sexta-feira, 27 de abril de 2018

Domingo V da Páscoa


Primeira Leitura (At 9, 26-31): Naqueles dias, Saulo chegou a Jerusalém e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos o temiam, por não acreditarem que fosse discípulo. Então, Barnabé tomou-o consigo, levou-o aos Apóstolos e contou-lhes como Saulo, no caminho, tinha visto o Senhor, que lhe tinha falado, e como em Damasco tinha pregado com firmeza em nome de Jesus. A partir desse dia, Saulo ficou com eles em Jerusalém e falava com firmeza no nome do Senhor. Conversava e discutia também com os helenistas, mas estes procuravam dar-lhe a morte. Ao saberem disto, os irmãos levaram-no para Cesareia e fizeram-no seguir para Tarso. Entretanto, a Igreja gozava de paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e vivendo no temor do Senhor e ia crescendo com a assistência do Espírito Santo.

Salmo Responsorial: Sl 21 (22), 26b-27.28.30.31-32
R. Eu vos louvo, Senhor, na Assembleia dos Justos.
Cumprirei a minha promessa na presença dos vossos fiéis.
Os pobres hão de comer e serão saciados,
louvarão o Senhor os que O procuram:
vivam para sempre os seus corações.

Hão de lembrar-se do Senhor e converter-se a Ele
todos os confins da terra;
e diante d’Ele virão prostrar-se
todas as famílias das nações

Só a Ele hão de adorar
todos os grandes do mundo,
diante d’Ele se hão de prostrar
todos os que descem ao pó da terra.

Para Ele viverá a minha alma,
há de servi-l’O a minha descendência.

Falar-se-á do Senhor às gerações vindouras
e a sua justiça será revelada ao povo que há de vir: «Eis o que fez o Senhor».

Segunda Leitura (1Jo 3, 18-24): Meus filhos, não amemos com palavras e com a língua, mas com obras e em verdade. Deste modo saberemos que somos da verdade e tranquilizaremos o nosso coração diante de Deus; porque, se o nosso coração nos acusar, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas. Caríssimos, se o coração não nos acusa, tenhamos confiança diante de Deus e receberemos d’Ele tudo o que Lhe pedirmos, porque cumprimos os seus mandamentos e fazemos o que Lhe é agradável. É este o seu mandamento: acreditar no nome de seu Filho, Jesus Cristo, e amar-nos uns aos outros, como Ele nos mandou. Quem observa os seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele. E sabemos que permanece em nós pelo Espírito que nos concedeu.

Diz o Senhor: «Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós; quem permanece em Mim dá muito fruto».

Evangelho (Jo 15,1-8): «Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não dá fruto em mim, ele corta; e todo ramo que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais limpos por causa da palavra que vos falei. Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer. Quem não permanecer em mim será lançado fora, como um ramo, e secará. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. Se permanecerdes em mim, e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será dado. Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos».

«Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto»

Rev. D. Joan MARQUÉS i Suriñach (Vilamarí, Girona, Espanha)

Sta Catarina de Siena, 
Virgem e Doutora
Hoje, o Evangelho apresenta-nos a alegoria da videira e os ramos. Cristo é a verdadeira videira, nós somos os ramos e o Pai o agricultor.

O Pai pretende que demos fruto. É lógico. Um agricultor semeia a videira e a cultiva para que produza fruto abundante. Se criarmos uma empresa, vamos querer que produza. Jesus insiste: «Fui eu que vos escolhi e vos designei, para dardes fruto» (Jo 15,16).

És um escolhido. Deus te olhou. Pelo Batismo te enxertou na videira que é Cristo. Tu tens a vida de Cristo, a vida cristã. Possuis o elemento principal para dar fruto: a união com Cristo, porque «o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira» (Jo 15,4). Jesus o disse taxativamente: «sem mim, nada podeis fazer» (Jo 15,5). «Sua força é suavidade; nada tão brando como isto, e nada como isto tão firme» (São Francisco de Sales). Quantas coisas quiseste fazer afastado de Cristo? O fruto que o Pai espera de nós é aquele das boas obras, da prática das virtudes. Qual é a união com Cristo que nos faz capazes de dar este fruto? A fé e a caridade, ou seja, permanecer em graça de Deus.

Quando vives em graça, todos os atos de virtude são frutos agradáveis ao Pai. São obras que Jesus Cristo faz através de ti. São obras de Cristo que dão glória ao Pai e convertem-se em céu para ti. Vale a pena viver sempre em graça de Deus! «Quem não permanecer em mim [pelo pecado] será lançado fora, como um ramo, e secará; depois (…) são lançados ao fogo e queimados» (Jo 15,6). É uma clara alusão ao inferno. És como um ramo cheio de vida?

Que a Virgem Maria ajude-nos a aumentar a graça para produzirmos frutos em abundância que deem glória ao Pai.

