nos enviou e que vai começar a sua missão. E com o nosso batismo nos incorporamos também nós na sua missão salvífica.

Em segundo lugar, por que Cristo quis ser batizado? Não para ser purificado dos seus pecados, Ele, que era a pureza original. Se Cristo desceu ao Jordão foi para purificar as águas, para comunicar-lhes a sua própria pureza, de tal maneira que daqui a adiante essa águas fossem capazes de purificar os homens mediante o Batismo. O calor do corpo vivo de Cristo posto em contato com as águas fez que estas fossem aptas para limpar não somente o exterior dos corpos-que é a sua virtualidade natural-, mas também o mais recôndito das almas, o pecado. Ao penetrar, pois, Jesus no Jordão, as águas deste rio, e a de todos os rios, todas as águas do mundo, fizeram-se aptas para a ordem sacramental. Já não seriam somente “águas da terra”, serão também “ondas de Cristo”. O Cristo que se submerge no Jordão é o Cordeiro que carrega os pecados e que tira os pecados. Por isso, o Batismo do Jordão antecipa em figura à Cruz, que está no telão de fundo daquele episódio. A partir de hoje começa para Cristo a rude ascensão ao Calvário. E já pregado na cruz, do seu lado brotou sangue e água. O Batismo é fruto da Páscoa.

Finalmente, desde este dia Cristo fecundou as águas, isto é, a água não só ficaria limpa, mas que ademais disso se converteria no seio materno da Igreja feita fecunda. Esposo e Esposa são, no Jordão, “uma só carne”. Cristo, no seu Batismo, purificou, pois, a Igreja, mas para unir-se com Ele em esponsais. É, nada mais e nada menos, o que diz São Paulo na sua epístola aos efésios: “Maridos, amai vossas esposas, como Cristo amou sua Igreja e se entregou por ela para santificá-la. Ele a purificou com o batismo da água e a palavra, porque quis para si uma Igreja resplandecente, sem mancha e sem ruga e sem nenhum defeito, mas santa e imaculada” (Ef 5, 25). O Batismo no Jordão é assim o banho espiritual graças ao qual a Esposa-Igreja recebeu a última preparação antes de ser apresentada ao Esposo. Desposando-se o Senhor com a Igreja no Jordão, deixou na água o germe da sua fecundidade para fazer da água o seio da Igreja-Esposa. Ao longo dos séculos, das águas do Batismo -seio virginal da Mãe Igreja- incessantemente nascerão novos filhos, filhos de Deus.

Para refletir: Medito com frequência no dom do meu batismo? A que altura chegou a mim a água batismal: já chegou até os meus joelhos, até o coração, a cabeça? A água já levou todos os meus pecados? Já renunciei Satanás, as suas obras e as suas pompas? Vivo como membro comprometido da Igreja, filho consciente de Deus, irmão de Cristo, templo aberto do Espírito?

Para rezar: Obrigado, Senhor, pelo dom do Batismo. Senhor, que eu viva ao que me comprometi no dia do Batismo: a ser santo e ser missionário. Convosco quero, Senhor, escutar o meu nome e um chamado “Tu és o meu filho” para que nunca faltem em vossa causa boas testemunhas que propõem a vossa palavra, que pronunciem o vosso nome, que deem testemunho do vosso Reino, que ofereçam o que são e o que têm, e Deus seja conhecido, amado e bendito nas quatro direções do mundo.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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