Textos: Ex 24, 3-8; Heb 9, 11-15; Mc 14,
12-16.22-26
Evangelho
(Mc 14,12-16.22-26):
No primeiro dia dos Pães sem fermento,
quando se sacrificava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus:
«Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?» Jesus enviou
então dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: «Ide à cidade. Um homem
carregando uma bilha de água virá ao vosso encontro. Segui-o e dizei ao dono da
casa em que ele entrar: ‘O Mestre manda perguntar: Onde está a sala em que
posso comer a ceia pascal com os meus discípulos? ’ Ele, então, vos mostrará,
no andar de cima, uma grande sala, arrumada. Lá fareis os preparativos para
nós!» Os discípulos saíram e foram à cidade. Encontraram tudo como ele tinha
dito e prepararam a ceia pascal. Enquanto estavam comendo, Jesus tomou o pão,
pronunciou a bênção, partiu-o e lhes deu, dizendo: «Tomai, isto é o meu corpo».
Depois, pegou o cálice, deu graças, passou-o a eles, e todos beberam. E disse-lhes:
«Este é o meu sangue da nova Aliança, que é derramado por muitos. Em verdade,
não beberei mais do fruto da videira até o dia em que beberei o vinho novo no
Reino de Deus». Depois de cantarem o
salmo, saíram para o Monte das Oliveiras.
«Tomai, isto é o meu
corpo. Este é o meu sangue»
Mons. Josep Àngel SAIZ i Meneses Bispo de Terrassa. (Barcelona,
Espanha)
Hoje,
celebramos solenemente a presença eucarística de Cristo entre nós, o “dom por
Excelência”: «Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de benzê-lo,
partiu-o e deu-lho, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. (...). » (Mc 14,22.24).
Depois lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado
por muitos. Disponhamos a suscitar em nossa alma o “assombro eucarístico” (São
João Paulo II).
O
povo judeu em sua ceia pascal comemorava a história da salvação, as maravilhas
de Deus para com seu povo, especialmente a libertação da escravidão de Egito.
Nesta comemoração, cada família comia o cordeiro pascal. Jesus Cristo se
converte no novo e definitivo cordeiro pascal sacrificado na cruz e comido em
Pão Eucarístico.
A
Eucaristia é sacrifício: é o sacrifício do corpo imolado de Cristo e de seu
sangue derramado por todos nós. Na Última Ceia isto se antecipou. Ao longo da
historia se irá atualizando em cada Eucaristia. Nela temos o alimento: é o novo
alimento que dá vida e força ao cristão enquanto caminha em direção ao Pai.
A
Eucaristia é presença de Cristo entre nós. Cristo ressuscitado e glorioso
permanece entre nós de uma maneira misteriosa, mas real na Eucaristia. Esta
presença implica uma atitude de adoração por nossa parte e uma atitude de
comunhão pessoal com Ele. A presença eucarística nos garante que Ele permanece
entre nós e opera a obra da salvação.
A
Eucaristia é mistério de fé. É o centro e a chave da vida da Igreja. É a fonte
e raiz da existência cristã. Sem vivência eucarística a fé cristã se reduziria
a uma filosofia.
Jesus
nos dá o mandamento do amor de caridade na instituição da Eucaristia. Não se
trata da última recomendação do amigo que vai embora para longe ou do pai que
vê próxima a morte. É a afirmação do dinamismo que Ele põe em nós. Pelo Batismo
começamos uma vida nova, que é alimentada pela Eucaristia. O dinamismo desta
vida leva a amar aos outros, e é um dinamismo em crescimento até dar a vida:
nisto notarão que somos cristãos.
Cristo
nos ama porque recebe a vida do Pai. Nós amaremos recebendo do Pai a vida,
especialmente através do alimento eucarístico.
A Eucaristia é para
ser celebrada (missa) e prolongada (adoração e culto).
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Esta
festa do Corpus Christi nasceu no século XIII. Jesus quis entregar-se a nós como
alimento para o caminho, fazendo que nós comungássemos com a sua própria
Pessoa, com o seu Corpo e o seu Sangue, sob a forma do pão e vinho.
Em
primeiro lugar, um pouco de história desta esplêndida Solenidade do Corpus Christi.
No ano 1208, uma jovem de 17 anos, Juan de Retine, religiosa hospitaleira em
Mont Cornillon (Liege, Bélgica) teve uma visão de uma lua resplandecente e
cheia, mas com uma mancha. Esta visão durou dois anos. Por fim a decifrou: no
esplêndido calendário litúrgico faltava uma festa da Eucaristia. Foi a origem
do Corpus Christi, cuja primeira procissão se pôs em marcha pelas ruas de Liege
no ano de 1245 e pelas ruas de todo o mundo a partir de 1264. A partir da festa
do Corpus, a fé e o entusiasmo pela Eucaristia levou os habitantes de Bolzano
(Itália) do século XIII a crer nas hóstias profanadas que começaram a sangrar.
E os habitantes de Daroca (Zaragoza) do século XIII a crer no milagre dos
corporais que, para defendê-las contra a profanação da soldadesca muçulmana,
entre as suas dobraduras guardaram seis hóstias, que deixaram seis pegadas
redondas. Só desde a fé é possível crer nestas coisas.
