São Martinho de Porres, OP, religioso |
Evangelho
(Lc 15,1-10): Naquele tempo, Todos os
publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para escutá-lo. Os fariseus e os
escribas, porém, murmuravam contra ele. «Este homem acolhe os pecadores e come
com eles». Então ele contou-lhes esta
parábola: «Quem de vós que tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e
nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? E quando a
encontra, alegre a põe nos ombros e, chegando em casa, reúne os amigos e
vizinhos, e diz: Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava
perdida! Eu vos digo: assim haverá no céu alegria por um só pecador que se
converte, mais do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. E se uma mulher tem dez moedas de prata e
perde uma, não acende a lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até
encontrá-la? Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: Alegrai-vos
comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido! Assim, eu vos digo, haverá alegria
entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte». E Jesus continuou.
«Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai: Pai, dá-me a parte
da herança que me cabe. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois,
o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali
esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha esbanjado tudo o que possuía,
chegou uma grande fome àquela região, e ele começou a passar necessidade.
Então, foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu sítio
cuidar dos porcos.
«Haverá no céu alegria
por um só pecador que se converte»
Rev. D. Francesc NICOLAU i Pous (Barcelona, Espanha)
Hoje, o
evangelista da misericórdia de Deus nos expõe duas parábolas de Jesus que
iluminam a conduta divina para com os pecadores que regressam ao bom caminho.
Com a imagem tão humana da alegria, nos revela a bondade de Deus que se alegra
com o retorno de quem havia se afastado do pecado. É como um retorno à casa do
Padre (como dirá mais explicitamente em Lc 15,11-32). O Senhor não veio para
condenar o mundo, e sim para salvá-lo (cf. Jn 3,17), e fez tudo isso acolhendo
aos pecadores que com plena confiança. «Aproximavam-se de Jesus os publicanos e
os pecadores para ouvi-lo» (Lc 15,1), já que Ele lhes curava a alma como um
médico cura o corpo dos enfermos (cf. Mt 9,12). Os fariseus eram tidos como
boas pessoas e não sentiam necessidade do médico, e por eles -disse o
evangelista- que Jesus propôs as parábolas que hoje lemos.
Se nós nos
sentimos espiritualmente enfermos, Jesus nos atenderá e se alegrará de que
acudamos a Ele. Contudo, se nós, como os orgulhosos fariseus pensássemos que
não era necessário pedir perdão, o Médico divino não poderia obrar em nós.
Sentirmos pecadores, o faremos cada vez que recitamos o Pai Nosso, pois ao
rezar dizemos «perdoa nossas ofensas...». E quanto devemos agradecer que o
faça! Quanto agradecimento também devemos sentir pelo sacramento da
reconciliação que pôs ao nosso alcance tão compassivamente! Que a soberbia não
nos faça menosprezar. Santo Agostinho nos disse que Jesus Cristo, Deus Homem,
nos deu exemplo de humildade para curar-nos do tumor da soberbia, «já que
grande miséria é o homem soberbo, mas maior é a misericórdia de Deus humilde».
Digamos
ainda que a lição que Jesus dá aos fariseus é exemplar também para nós; não
podemos nos afastar de nós os pecadores. O Senhor quer que nos amemos como Ele
nos amou (cf. Jn 13,34) e devemos sentir grande gozo quando possamos levar uma
ovelha errante ao redil ou recobrar uma moeda perdida.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
* O
evangelho de hoje traz a primeira de três parábolas ligadas entre si pela mesma
palavra. Tratam de três coisas perdidas: ovelha perdida (Lc 15,3-7), moeda
perdida (Lc 15,8-10), e filho perdido (Lc 15,11-32). As três parábolas são
dirigidas para os fariseus e os doutores da lei que criticavam Jesus (Lc
15,1-3). Isto é, são dirigidas para o fariseu ou para o doutor da lei que
existe em cada um de nós.
* Lucas 15,1-3: Os destinatários das
parábolas
Estes três
primeiros versos descrevem o contexto em que foram pronunciadas as três
parábolas: “Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus
para escutá-lo. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus”. De um
lado, se encontram os cobradores de impostos e os pecadores; do outro lado, os
fariseus e os doutores da lei. Lucas diz com um pouco de exagero: “Todos os
publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para escutá-lo”. Algo em Jesus
os atraía. É a palavra de Jesus que os atrai (cf Is 50,4). Eles querem ouvi-lo.
Sinal de que não se sentem condenados, mas sim acolhidos por ele. A crítica dos
fariseus e escribas é esta: "Esse homem acolhe pecadores, e come com
eles!". No envio dos setenta e dois discípulos (Lc 10,1-9), Jesus tinha
mandado acolher os excluídos, os doentes e possessos (Mt 10,8; Lc 10,9) e
praticar a comunhão de mesa (Lc 10,8).
* Lucas 15,4: Parábola da ovelha
perdida
A parábola
da ovelha perdida começa com uma pergunta: "Se um de vocês tem cem ovelhas
e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da
ovelha que se perdeu, até encontrá-la?” Antes de ele mesmo dar a resposta,
Jesus deve ter olhado os ouvintes para ver como responderiam. A pergunta é
formulada de tal maneira que a resposta só pode ser positiva: “Sim, ele vai
atrás da ovelha perdida!” E você, como responderia? Você deixaria as noventa e
nove ovelhas no campo para ir atrás de uma única que se perdeu? Quem faria
isso? Provavelmente, a maioria terá respondido: “Jesus, aqui entre nós, ninguém
faria uma coisa tão absurda. Diz o provérbio: “Melhor um passarinho na mão do
que dez voando!”
* Lucas 15,5-7: Jesus interpreta a
parábola da ovelha perdida
Ora, na
parábola o dono das ovelhas faz o que ninguém faria: larga tudo e vai atrás da
ovelha perdida. Só Deus mesmo para tomar tal atitude! Jesus quer que o fariseu
ou o escriba que existe em nós, em mim, tome consciência. Os fariseus e os
escribas abandonavam os pecadores e os excluíam. Eles nunca iriam atrás da
ovelha perdida. Deixariam que ela se perdesse no deserto. Eles preferem as
noventa e nove que não se perderam. Mas Jesus se coloca na pele da ovelha que
se perdeu e que, naquele contexto da religião oficial, cairia no desespero, sem
esperança de ser acolhida. Jesus faz saber a eles e a nós: “Se por acaso você
se sentir perdido, pecador, lembre-se que, para Deus, você vale mais que as
noventa e nove outras ovelhas. Deus vai atrás de você. E caso você se
converter, saiba que “no céu haverá mais alegria por um só pecador que se
converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão."
* Lucas 15,8-10: Parábola da moeda
perdida
A segunda
parábola: "Se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, será que não
acende uma lâmpada, varre a casa, e procura cuidadosamente, até encontra a
moeda? Quando a encontra, reúne amigas e vizinhas, para dizer: 'Alegrem-se
comigo! Eu encontrei a moeda que tinha perdido'. E eu lhes declaro: os anjos de
Deus sentem a mesma alegria por um só pecador que se converte". Deus fica
alegre conosco. Os anjos ficam alegres conosco. A parábola era para comunicar
esperança a quem estava ameaçado de desespero pela religião oficial. Esta
mensagem evoca o que Deus nos diz no livro do profeta Isaías: “Eu te gravei na
palma da minha mão!” (Is 49,16). “Tu és precioso aos meus olhos, eu te amo!”
(Is 43,4).
Para um confronto pessoal
1) Você andaria atrás da ovelha perdida?
2) Você acha que a igreja de hoje é fiel a esta parábola
de Jesus?
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