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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo


Textos: Ex 24, 3-8; Heb 9, 11-15; Mc 14, 12-16.22-26

Evangelho (Mc 14,12-16.22-26): No primeiro dia dos Pães sem fermento, quando se sacrificava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?» Jesus enviou então dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: «Ide à cidade. Um homem carregando uma bilha de água virá ao vosso encontro. Segui-o e dizei ao dono da casa em que ele entrar: ‘O Mestre manda perguntar: Onde está a sala em que posso comer a ceia pascal com os meus discípulos? ’ Ele, então, vos mostrará, no andar de cima, uma grande sala, arrumada. Lá fareis os preparativos para nós!» Os discípulos saíram e foram à cidade. Encontraram tudo como ele tinha dito e prepararam a ceia pascal. Enquanto estavam comendo, Jesus tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e lhes deu, dizendo: «Tomai, isto é o meu corpo». Depois, pegou o cálice, deu graças, passou-o a eles, e todos beberam. E disse-lhes: «Este é o meu sangue da nova Aliança, que é derramado por muitos. Em verdade, não beberei mais do fruto da videira até o dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus».  Depois de cantarem o salmo, saíram para o Monte das Oliveiras.

«Tomai, isto é o meu corpo. Este é o meu sangue»

Mons. Josep Àngel SAIZ i Meneses Bispo de Terrassa. (Barcelona, Espanha)

Hoje, celebramos solenemente a presença eucarística de Cristo entre nós, o “dom por Excelência”: «Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de benzê-lo, partiu-o e deu-lho, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. (...). » (Mc 14,22.24). Depois lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos. Disponhamos a suscitar em nossa alma o “assombro eucarístico” (São João Paulo II).

O povo judeu em sua ceia pascal comemorava a história da salvação, as maravilhas de Deus para com seu povo, especialmente a libertação da escravidão de Egito. Nesta comemoração, cada família comia o cordeiro pascal. Jesus Cristo se converte no novo e definitivo cordeiro pascal sacrificado na cruz e comido em Pão Eucarístico.

A Eucaristia é sacrifício: é o sacrifício do corpo imolado de Cristo e de seu sangue derramado por todos nós. Na Última Ceia isto se antecipou. Ao longo da historia se irá atualizando em cada Eucaristia. Nela temos o alimento: é o novo alimento que dá vida e força ao cristão enquanto caminha em direção ao Pai.

A Eucaristia é presença de Cristo entre nós. Cristo ressuscitado e glorioso permanece entre nós de uma maneira misteriosa, mas real na Eucaristia. Esta presença implica uma atitude de adoração por nossa parte e uma atitude de comunhão pessoal com Ele. A presença eucarística nos garante que Ele permanece entre nós e opera a obra da salvação.

A Eucaristia é mistério de fé. É o centro e a chave da vida da Igreja. É a fonte e raiz da existência cristã. Sem vivência eucarística a fé cristã se reduziria a uma filosofia.

Jesus nos dá o mandamento do amor de caridade na instituição da Eucaristia. Não se trata da última recomendação do amigo que vai embora para longe ou do pai que vê próxima a morte. É a afirmação do dinamismo que Ele põe em nós. Pelo Batismo começamos uma vida nova, que é alimentada pela Eucaristia. O dinamismo desta vida leva a amar aos outros, e é um dinamismo em crescimento até dar a vida: nisto notarão que somos cristãos.

Cristo nos ama porque recebe a vida do Pai. Nós amaremos recebendo do Pai a vida, especialmente através do alimento eucarístico.

A Eucaristia é para ser celebrada (missa) e prolongada (adoração e culto).

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Esta festa do Corpus Christi nasceu no século XIII. Jesus quis entregar-se a nós como alimento para o caminho, fazendo que nós comungássemos com a sua própria Pessoa, com o seu Corpo e o seu Sangue, sob a forma do pão e vinho.

Em primeiro lugar, um pouco de história desta esplêndida Solenidade do Corpus Christi. No ano 1208, uma jovem de 17 anos, Juan de Retine, religiosa hospitaleira em Mont Cornillon (Liege, Bélgica) teve uma visão de uma lua resplandecente e cheia, mas com uma mancha. Esta visão durou dois anos. Por fim a decifrou: no esplêndido calendário litúrgico faltava uma festa da Eucaristia. Foi a origem do Corpus Christi, cuja primeira procissão se pôs em marcha pelas ruas de Liege no ano de 1245 e pelas ruas de todo o mundo a partir de 1264. A partir da festa do Corpus, a fé e o entusiasmo pela Eucaristia levou os habitantes de Bolzano (Itália) do século XIII a crer nas hóstias profanadas que começaram a sangrar. E os habitantes de Daroca (Zaragoza) do século XIII a crer no milagre dos corporais que, para defendê-las contra a profanação da soldadesca muçulmana, entre as suas dobraduras guardaram seis hóstias, que deixaram seis pegadas redondas. Só desde a fé é possível crer nestas coisas.  

