sexta-feira, 30 de março de 2018

Sábado Santo - VIGILIA PASCAL


Textos: Gn 1, 1- 2, 2; Gn 22, 1-18; Ex 14, 15 – 15, 1; Is 54, 5-14; Is 55, 1-11; Ba 3, 9-15. 32 – 4, 4; Ez 36, 16-28; Rm 6, 3-11; Mc 16, 1-7

Evangelho (Mc 16,1-7): Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado.  E diziam entre si: “Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro?” Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande. Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: “Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram.  Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis como vos disse”.

«Jesus de Nazaré, o Crucificado. Ressuscitou»

+ Mons. Ramon MALLA i Call Bispo Emérito de Lleida (Lleida, Espanha)

Hoje, a Igreja celebra com júbilo a festa principal: o triunfo de sua Cabeça, Cristo Jesus. A Ressurreição de Jesus Cristo é um fato do qual não podemos duvidar. É compreensível que não seja estranho que um fato celestial, um corpo ressuscitado, não possa ser captado por meios terrenais. Mas, logo Maria Madalena e a mãe do Apóstolo Thiago, recebiam um testemunho indubitável, comprovado depois com muitas aparições, realizadas de modo tal que excluem totalmente a suspeita de alucinações. «Não vos assusteis! Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui! Vede o lugar onde o puseram!» (Mc 16,6).

Além do gozo pelo fato da Ressurreição de Cristo, este acontecimento nos trai a alegria de contar com uma resposta, jubilosa e clara, aos interrogantes do homem: Que nos espera no final da vida? Que sentido tem o sofrimento na Terra? Não podemos duvidar que, depois da morte, espera-nos uma vida nova, que será eterna: «Lá o vereis, como ele vos disse!» (Mc 16,7). São Paulo o afirma com grande convencimento: «E, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele. Sabemos que Cristo, ressuscitado, dos mortos, não morre mais. A morte não tem mais poder sobre ele» (Rom 6,8-9). Logicamente, à interrogante sobre o final da vida, o cristão responde com alegre esperança.

O Evangelho de hoje ressalta que o jovem —o anjo— que fala às mulheres, une os dois conceitos de dor e glória: O que ressuscitou no mesmo que foi crucificado. Diz são Leão Magno: «... (pela tua cruz) os crentes recebem a força da debilidade, glória do opróbio e, vida da morte», as cruzes quotidianas são, então, caminho da Ressurreição.

Deixar-nos conquistar e envolver pela alegria desta noite, para entrar na Páscoa, junto com Jesus.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

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Na Sexta-feira Santa e no Sábado Santo sentimos uma grande ausência e tristeza. Altares despojados. Imagens cobertas com um pano roxo. Nem sequer uma flor. Nada de lâmpadas acesas. E toda a Igreja, e com ela nós, permanecemos silenciosos ao pé do sepulcro de Cristo meditando emocionados até o momento da Vigília pascal onde o choro se transforma em alegria, a tristeza em gozo e a solidão em presencia do Ressuscitado. A terra estéril e seca da humanidade, agora regada com a água e o sangue do flanco de Cristo, está fazendo brotar novos filhos de Deus e fecundidade espiritual.

Em primeiro lugar, as mulheres do evangelho de hoje viviam na tristeza por causa da perda de Cristo. Santas mulheres que na vida de Cristo o seguiram com fidelidade, serviram-no com carinho oferecendo os seus bens e com a morte de Cristo se sentiam perdidas e sem rumo. Tanto era o amor por Jesus! Deus as premiou e lhes enviou um anjo que lhes anunciou a notícia mais importante: “Cristo ressuscitou!” E elas, no começo, temerosas, pois não estavam preparadas para escutar algo tão inaudito. Aliás, quem tiraria delas essa pedra que pesava no seu coração? Mais tarde, elas se encheram de alegria e foram para anunciar e contagiar este gozo profundo. Experimentaram na sua alma a presencia invisível de Cristo ressuscitado, invisível aos olhos humanos e só perceptível aos olhos da fé.

Em segundo lugar, muitos hoje também vivem na sua tristeza e angustia existencial, no seu cepticismo mental, no seu ateísmo prático, no seu indiferentismo religioso, no seu pragmatismo fácil, no seu hedonismo sensual. Também estas pessoas necessitam escutar hoje da boca da Igreja que Cristo vive e ressuscitou. Nós devemos ser esses “anjos” que os animem e abram para eles a esperança da ressurreição de Cristo. Só assim converterão a sua angústia existencial em serenidade, o seu cepticismo e ateísmo em fé sobrenatural, o seu indiferentismo em interesse positivo pela religião, o seu pragmatismo em gratuidade e adoração, o seu hedonismo em busca do sentido da cruz de cada dia. Que aconteça em nós o diz o Papa Francisco: “O grande risco do mundo atual, com a sua múltipla e esmagadora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração cômodo e avaro, da busca doentia de prazeres superficiais, da consciência isolada” (Evangelii gaudium, 2).

Finalmente, quem sabe nós necessitamos escutar esta esplêndida notícia: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus. Quem se deixa salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo sempre nasce e renasce a alegria” (Evangelii gaudium, 1). Na carta “Alegrem-se”, dedicada aos consagrados, nos diz: “A alegria não é um enfeite supérfluo, é uma exigência e fundamento da vida humana. Na peleja de cada dia, todo homem e mulher tende a alcançar e viver a alegria com todo o seu ser. No mundo com frequência chega a faltar a alegria. Não estamos chamados a realizar gestos épicos nem a proclamar palavras altissonantes, mas a testemunhar a alegria que provem da certeza de nos sentir amados e da confiança de ser salvos”. “Todo cristão, especialmente nós, consagrados, estamos chamados a sermos portadores desta mensagem de esperança que dá serenidade e alegria: a consolação de Deus, a sua ternura para com todos. Porém, só poderemos ser portadores se experimentarmos antes a alegria de ser consolados por Ele, de ser amados por Ele” (Papa Francisco 7 de julho de 2013 aos noviços e seminaristas em Roma).

Para refletir: Deixo-me contagiar pela alegria de Cristo ressuscitado? Ou vivo num contínuo tédio, tristeza e angustia? Por quê? Transmito a alegria de Cristo ao meu redor, na minha família, no trabalho, na paróquia, nas comunidades?

Para rezar: Rezemos com o Papa Francisco: “Este é o momento para dizer a Jesus Cristo: Senhor, deixei-me enganar, de mil formas fugi do vosso amor; mas aqui estou de volta para renovar a minha aliança convosco. Necessito-vos. Resgatai-me de novo, Senhor, aceitai-me uma vez mais entre os vossos braços redentores” (Evangelii gaudium, 3). Livrai-me do egoísmo e da auto referência. Em Vós e no serviço ao meu irmão encontro a verdadeira alegria.

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