S. Raimundo Nonato. Presbítero e Cardeal |
Salmo
Responsorial: 97
R. O Senhor julgará os
povos com justiça.
Cantai
ao Senhor um cântico novo pelas maravilhas que Ele operou. A sua mão e o seu
santo braço Lhe deram a vitória.
Ressoe
o mar e tudo o que ele encerra, a terra inteira e tudo o que nela habita;
aplaudam os rios e as montanhas exultem de alegria.
Diante
do Senhor que vem, que vem para julgar a terra: julgará o mundo com justiça e
os povos com equidade.
Aleluia.
Dou-vos um mandamento novo, diz o Senhor: amai-vos uns aos outros como Eu vos
amei. Aleluia.
Evangelho
(Mt 25,14-30): «O Reino dos Céus é também como um
homem que ia viajar para o estrangeiro. Chamou os seus servos e lhes confiou os
seus bens: a um, cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um — a cada qual
de acordo com sua capacidade. Em seguida viajou. O servo que havia recebido
cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles e lucrou outros cinco. Do mesmo
modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia
recebido um só, foi cavar um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu
senhor. Depois de muito tempo, o senhor
voltou e foi ajustar contas com os servos. Aquele que havia recebido cinco
talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco
talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. O senhor lhe disse: ‘Parabéns,
servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te
confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’. Chegou também
o que havia recebido dois talentos e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois
talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. O senhor lhe disse: ‘Parabéns,
servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te
confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’. Por fim,
chegou aquele que havia recebido um só talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um
homem severo, pois colhes onde não plantaste e ajuntas onde não semeaste. Por
isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te
pertence’. O senhor lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu colho
onde não plantei e que ajunto onde não semeei. Então devias ter depositado meu
dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me
pertence’. Em seguida, o senhor ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai àquele que
tem dez! Pois a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas
daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. E quanto a este servo inútil,
lançai-o fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’»
«Um homem que ia
viajar para o estrangeiro, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens»
Rev. D. Albert SOLS i Lúcia (Barcelona, Espanha)
Hoje
contemplamos a parábola dos talentos. Em Jesus apreciamos uma mudança do estilo
na sua mensagem: o anúncio do Reino, já não se limita tanto em assinalar a sua
proximidade, mas a descrever seu conteúdo através de narrações: é hora das
parábolas!
Um
grande homem decide empreender uma longa viagem, e confia todo seu patrimônio a
seus servos. Podia tê-lo distribuído em partes iguais, mas não o fez assim. Deu
a cada um conforme a sua capacidade (cinco, dois e um talentos). Com aquele
dinheiro, cada criado podia capitalizar o início de um bom negócio. Os dois
primeiros se lançaram à administração de seus depósitos, mas o terceiro —por
medo ou por preguiça— preferiu guardá-lo, eludindo todo investimento: se fechou
na comodidade de sua própria pobreza.
O
senhor regressou e exigiu a prestação de contas (cf. Mt 25,19). Premiou a
valentia dos dois primeiros, que duplicaram o depósito confiado. O trato com o
criado “prudente” foi muito diferente.
Dois
mil anos depois, a mensagem da parábola continua tendo atualidade. As modernas
democracias caminham para uma separação progressiva entre a Igreja e os
Estados. Isto não é mau, pelo contrário. Não obstante, esta mentalidade global
e progressiva esconde um efeito secundário, perigoso para os cristãos: ser a
imagem viva daquele terceiro servo a quem o amo (figura bíblica de Deus Pai)
repreendeu com grande severidade. Sem malícia, por mera comodidade ou medo,
corremos o perigo de esconder e reduzir a nossa fé cristã ao meio familiar e
amigos íntimos. O Evangelho não pode ficar numa leitura e estéril contemplação.
Devemos administrar com valentia e risco a nossa vocação cristã no próprio
ambiente social e profissional, proclamando a figura de Cristo com as palavras
e o testemunho.
Santo
Agostinho comenta: «Quem predica a palavra de Deus aos povos, não está tão
longe da condição humana e da reflexão apoiada na fé, que não possa advertir os
perigos. Porém, “consola saber que onde resida o perigo por causa do
ministério, aí temos a ajuda de vossas orações».
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* O evangelho de hoje
traz o conflito em torno da observância do sábado. A observância do sábado era uma lei
central, um dos Dez Mandamentos. Lei muito antiga que foi revalorizada na época
do cativeiro. No cativeiro, o povo devia trabalhar sete dias por semana de sol
a sol, sem condições de se reunir para ouvir e meditar a Palavra de Deus, para
rezar juntos e para partilhar sua fé, seus problemas e sua esperança. Daí
apareceu a necessidade urgente de parar ao menos um dia por semana para reunir
e animar-se mutuamente naquela condição tão dura do cativeiro. Do contrário,
perderiam a fé. Foi aí que renasceu e foi restabelecida com vigor a observância
do sábado.
* Lucas 6,1-2: A causa
do conflito
Num
dia de sábado, os discípulos passam pelas plantações e abrem caminho arrancando
espigas. Mateus 12,1 diz que eles estavam com fome (Mt 12,1). Os fariseus
invocam a Bíblia para dizer que isto é transgressão da lei do Sábado: "Por
que vocês estão fazendo o que não é permitido em dia de sábado?" (cf Ex
20,8-11).
* Lucas 6,3-4: A
resposta de Jesus
Imediatamente,
Jesus responde lembrando que o próprio Davi também fez coisas proibidas, pois
tirou os pães sagrados do templo e os deu de comer aos soldados que estavam com
fome (1 Sm 21,2-7). Jesus conhecia a Bíblia e a invocava para mostrar que os
argumentos dos outros não tinham fundamento. Em Mateus, a resposta de Jesus é
mais completa. Ele não só invoca a história de Davi, mas cita também a
Legislação que permitia aos sacerdotes de trabalhar no sábado e cita ainda a
frase do profeta Oséias: “Quero misericórdia e não sacrifício”. Citou um texto
histórico, um texto legislativo e um texto profético (cf. Mt 12,1-18). Naquele
tempo, não havia Bíblias impressas como temos hoje em dia. Em cada comunidade
só havia uma única Bíblia, escrita à mão, que ficava na sinagoga. Se Jesus
conhecia tão bem a Bíblia, é sinal de que ele, durante os 30 anos da sua vida
em Nazaré, deve ter participado intensamente da vida da comunidade, onde todo
sábado se liam as escrituras. Ainda falta muito para nós termos a mesma
familiaridade com a Bíblia e a mesma participação na comunidade.
* Lucas 6,5: A
conclusão para todos nós
E
Jesus termina com esta frase: O Filho do Homem é dono até do sábado! Jesus, como Filho do Homem que vive na
intimidade com Deus, descobre o sentido da Bíblia não de fora para dentro, mas
de dentro para fora, isto, ele descobre o sentido a partir da raiz, a partir da
sua intimidade com o autor da Bíblia que é o próprio Deus. Por isso, ele se diz
dono do sábado. No evangelho de Marcos, Jesus relativiza a lei do sábado
dizendo: “O ser humano não existe para o sábado, mas o sábado existe para o ser
humano” (Mc 2,27).
Para um confronto
pessoal
1) Como você passa o Domingo, nosso
“Sábado”? Você vai à missa por obrigação para evitar pecado ou para poder estar
com Deus?
2) Jesus conhecia a Bíblia quase de
memória. E eu, o que a Bíblia representa para mim?
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