Em segundo lugar, a Eucaristia tem duas dimensões: primeiro, a sua celebração, a missa, ao redor do altar; e depois, a sua prolongação, com a reserva do Pão eucarísticos no Sacrário e a conseguinte veneração e adoração que lhe dedica a comunidade cristã. A finalidade principal da Eucaristia é a sua celebração- a missa-, isto é, para os fieis comungarem o Corpo e o Sangue de Cristo. Porém, desde que, já nos primeiros séculos, a comunidade cristã começou a guardar o Pão eucarístico para os enfermos e para os moribundos, foi nascendo cada vez mais “conatural” que se rodeasse o lugar da reserva (o Sacrário) de sinais de fé e adoração ao Senhor. A Eucaristia na celebração é para ser comida para a saúde das nossas almas e assimilar Cristo, Pão de vida. A Eucaristia na prolongação é para ser adorada, festejada e cantada. Na celebração da Eucaristia entramos em comunhão com Cristo na hora de comungá-lo. Na prolongação da Eucaristia caímos de joelhos para agradecer, adorar, contemplar e abrir o coração diante de quem está ali sacramentalmente presente e sabemos que nos olha e nos ama.  

Finalmente, este culto por Cristo Eucaristia prolongado deve nos levar a cuidá-lo sempre. Daqui a dignidade dos Sacrários: sempre colocados num lugar nobre e destacado, convenientemente adornados, fixados permanentemente sobre um altar, pilar, ou também metidos na parede ou incorporados a um retábulo. O Sacrário deve estar construído de matéria sólida (podem ser metais preciosos como ouro, prata, metal prateado, madeira, cerâmica e similares) e não transparente, fechado com chave, num ambiente que seja fácil à oração pessoal fora do momento da celebração, e portanto melhor numa capela separada (capela sacramental). Daqui que junto ao Sacrário brilhe constantemente uma lâmpada, com a qual se indica e honra a presencia real e silenciosa de Cristo. Daqui, a genuflexão quando passamos diante dele. Daqui, os momentos pessoais de oração ou “visita” diante do Senhor na Eucaristia. Daqui, a organização da “benção com o Santíssimo” com uma “exposição” mais ou menos prolongada e solene para a adoração comunitária. São momentos que deveríamos desejar, ter saudades e buscar, tanto pessoalmente como em comunidade; momentos de oração mais pausada, meditativa e serena diante do Sacrário.

Para refletir e rezar: meditemos a sequencia deste dia intitulada: “Lauda Sion”:

1. Canta, ó Sião, com voz solene,
O que para te redimir vem,
O teu Rei, e o teu Pastor,

2. Louva quanto possas,
Que o teu louvor excede,
Pois pouco é o seu louvor.

3. De louvores sem medida,
O pão vivo e que dá vida,
Alto objeto é hoje onde for.

4. Que o colégio dos Doze,
Nossa Igreja reconhece,
Dado na ceia derradeira.

5. Ao cantar pleno e sonoro,
Com transporte, com decoro,
Acompanhe o coração.

6. Pois a festa hoje se repete,
Que recorda o convite,
A primeira instituição.

7. Nova Páscoa é nova lei,
O novo Rei ao mundo leva,
E à antiga dá seu fim.

8. Luz sucede à noite escura,
A verdade à figura,
O novo ao velho festim.

9. O que realizou na ceia,
Repetir Cristo ordena,
Em memória do seu amor.

10. E no holocausto divino
Consagramos pão e vinho,
O exemplo do Senhor.

11. Sendo dogma, o fiel não duvida.
Que o vinho em sangue muda
E a hóstia em carne divina.

12. O que não vês nem compreendes
Com fé valente defendes
Por ser preternatural.

13. Sob espécies diferentes
Só signos e acidentes,
Grande portento oculto está.

14. Sangue, o vinho é, do Cordeiro;
Carne o pão; mas Cristo inteiro
Sob cada espécie está.

15. Não em pedaços dividido,
Nem incompleto, nem partido,
Mas inteiro se nos dá.

16. Um ou mil o seu corpo comem,
Todos inteiro o comem,
E nem comido perde o ser.

17. Recebe-o tanto mau como o bom:
Para este é de vida cheio,
Para o outro manjar mortal.

18. Vida ao bom, morte ao mau,
Dá este manjar presenteado.
Ó que efeito desigual!

19. Dividido o Sacramento,
Não vaciles um momento,
Que fechado num fragmento
Como no total está.

20. Na coisa não há fratura,
Há só na figura,
Nem no seu estado e estatura
Detrimento ao corpo dá.

21. Pão do Anjo, pão divino,
Nutre o homem peregrino;
Pão de filhos, dom tão fino,
Não se pode jogar aos cães!

22. Por figuras anunciado,
Em Isaac é imolado,
Maná descido do céu,
Cordeiro sobre o altar,

23. Bom Pastor, Jesus clemente!
Teu manjar de graça fonte,
Nos proteja e apascente,
E na alta região vivente,
Faze-nos ver a tua gloria, ó Deus!

24. Tu, que sabes e podes,
E que o mortal sustentas;
Por comensais perenes,
Ao festim de eternos bens
Com teus Santos, chama-nos.
Amém-Aleluia!

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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