Evangelho (Mt
9,9-13): Ao passar, Jesus viu um homem
chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse:
"Siga-me!" Ele se levantou, e seguiu a Jesus.
Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos
cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus
discípulos.
Alguns
fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e
os pecadores?"
Jesus
ouviu a pergunta e respondeu: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as
que estão doentes.
Aprendam,
pois, o que significa: 'Eu quero a misericórdia e não o sacrifício'. Porque eu não vim para chamar justos, e sim
pecadores."
A nova evangelização:
renovação da Igreja
REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de
Bento XVI) (Città del Vaticano)
Hoje
contemplamos o amor misericordioso de Deus: compadecendo nossa debilidade, veio
para "chamar-nos" e "levar-nos" ao seu Amor. A Igreja,
abraçando em seu seio aos pecadores, é ao mesmo tempo santa e sempre
necessitada de purificação, e procura sem cessar a conversão. Esta renovação
forma parte da "nova evangelização". Assim, a celebração do Jubileu
dos 2000, a convocatória do "Ano da fé" e outros eventos constitui um
convite a uma autêntica conversão ao Senhor.
A fé deve
plasmar-se em obras de amor. A renovação da Igreja passa também através do
testemunho oferecido pela vida dos crentes: com sua mesma existência no mundo, os
cristãos estão chamados a fazer resplandecer a Palavra de verdade que o Senhor
Jesus nos deixou.
—Pela fé, a
vida nova do batizado configura a inteira existência humana na novidade radical
da ressurreição. A fé que atua por amor se converte em um novo critério de
pensamento e de ação que muda a vida do homem.
Reflexões de
Frei Carlos Mesters, O.Carm.
* O Sermão da Montanha ocupou os capítulos 5 a 7 do evangelho
de Mateus. A parte narrativa dos capítulos 8 e 9, tem como finalidade mostrar
como Jesus praticava o que acabava de ensinar. No Sermão da Montanha, ele
ensinou o acolhimento (Mt 5,23-25.38-42.43). Agora, ele mesmo o pratica
acolhendo leprosos (Mt 8,1-4), estrangeiros (Mt 8,5-13), mulheres (Mt 8,14-15),
doentes (Mt 8,16-17), endemoninhados (Mt 8,28-34), paralíticos (Mt 9,1-8),
publicanos (Mt 9,9-13), pessoas impuras (Mt 9,20-22), etc. Jesus rompe com as
normas e costumes que excluíam e dividiam as pessoas, isto é, o medo e a falta
de fé (Mt 8,23-27) e as leis da pureza (9,14-17), e não faz segredo das
exigências para os que querem segui-lo. Eles terão que ter a coragem de largar
muita coisa (Mt 8,18-22). Assim, nas atitudes e na prática de Jesus, aparece em
que consistem o Reino e a observância perfeita da Lei de Deus.
* Mateus 9,9: O chamado para seguir Jesus.
As primeiras
pessoas chamadas para seguir Jesus eram quatro pescadores, todos judeus (Mt
4,18-22). Agora, Jesus chama um publicano, considerado pecador e tratado como
impuro pelas comunidades mais observantes dos fariseus. Nos outros evangelhos,
este publicano se chama Levi. Aqui, o nome dele é Mateus que significa dom de
Deus ou dado por Deus. As comunidades, em vez de excluir o publicano como
impuro, devem considerá-lo como um Dom de Deus para a comunidade, pois a
presença dele faz com que a comunidade se torne sinal de salvação para todos!
Como os primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus larga tudo que tem
e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus largou a coletoria,
sua fonte de renda, e foi atrás de Jesus!
* Mateus 9,10: Jesus senta à mesa
junto com pecadores e publicanos
Naquele
tempo, os judeus viviam separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com
eles na mesma mesa. Os judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar
comunhão de mesa com os pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no
Sermão da Montanha como sendo uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt
5,44-48). A missão das comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham
lugar. Mas esta nova lei não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as
pessoas vindas do paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma
mesa (cf. At 10,28; 11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como
Jesus comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.
* Mateus 9,11: A pergunta dos fariseus
Para os
judeus era proibida a comunhão de mesa com publicanos e pagãos, mas Jesus nem
liga. Ele até faz uma confraternização com eles. Os fariseus, vendo a atitude
de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os
cobradores de impostos e os pecadores?" Esta pergunta pode ser
interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber por que Jesus
agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao comportamento
de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na
Babilônia até à época de Jesus, os judeus tinham observado as leis da pureza.
Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal identidade. Ao
mesmo tempo, era fator de sua separação no meio dos outros povos. Assim, por
causa das leis da pureza, não podiam nem conseguiam sentar na mesma mesa para
comer com pagãos. Comer com pagãos significava contaminar-se, tornar-se impuro.
Os preceitos da pureza legal eram rigorosamente observados, tanto na Palestina
como nas comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de
quinhentos preceitos para preservar a pureza. Nos anos setenta, época em que
Mateus escreve, este conflito era muito atual.
* Mateus 9,12-13: Eu quero
misericórdia e não sacrifício
Jesus ouviu a
pergunta dos fariseus aos discípulos e responde com dois esclarecimentos. O
primeiro é tirado do bom senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de
médico, mas só as que estão doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam,
pois, o que significa: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Por meio
destes dois esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a sua missão junto ao
povo: “Eu não vim para chamar os justos, e sim os pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita
os argumentos deles, pois nasciam de uma ideia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo
invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus
a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição
profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos
sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se
comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).
Para um confronto pessoal
1. Hoje, na nossa sociedade, quem é o marginalizado e o
excluído? Por que? Na nossa comunidade temos preconceitos? Quais? Qual o
desafio que as palavras de Jesus colocam para a nossa comunidade hoje?
2. Jesus manda o povo ler e entender o Antigo Testamento
que diz: "Quero misericórdia e não sacrifício". O que Jesus quer com
isto para nós hoje?
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