Cristo é a Videira, nós os ramos.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Bto Nicolau de Narbone, presbítero
8º Prior Geral de nossa Ordem
A imagem da videira é constante na Bíblia. A relação de Israel com Deus é apresentada com esta comparação. A videira alimenta os ramos, lhes da vida. Pelos ramos corre e circula a seiva, formada com água e nutrientes compostos. A seiva transporta o alimento para os ramos. Cristo é a Videira e a seiva da Igreja, das nossas comunidades e da nossa alma (evangelho). E os frutos desses ramos unidos à Videira são: a caridade (2ª leitura), a valentia na pregação para outros se enxertarem nessa Videira que é Cristo (1ª leitura). 

Em primeiro lugar, a vinha era o emblema nacional para Israel, que a mesma coisa estava no escudo guerreiro dos Macabeus- heróis da resistência palestina contra Síria no século II a.C. - que se pendurava no templo de Jerusalém. No vestíbulo do Sancta Sanctorum estava pendurada uma gigantesca videira de ouro e o sonho do judeu emigrante, peregrino ou turista, era chegar um dia com punhado de ouro para acrescentar àquela videira uma uva àquele cacho, uma folha, uma gavinha, um ramo. Foi neste contexto agrícola e ampelógrafo, cultual e cultural quando Jesus disse: “Eu sou a videira, vós os sarmentos”, “sem mim nada podeis fazer”, e todos entenderam. Nós também? São João entendeu; quem nos seus escritos repete 24 vezes e são Paulo até 164 vezes a frase ou o seu equivalente insertados e enxertados “em Cristo Jesus”, pois fora Dele, nada, nada de nada. Nós entendemos isso, colonos da vinha mística, que é a Igreja, ramos vivos da Videira imortal, que é Cristo? Nós, por cujos vasos peneirados e liberianos corre a seiva divina, que arrasta em emulsão a graça sobrenatural, que é a vida de Deus?       

Em segundo lugar, ramos unidos ou desprendidos da Videira-Cristo? Desenlace distinto e distante. Os ramos unidos a essa Videira-Cristo, darão muito fruto. Foi o dia do nosso batismo quando os nossos ramos se uniram a essa Videira-Cristo. Desde esse dia começou a fluir em todo o nosso organismo a seiva divina, a vida de Deus, com os nutrientes da fé, da esperança e da caridade. O nosso ramo necessita mais seiva, isto é, vida divina, para crescer, desenvolver-se e obter os caules, os galhos, as folhas e os frutos esperados. Esta seiva vem injetada em nós na participação dos sacramentos, sobretudo na Eucaristia. Que frutos? Frutos na vida pessoal são as virtudes. Frutos na vida familiar: união, diálogo, respeito, fidelidade, educação dos filhos. Frutos na vida profissional: honestidade, retidão, responsabilidade. Frutos na vida pastoral: interesse pelas pessoas, abertura aos diversos grupos, movimentos e carismas, colaboração mútua, compromisso com a evangelização. Mas os ramos desprendidos dessa Videira-Cristo morrerão. O ramo se desprende da Videira- Cristo quando peca. O que acontece? O pecado mortal impede totalmente a irrigação sobrenatural e nos converte num galho seco e estéril. E para que serve um galho seco senão para ser jogado no fogo da inutilidade? As faltas veniais, as imperfeições e mediocridades constantes são como uma arteriosclerose que endurece pouco a pouco o nosso coração por falta de irrigação, pois as artérias da alma se tornam rígidas e grossas, dificultando a circulação sanguínea da vida divina.        

Finalmente, tem que ficar bem claro que os ramos mais frutíferos serão podados para darem mais fruto ainda. É um paradoxo que não podemos entender. Deus às vezes o quer e permite. É interessante repassar a vida dos santos: quanto mais santos, mais podas e provas tinham: físicas, morais e espirituais. Deus os podava para que dessem mais fruto. Provou santa Teresa de Jesus e são João da Cruz, e como os provou. Provou e podou santa Teresinha de Lisieux. Provou e podou são João Bosco. Provou e podou o santo padre Pio de Pietrelcina. Provou e podou são João Paulo II. Graças a essa poda, caem de nós os galhos inúteis, os empecilhos que dificultavam a passagem triunfal da seiva de Cristo, as folhas secas da nossa vontade própria, dos nossos desejos vácuos, infantis e caprichosos. Diante das podas, paciência. E olhar para Cristo que foi podado até o final da sua vida: bofeteado, pisoteado, feito um verme por nós na cruz. E no final deu o fruto dos frutos: a salvação eterna da humanidade e a reconciliação com o seu Pai celestial.         

Para refletir: Estou unido a Cristo- Videira na oração, na Eucaristia? Quais cachos está dando o meu ramo? Quanto tive a desgraça de me desprender dessa Videira, corri para a Confissão onde sempre receberei de novo a irrigação da vida divina perdida pelo pecado? Deixo-me podar por Deus para que o meu ramo produza o melhor fruto ou me rebelo? Ofereço aos meus irmãos os frutos dos meus ramos?  

Para rezar: Senhor, apertai o meu ramo com a vossa Videira para que cada dia a vossa vida divina invada todo o meu ser. Senhor, mandai a vossa chuva do céu para que sempre esteja verde o meu ramo e cresça. Senhor, não tenhais medo da poda, porque assim me desprenderás de todas as gavinhas inúteis. 

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

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