quinta-feira, 6 de julho de 2017

Sexta-feira da 13ª semana do Tempo Comum

Evangelho (Mt 9,9-13): Ao passar, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: "Siga-me!" Ele se levantou, e seguiu a Jesus.Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos.Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?"Jesus ouviu a pergunta e respondeu: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes.Aprendam, pois, o que significa: 'Eu quero a misericórdia e não o sacrifício'. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores."

A nova evangelização: renovação da Igreja

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI) (Città del Vaticano)

Hoje contemplamos o amor misericordioso de Deus: compadecendo nossa debilidade, veio para "chamar-nos" e "levar-nos" ao seu Amor. A Igreja, abraçando em seu seio aos pecadores, é ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificação, e procura sem cessar a conversão. Esta renovação forma parte da "nova evangelização". Assim, a celebração do Jubileu dos 2000, a convocatória do "Ano da fé" e outros eventos constitui um convite a uma autêntica conversão ao Senhor.

A fé deve plasmar-se em obras de amor. A renovação da Igreja passa também através do testemunho oferecido pela vida dos crentes: com sua mesma existência no mundo, os cristãos estão chamados a fazer resplandecer a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou.

—Pela fé, a vida nova do batizado configura a inteira existência humana na novidade radical da ressurreição. A fé que atua por amor se converte em um novo critério de pensamento e de ação que muda a vida do homem.

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.

* O Sermão da Montanha ocupou os capítulos 5 a 7 do evangelho de Mateus. A parte narrativa dos capítulos 8 e 9, tem como finalidade mostrar como Jesus praticava o que acabava de ensinar. No Sermão da Montanha, ele ensinou o acolhimento (Mt 5,23-25.38-42.43). Agora, ele mesmo o pratica acolhendo leprosos (Mt 8,1-4), estrangeiros (Mt 8,5-13), mulheres (Mt 8,14-15), doentes (Mt 8,16-17), endemoninhados (Mt 8,28-34), paralíticos (Mt 9,1-8), publicanos (Mt 9,9-13), pessoas impuras (Mt 9,20-22), etc. Jesus rompe com as normas e costumes que excluíam e dividiam as pessoas, isto é, o medo e a falta de fé (Mt 8,23-27) e as leis da pureza (9,14-17), e não faz segredo das exigências para os que querem segui-lo. Eles terão que ter a coragem de largar muita coisa (Mt 8,18-22). Assim, nas atitudes e na prática de Jesus, aparece em que consistem o Reino e a observância perfeita da Lei de Deus.

* Mateus 9,9:  O chamado para seguir Jesus.
As primeiras pessoas chamadas para seguir Jesus eram quatro pescadores, todos judeus (Mt 4,18-22). Agora, Jesus chama um publicano, considerado pecador e tratado como impuro pelas comunidades mais observantes dos fariseus. Nos outros evangelhos, este publicano se chama Levi. Aqui, o nome dele é Mateus que significa dom de Deus ou dado por Deus. As comunidades, em vez de excluir o publicano como impuro, devem considerá-lo como um Dom de Deus para a comunidade, pois a presença dele faz com que a comunidade se torne sinal de salvação para todos! Como os primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus larga tudo que tem e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus largou a coletoria, sua fonte de renda, e foi atrás de Jesus!

* Mateus 9,10: Jesus senta à mesa junto com pecadores e publicanos
Naquele tempo, os judeus viviam separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar comunhão de mesa com os pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha como sendo uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt 5,44-48). A missão das comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham lugar. Mas esta nova lei não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as pessoas vindas do paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma mesa (cf. At 10,28; 11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como Jesus comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa. 

* Mateus 9,11: A pergunta dos fariseus
Para os judeus era proibida a comunhão de mesa com publicanos e pagãos, mas Jesus nem liga. Ele até faz uma confraternização com eles. Os fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?" Esta pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber por que Jesus agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao comportamento de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até à época de Jesus, os judeus tinham observado as leis da pureza. Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal identidade. Ao mesmo tempo, era fator de sua separação no meio dos outros povos. Assim, por causa das leis da pureza, não podiam nem conseguiam sentar na mesma mesa para comer com pagãos. Comer com pagãos significava contaminar-se, tornar-se impuro. Os preceitos da pureza legal eram rigorosamente observados, tanto na Palestina como nas comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de quinhentos preceitos para preservar a pureza. Nos anos setenta, época em que Mateus escreve, este conflito era muito atual.

* Mateus 9,12-13: Eu quero misericórdia e não sacrifício
Jesus ouviu a pergunta dos fariseus aos discípulos e responde com dois esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Por meio destes dois esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a sua missão junto ao povo: “Eu não vim para chamar os justos, e sim os pecadores".  Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita os argumentos deles, pois nasciam de uma ideia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).

Para um confronto pessoal
1. Hoje, na nossa sociedade, quem é o marginalizado e o excluído? Por que? Na nossa comunidade temos preconceitos? Quais? Qual o desafio que as palavras de Jesus colocam para a nossa comunidade hoje?
2. Jesus manda o povo ler e entender o Antigo Testamento que diz: "Quero misericórdia e não sacrifício". O que Jesus quer com isto para nós hoje?

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