S. Pedro Claver, Presbítero "Apóstolo dos Escravos" |
Salmo Responsorial-
61/62
A minha glória e salvação estão em
Deus.
Só em Deus
a minha alma tem repouso, porque dele é que me vem a salvação!
Só ele é
meu rochedo e salvação, a fortaleza onde encontro segurança!
Povo todo,
esperai sempre no Senhor e abri diante dele o coração: nosso Deus é u refúgio
para nós!
Aleluia, Minhas
ovelhas escutam minha voz e eu as conheço e elas me seguem. Aleluia.
Evangelho (Lc 6,6-11):
Num outro sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a
ensinar. Lá estava um homem que tinha a mão direita seca. Os escribas e os
fariseus observavam Jesus, para ver se ele faria uma cura no dia de sábado, a
fim de terem motivo para acusá-lo. Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos,
disse ao homem da mão seca: Levanta-te e fica aqui no meio! Ele se levantou e
ficou de pé. Jesus disse-lhes: Eu vos pergunto: em dia de sábado, o que é
permitido, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixar morrer?
Passando o olhar sobre todos eles, Jesus disse ao homem: Estende a mão! O homem
assim o fez e a mão ficou curada. Eles se encheram de raiva e começaram a
discutir entre si sobre o que fariam contra Jesus.
«Levanta-te e fica
aqui no meio (...). Estende a mão»
P. Julio César RAMOS González SDB (Mendoza, Argentina)
O amor não
se impõe, mas faz agir, mobiliza devolvendo com amplidão a vida. Aquele mandato
de Jesus: Levanta-te e fica aqui no meio (Lc 6,8); tem a força recriadora
daquele que ama, e pela palavra age. Mas ainda, o outro: Estende tua mão, (Lc
6,10), que termina conseguindo o milagre, restabelece definitivamente a força e
a vida daquele que estava débil e morto. Salvar é arrancar da morte e, é a
mesma palavra que se traduz por sanar. Jesus curando, salva o que havia de
morto nesse pobre homem doente, e isso é um claro signo do amor de Deus Pai
para com suas criaturas. Assim, na nova criação onde o Filho não faz outra
coisa mais do que vê fazer ao Pai, a nova lei que imperará será a do amor que
se põe em obra e, não a de um descanso que inativa, inclusive, para fazer o bem
ao irmão necessitado.
Então,
liberdade e amor conjugados é a chave para hoje. Liberdade e amor conjugados à
maneira de Jesus. Aquilo de: ama e faz o que queiras, de Santo Agostinho tem
hoje vigência plena, para aprender a configurar-se totalmente com Cristo
Salvador.
Reflexão
• Contexto. Esta passagem apresenta Jesus
curando um homem que tinha uma das mãos atrofiada. Ao contrário do contexto dos
capítulos 3-4, onde Jesus aparece sozinho, aqui Jesus aparece rodeado por seus
discípulos e mulheres que o acompanhavam. Nos estágios iniciais desta jornada, o
leitor encontrará diferentes formas de ouvir a palavra de Jesus, seguindo o que
em última análise, poderia ser resumida em duas experiências que exigem, por
sua vez, dois tipos de aproximação para Jesus: a de Pedro (5,1-11) e a do
centurião (7,1-10). Pedro encontra Jesus depois da pesca milagrosa. Jesus o
convida para ser um pescador de homens, e Pedro cai depois ajoelhando-se diante
de Jesus: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador"
(5,8). O centurião não tem comunicação direta com Jesus: ouviu falar coisas
boas sobre Jesus e, por isso envia-lhe intermediários para pedir a cura de seu
servo que está morrendo; ele não pede algo para si, mas sim para uma pessoa
muito querida. A figura de Pedro representa a atitude daquele que, sentindo-se
pecador, coloca seu trabalho sob a influência da Palavra de Jesus. O centurião,
mostrando sua solicitude pelo servo, aprende a ouvir a Deus. Pois bem, a cura
do homem com a mão seca se coloca entre estas vias ou atitudes que caracterizam
a itinerância da vida de Jesus. O milagre ocorre em um contexto de discussão ou
controvérsia: as espigas arrancadas no sábado e uma cura também no sábado,
precisamente a mão atrofiada. Entre as duas discussões, a palavra de Jesus
desempenha um papel crucial: "O Filho do Homem é senhor do sábado"
(6,5). Indo para a nossa passagem, perguntamo-nos o que significa esta mão
atrofiada? É um símbolo da salvação do homem que é conduzido à sua situação
original, a da criação. Além disso, a mão direita expressa atividade humana.
Jesus devolve a este dia, o sábado, seu sentido mais profundo: é o dia da
alegria, da restauração e não da limitação. O sábado Jesus que apresenta é o
sábado messiânico, não o sábado legalista; as curas realizadas por ele são
sinais do tempo messiânico, da restauração e libertação do homem.
• Dinâmica do milagre. Lucas coloca
diante de Jesus um homem com uma mão sem força, seca, paralisada. Ninguém se
interessa em pedir a sua cura e menos ainda ele diretamente está interessado.
Mas a doença não era apenas um problema individual, mas os seus efeitos
repercutem em toda a comunidade. Neste relato não emerge tanto o problema da
doença, mas sim a sua relação com o sábado. Jesus é criticado porque ele curou
em dia de sábado. A diferença entre Jesus e os fariseus consiste em que estes,
em dia de sábado, não trabalham com base no mandamento do amor que é a essência
da lei. Jesus, depois de ordenar ao homem para se pôr no meio da assembleia,
faz uma pergunta decisiva: "É lícito curar no sábado, ou não?". Os
espaços de resposta são reduzidos: curar ou não curar (v. 9). Imagine a
dificuldade dos fariseus: tinham que excluir que num sábado se pudesse fazer o
mal ou conduzir o homem à perdição e menos ainda curar, visto que ajudar no
sábado somente era permitido em casos de extrema necessidade. Os fariseus se
sentem provocados e isto por sua vez provoca sua agressividade. Aparece
evidente que a intenção de Jesus ao curar no sábado é procurar o bem do homem,
a pessoa que está doente. Esta motivação de amor nos convida a refletir sobre o
nosso comportamento e fundamentá-lo no comportamento de Jesus que salva. Jesus
não presta atenção apenas para a cura do enfermo, mas também está interessado
no comportamento dos adversários: curá-los de sua distorcida atitude ao
observar a lei. Observar o sábado sem ajudar o próximo em suas doenças não está
em conformidade com a vontade de Deus. Para o evangelista, a função do sábado é
fazer o bem, salvar como Jesus fez em sua vida terrena.
Para um confronto pessoal
1. Você se sente interpelado pelas palavras de Jesus?
Como você se compromete em seu serviço à vida? Você sabe criar condições para
que o outro viva melhor?
2. Você sabe colocar no centro da sua atenção a todos os
homens e suas necessidades?
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