sexta-feira, 27 de abril de 2018

Sábado IV da Páscoa

S. Luís Maria G. de Montfort
Presbítero

1ª Leitura (At 13,44-52): No segundo sábado em que Paulo e Barnabé estiveram em Antioquia da Pisídia, reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus. Ao verem a multidão, os judeus encheram-se de inveja e responderam com blasfêmias às palavras de Paulo. Corajosamente, Paulo e Barnabé declararam: «Era a vós que devia ser anunciada primeiro a palavra de Deus. Mas uma vez que a rejeitais e vos julgais indignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, porque assim nos mandou o Senhor: ‘Fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da terra’». Ao ouvirem isto, os gentios encheram-se de alegria e glorificaram a palavra do Senhor; e todos os que estavam destinados à vida eterna abraçaram a fé. Assim, a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região. Mas os judeus instigaram algumas senhoras piedosas mais distintas, bem como os homens principais da cidade, e moveram uma perseguição contra Paulo e Barnabé, expulsando-os do território. Estes sacudiram contra eles a poeira dos pés e seguiram para Icónio. Entretanto, os discípulos ficavam cheios de alegria e do Espírito Santo.

Salmo Responsorial: 97
R. Todos os confins da terra viram a salvação do nosso Deus.
Cantai ao Senhor um cântico novo pelas maravilhas que Ele operou. A sua mão e o seu santo braço Lhe deram a vitória.

O Senhor deu a conhecer a salvação, revelou aos olhos das nações a sua justiça. Recordou-Se da sua bondade e fidelidade em favor da casa de Israel.

Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai
.
Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, diz o Senhor.

Evangelho (Jo 14,7-14): Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: «Se me conhecestes, conhecereis também o meu Pai. Desde já o conheceis e o tendes visto». Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta». Jesus respondeu: «Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras.  Crede-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Crede, ao menos, por causa destas obras. «Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai. E o que pedirdes em meu nome, eu o farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei».

«Eu estou no Pai e que o Pai está em mim»

P. Jacques PHILIPPE (Cordes sur Ciel, França)

Hoje, estamos convidados a reconhecer em Jesus ao Pai que se nos revela. Filipe expressa uma intuição muito justa: «Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta» (Jo, 14, 8). Ver o Pai é descobrir Deus como origem, como vida que brota, como generosidade, como dom que constantemente renova cada coisa. Do que mais precisamos? Procedemos de Deus, e cada homem e, ainda de que não seja consciente, leva o profundo desejo de voltar a Deus, de reencontrar a casa paterna e permanecer ai para sempre. Hei aqui todos os bens que possamos desejar: A vida, a luz, o amor, a paz... São Inácio de Antioquia, que foi mártir no início do século dizia: «Há em mim um água viva que murmura e disse dentro de mim: Vem ao Pai!».

Jesus nos faz entrever a profunda intimidade recíproca que existe entre Ele e o Pai. «Eu estou no Pai e que o Pai está em mim» (Jo 14,11). O que Jesus diz e que faz acha sua fonte no Pai e, o Pai se expressa plenamente em Jesus. Todo o que o Pai deseja nos dizer se encontra nas palavras e nos atos do Filho. Todo o que Ele quer cumprir no nosso favor o cumpre pelo seu Filho. Acreditar no Filho nos permite ter «aceso a Deus» (Ef 2,18).

A fé humilde e fiel em Jesus, a eleição de lhe seguir e lhe obedecer dia trás dia, nos põe em contato misterioso mas real com o mesmo mistério de Deus e, nos faz beneficiários de todas as riquezas de sua benevolência e misericórdia. Esta fé permite ao Pai levar adiante, através de nós, a obra da graça que começou no seu Filho: «Quem crê em mim fará as obras que eu faço» (Jo 14,12).

«E o que pedirdes em meu nome, eu o farei»

Rev. D. Iñaki BALLBÉ i Turu (Terrassa, Barcelona, Espanha)

Hoje, quarto Sábado de Páscoa, a Igreja convida-nos a considerar a importância que tem para um cristão, conhecer Cristo cada vez mais. Com que ferramentas contamos para o fazer? Com diversas e, todas elas, fundamentais: a leitura atenta e meditada do Evangelho; nossa resposta pessoal na oração, esforçando-nos para que seja um verdadeiro diálogo de amor, e não um mero monólogo introspectivo, e o desejo renovado diariamente por descobrir Cristo no nosso próximo mais imediato de nós: um familiar, um amigo, um vizinho que talvez necessite da nossa atenção, do nosso conselho, da nossa amizade.

