Textos: Atos 10, 34.37-43; Col 3, 1-4; Jo 20,
1-9
Salmo Responsorial: 117
R. Este é o dia que o
Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
Dai
graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Diga a
casa de Israel: é eterna a sua misericórdia.
A
mão do Senhor fez prodígios, a mão do Senhor foi magnífica. Não morrerei, mas
hei de viver, para anunciar as obras do Senhor.
A
pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do
Senhor: e é admirável aos nossos olhos.
2ª Leitura (Col 3,1-4): Irmãos: Se
ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra,
sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra.
Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando
Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de
manifestar com Ele na glória.
Cristo, nosso Cordeiro
Pascal, foi imolado: celebremos a festa do Senhor.
Evangelho
(Jo 20,1-9): No primeiro dia da semana, bem de
madrugada, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a
pedra tinha sido retirada do túmulo. Ela saiu correndo e foi se encontrar com
Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Disse-lhes:
«Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram». Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao
túmulo. Os dois corriam juntos, e o outro discípulo correu mais depressa,
chegando primeiro ao túmulo. Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas
não entrou. Simão Pedro, que vinha seguindo, chegou também e entrou no túmulo.
Ele observou as faixas de linho no chão, e o pano que tinha coberto a cabeça de
Jesus: este pano não estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. O
outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e
creu. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura segundo a qual
ele devia ressuscitar dos mortos.
«O outro discípulo, que
tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu»
Mons. Joan Enric VIVES i Sicília Bispo de Urgell (Lleida,
Espanha)
Hoje
«é o dia que o Senhor fez», iremos cantando ao longo de toda a Páscoa. Essa
expressão do Salmo 117 inunda a celebração da fé cristã, O Pai ressuscitou a
seu Filho Jesus Cristo, o Amado, Aquele em quem se compraz porque amou a ponto
de dar sua vida por todos.
Vivamos
a Páscoa com muita alegria. Cristo ressuscitou: celebremo-lo cheios de alegria
e de amor. Hoje, Jesus Cristo venceu a morte, o pecado, a tristeza… e nos abriu
as portas da nova vida, a autêntica vida que o Espírito Santo continua a nos
dar por pura graça. Que ninguém fique triste! Cristo é nossa Paz e nosso
Caminho para sempre. Ele, hoje, «revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua
vocação sublime» (Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes 22).
O
grande sinal que nos dá o Evangelho é que o sepulcro de Jesus está vazio. Já
não temos de procurar entre os mortos Aquele que vive, porque ressuscitou. E os
discípulos, que depois o verão Ressuscitado, isto é, que o experimentarão vivo
em um maravilhoso encontro de fé, percebem que há um vazio no lugar de sua
sepultura. Sepulcro vazio e aparições serão os grandes sinais para a fé do
crente. O Evangelho diz que «o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao
túmulo, entrou também, viu e creu» (Jo 20,8). Ele soube compreender, pela fé,
que aquele vazio e, por sua vez, aquela mortalha e aquele sudário bem dobrados,
eram pequenos sinais do passo de Deus, da nova vida. O amor sabe captar, a
partir de pequenos detalhes, o que os outros, sem ele, não captam. O «discípulo
que Jesus mais amava» (Jo 20,2) guiava-se pelo amor que havia recebido de
Cristo.
O
“ver” e o “crer” dos discípulos hão de ser também os nossos. Renovemos nossa fé
pascoal. Que Cristo seja, em tudo, o nosso Senhor. Deixemos que sua Vida
vivifique a nossa e renovemos a graça do batismo que recebemos. Façamo-nos seus
apóstolos e seus discípulos. Guiemo-nos pelo amor e anunciemos a todo o mundo a
felicidade de crer em Jesus Cristo. Sejamos testemunhos esperançosos de sua
Ressurreição.
