Textos: Gn 1, 1- 2, 2; Gn 22, 1-18; Ex 14, 15 –
15, 1; Is 54, 5-14; Is 55, 1-11; Ba 3, 9-15. 32 – 4, 4; Ez 36, 16-28; Rm 6,
3-11; Mc 16, 1-7
Evangelho (Mc
16,1-7):
Passado
o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para
ungir Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o
sol havia despontado. E diziam entre si:
“Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro?” Levantando os olhos,
elas viram removida a pedra, que era muito grande. Entrando no sepulcro, viram,
sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se.
Ele lhes falou: “Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado.
Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que
ele vos precede na Galileia. Lá o vereis como vos disse”.
«Jesus de Nazaré, o
Crucificado. Ressuscitou»
+ Mons. Ramon MALLA i Call Bispo Emérito de Lleida (Lleida,
Espanha)
Hoje,
a Igreja celebra com júbilo a festa principal: o triunfo de sua Cabeça, Cristo
Jesus. A Ressurreição de Jesus Cristo é um fato do qual não podemos duvidar. É
compreensível que não seja estranho que um fato celestial, um corpo
ressuscitado, não possa ser captado por meios terrenais. Mas, logo Maria
Madalena e a mãe do Apóstolo Thiago, recebiam um testemunho indubitável,
comprovado depois com muitas aparições, realizadas de modo tal que excluem
totalmente a suspeita de alucinações. «Não vos assusteis! Procurais Jesus, o
nazareno, aquele que foi crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui! Vede o
lugar onde o puseram!» (Mc 16,6).
Além
do gozo pelo fato da Ressurreição de Cristo, este acontecimento nos trai a
alegria de contar com uma resposta, jubilosa e clara, aos interrogantes do
homem: Que nos espera no final da vida? Que sentido tem o sofrimento na Terra?
Não podemos duvidar que, depois da morte, espera-nos uma vida nova, que será
eterna: «Lá o vereis, como ele vos disse!» (Mc 16,7). São Paulo o afirma com
grande convencimento: «E, se já morremos com Cristo, cremos que também
viveremos com Ele. Sabemos que Cristo, ressuscitado, dos mortos, não morre
mais. A morte não tem mais poder sobre ele» (Rom 6,8-9). Logicamente, à
interrogante sobre o final da vida, o cristão responde com alegre esperança.
O
Evangelho de hoje ressalta que o jovem —o anjo— que fala às mulheres, une os
dois conceitos de dor e glória: O que ressuscitou no mesmo que foi crucificado.
Diz são Leão Magno: «... (pela tua cruz) os crentes recebem a força da
debilidade, glória do opróbio e, vida da morte», as cruzes quotidianas são,
então, caminho da Ressurreição.
Deixar-nos conquistar e
envolver pela alegria desta noite, para entrar na Páscoa, junto com Jesus.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
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Na
Sexta-feira Santa e no Sábado Santo sentimos uma grande ausência e tristeza.
Altares despojados. Imagens cobertas com um pano roxo. Nem sequer uma flor.
Nada de lâmpadas acesas. E toda a Igreja, e com ela nós, permanecemos
silenciosos ao pé do sepulcro de Cristo meditando emocionados até o momento da
Vigília pascal onde o choro se transforma em alegria, a tristeza em gozo e a
solidão em presencia do Ressuscitado. A terra estéril e seca da humanidade,
agora regada com a água e o sangue do flanco de Cristo, está fazendo brotar
novos filhos de Deus e fecundidade espiritual.
Em
primeiro lugar, as mulheres do evangelho de hoje viviam na tristeza por causa
da perda de Cristo. Santas mulheres que na vida de Cristo o seguiram com
fidelidade, serviram-no com carinho oferecendo os seus bens e com a morte de
Cristo se sentiam perdidas e sem rumo. Tanto era o amor por Jesus! Deus as
premiou e lhes enviou um anjo que lhes anunciou a notícia mais importante:
“Cristo ressuscitou!” E elas, no começo, temerosas, pois não estavam preparadas
para escutar algo tão inaudito. Aliás, quem tiraria delas essa pedra que pesava
no seu coração? Mais tarde, elas se encheram de alegria e foram para anunciar e
contagiar este gozo profundo. Experimentaram na sua alma a presencia invisível
de Cristo ressuscitado, invisível aos olhos humanos e só perceptível aos olhos
da fé.
Em
segundo lugar, muitos hoje também vivem na sua tristeza e angustia existencial,
no seu cepticismo mental, no seu ateísmo prático, no seu indiferentismo
religioso, no seu pragmatismo fácil, no seu hedonismo sensual. Também estas
pessoas necessitam escutar hoje da boca da Igreja que Cristo vive e
ressuscitou. Nós devemos ser esses “anjos” que os animem e abram para eles a
esperança da ressurreição de Cristo. Só assim converterão a sua angústia
existencial em serenidade, o seu cepticismo e ateísmo em fé sobrenatural, o seu
indiferentismo em interesse positivo pela religião, o seu pragmatismo em
gratuidade e adoração, o seu hedonismo em busca do sentido da cruz de cada dia.
Que aconteça em nós o diz o Papa Francisco: “O grande risco do mundo atual, com
a sua múltipla e esmagadora oferta de consumo, é uma tristeza individualista
que brota do coração cômodo e avaro, da busca doentia de prazeres superficiais,
da consciência isolada” (Evangelii gaudium, 2).
Finalmente,
quem sabe nós necessitamos escutar esta esplêndida notícia: “A alegria do
Evangelho enche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus. Quem
se deixa salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio
interior, do isolamento. Com Jesus Cristo sempre nasce e renasce a alegria”
(Evangelii gaudium, 1). Na carta “Alegrem-se”, dedicada aos consagrados, nos
diz: “A alegria não é um enfeite supérfluo, é uma exigência e fundamento da
vida humana. Na peleja de cada dia, todo homem e mulher tende a alcançar e
viver a alegria com todo o seu ser. No mundo com frequência chega a faltar a
alegria. Não estamos chamados a realizar gestos épicos nem a proclamar palavras
altissonantes, mas a testemunhar a alegria que provem da certeza de nos sentir
amados e da confiança de ser salvos”. “Todo cristão, especialmente nós,
consagrados, estamos chamados a sermos portadores desta mensagem de esperança
que dá serenidade e alegria: a consolação de Deus, a sua ternura para com
todos. Porém, só poderemos ser portadores se experimentarmos antes a alegria de
ser consolados por Ele, de ser amados por Ele” (Papa Francisco 7 de julho de
2013 aos noviços e seminaristas em Roma).
Para
refletir:
Deixo-me contagiar pela
alegria de Cristo ressuscitado? Ou vivo num contínuo tédio, tristeza e
angustia? Por quê? Transmito a alegria de Cristo ao meu redor, na minha
família, no trabalho, na paróquia, nas comunidades?
Para
rezar: Rezemos com o Papa Francisco: “Este é
o momento para dizer a Jesus Cristo: Senhor, deixei-me enganar, de mil formas
fugi do vosso amor; mas aqui estou de volta para renovar a minha aliança
convosco. Necessito-vos. Resgatai-me de novo, Senhor, aceitai-me uma vez mais
entre os vossos braços redentores” (Evangelii gaudium, 3). Livrai-me do egoísmo
e da auto referência. Em Vós e no serviço ao meu irmão encontro a verdadeira
alegria.
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