domingo, 16 de junho de 2019

Segunda-feira da 11ª semana do Tempo Comum

1ª Leitura (2Cor 6,1-10): Irmãos: Como colaboradores de Deus, nós vos exortamos a que não recebais em vão a sua graça. Porque Ele diz: «No tempo favorável, Eu te ouvi; no dia da salvação, vim em teu auxílio». Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação. Evitamos dar qualquer motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja desacreditado. Mas mostramo-nos em tudo como ministros de Deus, com grande perseverança nas tribulações, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nos tumultos, nas prisões, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns; pela pureza, pela sabedoria, pela paciência, pela bondade, pelo espírito de santidade, pela caridade sem fingimento; pela palavra da verdade, pelo poder de Deus; pelas armas ofensivas e defensivas da justiça; na honra e na ignomínia, na difamação e na boa fama. Somos considerados como impostores, embora verdadeiros; como desconhecidos, embora bem conhecidos; como agonizantes, embora estejamos com vida; como condenados, mas livres da morte; como tristes, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como não tendo nada, mas possuindo tudo.

Salmo Responsorial: 97
R. O Senhor revelou a sua salvação.

Cantai ao Senhor um cântico novo pelas maravilhas que Ele operou. A sua mão e o seu santo braço Lhe deram a vitória.

O Senhor deu a conhecer a salvação, revelou aos olhos das nações a sua justiça. Recordou-Se da sua bondade e fidelidade em favor da casa de Israel.

Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai.


Aleluia. A vossa palavra, Senhor, é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos. Aleluia.

Evangelho (Mt 5,38-42): «Ouvistes que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’. Ora, eu vos digo: não ofereçais resistência ao malvado! Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir, e não vires as costas a quem te pede emprestado».

«Não ofereçais resistência ao malvado»

Rev. D. Joaquim MESEGUER García (Sant Quirze del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, Jesus nos ensina que o ódio se supera no perdão. A lei de talião era um progresso, pois limitava o direito de vingança a uma justa proporção: só podes fazer ao próximo o que ele te tem feito a ti, caso contrário, cometerias uma injustiça; isto é o que significa o ditado de «olho por olho, dente por dente». Mesmo assim, era um progresso limitado, já que Jesus Cristo no Evangelho afirma a necessidade de superar a vingança com o amor; assim Ele o expressou mesmo quando, na cruz, intercedeu por seus carrascos: Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!» (Lc 23,34).

No entanto, o perdão deve acompanhar-se com a verdade. Não perdoamos somente porque nos vemos impotentes ou complexados. Com frequência se tem confundido com a expressão “pôr o outro lado do rosto” com a ideia da renúncia a nossos direitos legítimos. Não é isso. Pôr o outro lado do rosto quer dizer denunciar e interpelar a quem o tem feito com um gesto pacífico, mas decidido, a injustiça que se cometeu; é como dizer-lhe: «Batestes num lado meu rosto, queres, bater também no outro? Você está de acordo com essa maneira de proceder?»  Jesus respondeu com serenidade ao criado insolente do sumo sacerdote: «Jesus replicou-lhe: “Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que me bates?» (Jo 18,23).

Vemos, pois, qual deve ser a conduta do cristão: não procurar revanche, mas manter-se firme; estar aberto ao perdão e dizer as coisas claramente. Certamente não é uma arte fácil, mas é a única maneira de frear a violência e manifestar a graça divina a um mundo frequentemente carente de graça. São Basílio nos aconselha: «Obedecei e esquecei as injurias e as ofensas que venham do próximo. Podemos ver os diversos nomes que teremos um e outro; a ele o chamarão colérico e violento, e a vocês mansos e pacíficos. Ele se arrependerá um dia de sua violência, e vocês não se arrependerão nunca de sua mansidão.

.Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

São João Batista
* O evangelho de hoje faz parte de uma pequena unidade literária que vai desde Mt 5,17 até Mt 5,48, na qual se descreve como passar da antiga justiça dos fariseus (Mt 5,20) para a nova justiça do Reino de Deus (Mt 5,48). Descreve como subir a Montanha das Bem-aventuranças, de onde Jesus anunciou a nova Lei do Amor. O grande desejo dos fariseus era alcançar a justiça, ser justo diante de Deus. Este é também o desejo de todos nós. Justo é aquele ou aquela que consegue viver no lugar onde Deus o quer. Os fariseus se esforçavam para alcançar a justiça através da observância estrita da Lei. Pensavam que era pelo próprio esforço que poderiam chegar até o lugar onde Deus os queria, Jesus toma posição diante desta prática e anuncia a nova justiça que deve ultrapassar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). No evangelho de hoje estamos quase chegando no topo da montanha. Falta pouco. O topo é descrita com a frase: “Sede perfeito como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), que meditaremos no evangelho de amanhã. Vejamos de perto este último degrau que nos falta para chegar ao topo da Montanha, da qual São João da Cruz diz: “Aqui reinam o silêncio e o amor”.

* Mateus 5,38: Olho por olho, dente por dente
Jesus cita um texto da Lei antiga dizendo: "Vocês ouviram o que foi dito: Olho por olho e dente por dente!”. Ele abreviou o texto. O texto inteiro dizia:” Vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,23-25). Como nos casos anteriores, também aqui Jesus faz uma releitura inteiramente nova. O princípio “olho por olho, dente por dente” estava na raiz da interpretação que os escribas faziam da lei. Este princípio deve ser subvertido, pois ele perverte e estraga o relacionamento entre as pessoas e com Deus.

* Mateus 5,39ª: Não retribuir o mal com o mal
Jesus afirma exatamente o contrário: “Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês”. Diante de uma violência recebida, nossa reação natural é pagar o outro com a mesma moeda. A vingança pede “olho por olho, dente por dente”. Jesus pede para retribuir o mal não com o mal, mas com o bem. Pois, se não soubermos superar a violência recebida, a espiral da violência tomará conta de tudo e já não haverá mais saída. Lameque dizia: “Por uma ferida recebida, eu matarei um homem, e por uma cicatriz matarei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete” (Gn 4,24). Foi por causa desta vingança extremada que tudo terminou na confusão da Torre de Babel (Gn 11,1-9). Fiel ao ensinamento de Jesus, Paulo escreve na carta aos Romanos: “Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem”. (Rm 12,17.21). Para poder ter esta atitude é necessário ter muita fé na possibilidade da recuperação do ser humano. Como fazer isto na prática. Jesus oferece 4 exemplos concretos.

* Mateus 5,39b-42: Os quatro exemplos para superar a espiral da violência
Jesus diz: “Pelo contrário: 
(1) se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! 
(2) Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! 
(3) Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele. 
(4) Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” (Mt 5,40-42).
Como entender estas quatro afirmações? Jesus mesmo nos ofereceu uma ajuda de como devemos entendê-las. Quando o soldado lhe deu uma bofetada numa face, ele não ofereceu a outra. Pelo contrário, ele reagiu energicamente: "Se falei mal, mostre o que há de mal. Mas se falei bem, por que você bate em mim?" (Jo 18,23) Jesus não ensina passividade. São Paulo acredita que, retribuindo o mal com o bem, “você fará o outro corar de vergonha” (Rm 12,20). Esta fé na possibilidade da recuperação do ser humano só é possível a partir de uma raiz que nasce da total gratuidade do amor criador que Deus mostrou para conosco na vida e nas atitudes de Jesus.

Para um confronto pessoal
1) Você já sentiu alguma vez uma raiva tão grande de querer aplicar a vingança “olho por olho, dente por dente”? Como fez para supera-la?
2) Será que a convivência comunitária hoje na igreja favorece a ter em nós o amor criador que Jesus sugere no evangelho de hoje?

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