«Senhor, mostra-nos o Pai», pede Filipe (Jo 14,8). Uma boa petição para que a repitamos durante todo este Sábado. — Senhor, mostra-me o teu rosto. E podemos perguntar-nos: como é o meu comportamento? Os outros, podem ver em mim o reflexo de Cristo? Em que coisa pequena poderia lutar hoje? Aos cristãos nos é necessário descobrir o que há de divino na nossa tarefa diária, a marca de Deus no que nos rodeia. No trabalho, na nossa vida de relação com os outros. E também se estamos doentes: a falta de saúde é um bom momento para nos identificarmos com Cristo que sofre. Como disse Santa Teresa de Jesus, «Se não nos determinarmos a engolir de uma vez a morte e a falta de saúde, nunca faremos nada».

O Senhor no Evangelho assegura-nos: «Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei» (Jo 14,13). — Deus é o meu Pai, que vela por mim como um Pai amoroso: não quer para mim nada de mau. Tudo o que passa — tudo o que me passa — é para o bem da minha santificação. Ainda que, com o olhos humanos, não o entendamos. Ainda que não o entendamos nunca. Aquilo — o que quer que seja – Deus o permite. Confiemos nele da mesma maneira que confiou Maria.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O evangelho de hoje começa com a pergunta de Pedro sobre o destino do discípulo amado Senhor, o que vai acontecer a ele? Jesus acabava de conversar com Pedro, anunciando o destino ou tipo de morte com que Pedro iria glorificar a Deus. E no fim Jesus acrescentou: Siga-me. (Jo 21,19).

* João 21,20-21: A pergunta de Pedro sobre o destino de João
Neste momento, Pedro virou-se e viu o discípulo a quem Jesus amava e pergunta: Senhor, o que vai acontecer a ele? Jesus acabava de indicar o destino de Pedro e agora Pedro quer saber de Jesus qual o destino deste outro discípulo. Curiosidade que não mereceu resposta adequada da parte de Jesus.

* João 21,22: A resposta misteriosa de Jesus
Jesus disse: Se eu quero que ele viva até que eu venha, o que é que você tem com isso? Quanto a você, siga-me. Frase misteriosa que termina novamente com a mesma afirmação de antes: Siga-me! Jesus parece querer barrar a curiosidade de Pedro. Assim como cada um de nós tem uma história própria, assim cada um tem o seu modo de seguir Jesus. Ninguém repete ninguém. Cada um deve ser criativo no seguimento de Jesus.

* João 21,23: O evangelista esclarece o sentido da resposta de Jesus
A tradição antiga identifica o Discípulo Amado com o Apóstolo João e informa que ele ficou muito velho, em torno de 100 anos. Ligando a idade avançada de João com a resposta misteriosa de Jesus, o evangelista esclarece: “Por isso correu a notícia entre os irmãos de que aquele discípulo não iria morrer. Porém Jesus não disse que ele não ia morrer, mas disse: "Se eu quero que ele viva até que eu venha, o que é que você tem com isso?”Talvez seja uma alerta para estar muito atento na interpretação das palavras de Jesus e não se basear em qualquer boato.

* João 21,24: Testemunho sobre o valor do evangelho
O Capítulo 21 é um apêndice que foi acrescentado quando se fez a redação definitiva do Evangelho. O capítulo 20 tem este final que encerrava tudo: “Jesus realizou diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes sinais foram escritos para que vocês acreditem que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, acreditando, vocês tenham a vida em seu nome” (Jo 20,30-31). O livro estava pronto. Mas havia muitos outros fatos sobre Jesus. Por isso, por ocasião da edição definitiva do evangelho, alguns destes "muitos outros fatos" sobre Jesus foram selecionados e acrescentados, muito provavelmente, para clarear melhor os novos problemas do fim do primeiro século. Não sabemos quem fez a redação definitiva com o apêndice, mas sabemos que é alguém de confiança da comunidade, pois escreve: “Este é o discípulo que deu testemunho dessas coisas e que as escreveu. E nós sabemos que o seu testemunho é verdadeiro”.

* João 21,25: O mistério de Jesus é inesgotável
Frase bonita para encerrar o Evangelho de João: “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que não caberiam no mundo os livros que seriam escritos”. Parece exagero, mas é a pura verdade. Ninguém jamais seria capaz de escrever todas as coisas que Jesus realizou e continua realizando na vida das pessoas que seguem Jesus até hoje!

Para confronto pessoal
1) Na sua vida existe alguma coisa que Jesus realizou que poderia ser acrescentado a este livro que nunca será escrito?
2) Pedro se preocupou demais com o outro e esqueceu de realizar o próprio “Segue-me”. Isto já aconteceu com você?

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