Em
segundo lugar, a Eucaristia tem duas dimensões: primeiro, a sua celebração, a
missa, ao redor do altar; e depois, a sua prolongação, com a reserva do Pão
eucarísticos no Sacrário e a conseguinte veneração e adoração que lhe dedica a
comunidade cristã. A finalidade principal da Eucaristia é a sua celebração- a
missa-, isto é, para os fieis comungarem o Corpo e o Sangue de Cristo. Porém,
desde que, já nos primeiros séculos, a comunidade cristã começou a guardar o
Pão eucarístico para os enfermos e para os moribundos, foi nascendo cada vez
mais “conatural” que se rodeasse o lugar da reserva (o Sacrário) de sinais de
fé e adoração ao Senhor. A Eucaristia na celebração é para ser comida para a
saúde das nossas almas e assimilar Cristo, Pão de vida. A Eucaristia na
prolongação é para ser adorada, festejada e cantada. Na celebração da
Eucaristia entramos em comunhão com Cristo na hora de comungá-lo. Na
prolongação da Eucaristia caímos de joelhos para agradecer, adorar, contemplar
e abrir o coração diante de quem está ali sacramentalmente presente e sabemos
que nos olha e nos ama.
Finalmente,
este culto por Cristo Eucaristia prolongado deve nos levar a cuidá-lo sempre.
Daqui a dignidade dos Sacrários: sempre colocados num lugar nobre e destacado,
convenientemente adornados, fixados permanentemente sobre um altar, pilar, ou
também metidos na parede ou incorporados a um retábulo. O Sacrário deve estar
construído de matéria sólida (podem ser metais preciosos como ouro, prata,
metal prateado, madeira, cerâmica e similares) e não transparente, fechado com
chave, num ambiente que seja fácil à oração pessoal fora do momento da
celebração, e portanto melhor numa capela separada (capela sacramental). Daqui
que junto ao Sacrário brilhe constantemente uma lâmpada, com a qual se indica e
honra a presencia real e silenciosa de Cristo. Daqui, a genuflexão quando
passamos diante dele. Daqui, os momentos pessoais de oração ou “visita” diante
do Senhor na Eucaristia. Daqui, a organização da “benção com o Santíssimo” com
uma “exposição” mais ou menos prolongada e solene para a adoração comunitária.
São momentos que deveríamos desejar, ter saudades e buscar, tanto pessoalmente
como em comunidade; momentos de oração mais pausada, meditativa e serena diante
do Sacrário.
Para
refletir e rezar:
meditemos a sequencia deste dia intitulada: “Lauda Sion”:
1.
Canta, ó Sião, com voz solene,
O
que para te redimir vem,
O
teu Rei, e o teu Pastor,
2.
Louva quanto possas,
Que
o teu louvor excede,
Pois
pouco é o seu louvor.
3.
De louvores sem medida,
O
pão vivo e que dá vida,
Alto
objeto é hoje onde for.
4.
Que o colégio dos Doze,
Nossa
Igreja reconhece,
Dado
na ceia derradeira.
5.
Ao cantar pleno e sonoro,
Com
transporte, com decoro,
Acompanhe
o coração.
6.
Pois a festa hoje se repete,
Que
recorda o convite,
A
primeira instituição.
7.
Nova Páscoa é nova lei,
O
novo Rei ao mundo leva,
E
à antiga dá seu fim.
8.
Luz sucede à noite escura,
A
verdade à figura,
O
novo ao velho festim.
9.
O que realizou na ceia,
Repetir
Cristo ordena,
Em
memória do seu amor.
10.
E no holocausto divino
Consagramos
pão e vinho,
O
exemplo do Senhor.
11.
Sendo dogma, o fiel não duvida.
Que
o vinho em sangue muda
E
a hóstia em carne divina.
12.
O que não vês nem compreendes
Com
fé valente defendes
Por
ser preternatural.
13.
Sob espécies diferentes
Só
signos e acidentes,
Grande
portento oculto está.
14.
Sangue, o vinho é, do Cordeiro;
Carne
o pão; mas Cristo inteiro
Sob
cada espécie está.
15.
Não em pedaços dividido,
Nem
incompleto, nem partido,
Mas
inteiro se nos dá.
16.
Um ou mil o seu corpo comem,
Todos
inteiro o comem,
E
nem comido perde o ser.
17.
Recebe-o tanto mau como o bom:
Para
este é de vida cheio,
Para
o outro manjar mortal.
18.
Vida ao bom, morte ao mau,
Dá
este manjar presenteado.
Ó
que efeito desigual!
19.
Dividido o Sacramento,
Não
vaciles um momento,
Que
fechado num fragmento
Como
no total está.
20.
Na coisa não há fratura,
Há
só na figura,
Nem
no seu estado e estatura
Detrimento
ao corpo dá.
21.
Pão do Anjo, pão divino,
Nutre
o homem peregrino;
Pão
de filhos, dom tão fino,
Não
se pode jogar aos cães!
22.
Por figuras anunciado,
Em
Isaac é imolado,
Maná
descido do céu,
Cordeiro
sobre o altar,
23.
Bom Pastor, Jesus clemente!
Teu
manjar de graça fonte,
Nos
proteja e apascente,
E
na alta região vivente,
Faze-nos
ver a tua gloria, ó Deus!
24.
Tu, que sabes e podes,
E
que o mortal sustentas;
Por
comensais perenes,
Ao
festim de eternos bens
Com
teus Santos, chama-nos.
Amém-Aleluia!
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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