sexta-feira, 30 de março de 2018

Domingo de Páscoa


Textos: Atos 10, 34.37-43; Col 3, 1-4; Jo 20, 1-9

1ª Leitura (At 10,34a.37-43): Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-no, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se¬, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d'Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».

Salmo Responsorial: 117
R. Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Diga a casa de Israel: é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios, a mão do Senhor foi magnífica. Não morrerei, mas hei de viver, para anunciar as obras do Senhor.

A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor: e é admirável aos nossos olhos.

2ª Leitura (Col 3,1-4): Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.

Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado: celebremos a festa do Senhor.

Evangelho (Jo 20,1-9): No primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Ela saiu correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Disse-lhes: «Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram».  Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos, e o outro discípulo correu mais depressa, chegando primeiro ao túmulo. Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. Simão Pedro, que vinha seguindo, chegou também e entrou no túmulo. Ele observou as faixas de linho no chão, e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus: este pano não estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos.

«O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu»

Mons. Joan Enric VIVES i Sicília Bispo de Urgell (Lleida, Espanha)

Hoje «é o dia que o Senhor fez», iremos cantando ao longo de toda a Páscoa. Essa expressão do Salmo 117 inunda a celebração da fé cristã, O Pai ressuscitou a seu Filho Jesus Cristo, o Amado, Aquele em quem se compraz porque amou a ponto de dar sua vida por todos.

Vivamos a Páscoa com muita alegria. Cristo ressuscitou: celebremo-lo cheios de alegria e de amor. Hoje, Jesus Cristo venceu a morte, o pecado, a tristeza… e nos abriu as portas da nova vida, a autêntica vida que o Espírito Santo continua a nos dar por pura graça. Que ninguém fique triste! Cristo é nossa Paz e nosso Caminho para sempre. Ele, hoje, «revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime» (Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes 22).

O grande sinal que nos dá o Evangelho é que o sepulcro de Jesus está vazio. Já não temos de procurar entre os mortos Aquele que vive, porque ressuscitou. E os discípulos, que depois o verão Ressuscitado, isto é, que o experimentarão vivo em um maravilhoso encontro de fé, percebem que há um vazio no lugar de sua sepultura. Sepulcro vazio e aparições serão os grandes sinais para a fé do crente. O Evangelho diz que «o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu» (Jo 20,8). Ele soube compreender, pela fé, que aquele vazio e, por sua vez, aquela mortalha e aquele sudário bem dobrados, eram pequenos sinais do passo de Deus, da nova vida. O amor sabe captar, a partir de pequenos detalhes, o que os outros, sem ele, não captam. O «discípulo que Jesus mais amava» (Jo 20,2) guiava-se pelo amor que havia recebido de Cristo.

O “ver” e o “crer” dos discípulos hão de ser também os nossos. Renovemos nossa fé pascoal. Que Cristo seja, em tudo, o nosso Senhor. Deixemos que sua Vida vivifique a nossa e renovemos a graça do batismo que recebemos. Façamo-nos seus apóstolos e seus discípulos. Guiemo-nos pelo amor e anunciemos a todo o mundo a felicidade de crer em Jesus Cristo. Sejamos testemunhos esperançosos de sua Ressurreição.

Vivamos uma vida pascal, pois há em nós um desejo de ser imortais.

Pe. Antonio Rivero, L.C.

Páscoa é muito mais que uma festa ou tempo litúrgico. É um estilo de vida, um modo de pensar, de sentir, de querer, de agir, de falar, que começa aqui na terra e se prolonga na eternidade. Páscoa é compromisso com uma nova vida com Cristo Ressuscitado, que implica um morrer ao homem velho e um viver segundo o homem novo. E este compromisso começou no dia do batismo. E se prolonga na eternidade.

Em primeiro lugar, antes da Páscoa os apóstolos atuavam de modo muito humano na sua vida. Pensavam com categorias humanas. Reagiam e se comportavam muito humanamente. Buscavam só as coisas daqui de baixo, como nos lembra hoje são Paulo na sua carta aos colossenses. Agora entendemos tantos defeitos destes apóstolos de Jesus: as suas invejas e ambições, as suas brigas e intransigências, as suas fraquezas e debilidades, medos e covardias. A ressurreição de Cristo lhes deu a força, a coragem e a valentia que necessitavam para levar uma vida nova de maior entrega aos demais, uma energia para o bem, maior valentia na luta contra mal, uma fé e esperança mais firmes. E depois da ressurreição se lançaram a serem testemunhas da ressurreição de Cristo por todo o mundo com ousadia, até sofrer o martírio por Ele. Sim, por convencidos pregaram essa ressurreição que eles presenciaram; por pregá-la eles puseram em jogo a vida e, por pôr em jogo a própria vida, perderam-na, dando o seu sangue por Cristo. E agora vivem eternamente essa vida do Ressuscitado.   

Em segundo lugar, pela força do testemunho e da vida destes apóstolos, detrás deles correram à fé milhões de todas as raças, séculos, culturas, continentes, civilizações… Por dois mil anos, como heróis. E também mudaram de vida. De uma vida talvez dissipada a uma vida boa. De uma vida boa a uma vida melhor. De uma vida melhor a uma vida santa. Isto é viver segundo a Páscoa. Que nos falem santa Maria Madalena e santo Agostinho, que falem santa Catarina de Sena e são Bernardo de Claraval; que falem santa Teresa e santo Inácio de Loiola. E que fale cada um de nós. Cada ano nós entramos no sepulcro como são João: “vemos e cremos”. E graças a essa fé podemos viver uma vida nova, por ter morto ao homem velho e passional.   

Finalmente, para quem vive como disse o poeta alemão Hans Thomma: “Venho e não sei de onde, sou e não sei quem sou, vivo sem saber quanto, morro e não sei quando, parto sem saber para onde, maravilha-me ser feliz”, eu sim sei responder a isto: Cristo ressuscitado dá a resposta; ou melhor, Ele é a resposta. E se a ressurreição for mentira? Confesso que não tenho uma só razão filosófica para rejeitar essa ideia, mas desafio a qualquer um que me mostre pelo menos uma razão para eu refutá-la. E se a ressurreição for verdade? Confesso que não tenho uma só razão filosófica para demonstrá-la, mas desafio a qualquer um que me mostre uma só razão para eu refutá-la. Eu não tenho razões humanas. Mas tenho razão: os testemunhos, vidas heroicas, mortes soberanas, das testemunhas do ressuscitado. E quando doze homens e, milhões depois deles, morrem por alguém é que morrem por algo: pela verdade. Quem dá mais? Levamos dentro a ânsia de uma vida nova e o desejo de ser imortais.    

Para refletir: Percebe-se em mim a vida nova de Cristo ressuscitado? Em que: nos meus pensamentos limpos e nobres, nos meus afetos ordenados e puros, nas minhas palavras sinceras e autênticas, nas minhas decisões honestas e retas?

Para rezar: Senhor, que também eu dê testemunho da vossa ressurreição para que os que me cercam creiam que Vós estais vivo e eles vos sigam.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail:  arivero@legionaries.org

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