Vivamos uma vida pascal,
pois há em nós um desejo de ser imortais.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
Páscoa
é muito mais que uma festa ou tempo litúrgico. É um estilo de vida, um modo de
pensar, de sentir, de querer, de agir, de falar, que começa aqui na terra e se
prolonga na eternidade. Páscoa é compromisso com uma nova vida com Cristo
Ressuscitado, que implica um morrer ao homem velho e um viver segundo o homem
novo. E este compromisso começou no dia do batismo. E se prolonga na
eternidade.
Em
primeiro lugar, antes da Páscoa os apóstolos atuavam de modo muito humano na
sua vida. Pensavam com categorias humanas. Reagiam e se comportavam muito
humanamente. Buscavam só as coisas daqui de baixo, como nos lembra hoje são Paulo
na sua carta aos colossenses. Agora entendemos tantos defeitos destes apóstolos
de Jesus: as suas invejas e ambições, as suas brigas e intransigências, as suas
fraquezas e debilidades, medos e covardias. A ressurreição de Cristo lhes deu a
força, a coragem e a valentia que necessitavam para levar uma vida nova de
maior entrega aos demais, uma energia para o bem, maior valentia na luta contra
mal, uma fé e esperança mais firmes. E depois da ressurreição se lançaram a
serem testemunhas da ressurreição de Cristo por todo o mundo com ousadia, até
sofrer o martírio por Ele. Sim, por convencidos pregaram essa ressurreição que
eles presenciaram; por pregá-la eles puseram em jogo a vida e, por pôr em jogo
a própria vida, perderam-na, dando o seu sangue por Cristo. E agora vivem
eternamente essa vida do Ressuscitado.
Em
segundo lugar, pela força do testemunho e da vida destes apóstolos, detrás
deles correram à fé milhões de todas as raças, séculos, culturas, continentes,
civilizações… Por dois mil anos, como heróis. E também mudaram de vida. De uma
vida talvez dissipada a uma vida boa. De uma vida boa a uma vida melhor. De uma
vida melhor a uma vida santa. Isto é viver segundo a Páscoa. Que nos falem
santa Maria Madalena e santo Agostinho, que falem santa Catarina de Sena e são
Bernardo de Claraval; que falem santa Teresa e santo Inácio de Loiola. E que
fale cada um de nós. Cada ano nós entramos no sepulcro como são João: “vemos e
cremos”. E graças a essa fé podemos viver uma vida nova, por ter morto ao homem
velho e passional.
Finalmente,
para quem vive como disse o poeta alemão Hans Thomma: “Venho e não sei de onde,
sou e não sei quem sou, vivo sem saber quanto, morro e não sei quando, parto
sem saber para onde, maravilha-me ser feliz”, eu sim sei responder a isto:
Cristo ressuscitado dá a resposta; ou melhor, Ele é a resposta. E se a
ressurreição for mentira? Confesso que não tenho uma só razão filosófica para
rejeitar essa ideia, mas desafio a qualquer um que me mostre pelo menos uma
razão para eu refutá-la. E se a ressurreição for verdade? Confesso que não
tenho uma só razão filosófica para demonstrá-la, mas desafio a qualquer um que
me mostre uma só razão para eu refutá-la. Eu não tenho razões humanas. Mas
tenho razão: os testemunhos, vidas heroicas, mortes soberanas, das testemunhas
do ressuscitado. E quando doze homens e, milhões depois deles, morrem por
alguém é que morrem por algo: pela verdade. Quem dá mais? Levamos dentro a
ânsia de uma vida nova e o desejo de ser imortais.
Para
refletir:
Percebe-se em mim a vida
nova de Cristo ressuscitado? Em que: nos meus pensamentos limpos e nobres, nos
meus afetos ordenados e puros, nas minhas palavras sinceras e autênticas, nas
minhas decisões honestas e retas?
Para
rezar: Senhor, que também eu dê testemunho da
vossa ressurreição para que os que me cercam creiam que Vós estais vivo e eles
vos sigam.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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