ORAÇÃO
PREPARATÓRIA
Senhor,
todo poderoso e infinitamente perfeito, de quem procede todo o ser e para quem
todas as criaturas devem sempre se elevar, eu vos consagro este mês e os
exercícios de devoção que em cada um de seus dias praticar, oferecendo-os para
vossa maior glória em honra de Maria Santíssima. Concedei-me a graça de
santificá-lo com piedade, recolhimento e fervor. Virgem Santa e Imaculada,
minha terna Mãe, volvei para mim vossos olhares tão cheios de doçura e fazei-me
sentir cada vez mais os benéficos efeitos de vossa valiosa proteção. Anjos do
céu dirigi meus passos, guardai-me à sombra de vossas asas, pondo-me ao abrigo
das ciladas do demônio, pedindo por mim a Jesus, Maria e José sua santa bênção.
Amém.
Evangelho
(Lc 9,11b-17): Mas as multidões souberam
disso e o seguiram. Jesus as acolheu e falava-lhes sobre o Reino de Deus; e
curava todos os que precisavam. O dia já estava chegando ao fim, quando os Doze
se aproximaram de Jesus e disseram: «Despede a multidão, para que possam ir aos
povoados e sítios vizinhos procurar hospedagem e comida, pois estamos num lugar
deserto». Mas ele disse: «Dai-lhes vós mesmos de comer». Eles responderam: «Só
temos cinco pães e dois peixes — a não ser que fôssemos comprar comida para
toda essa gente!». Havia mais ou menos
cinco mil homens. Jesus então disse aos discípulos: «Mandai o povo sentar-se em
grupos de cinquenta». Os discípulos assim fizeram, e todos se sentaram. Então
ele pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou
sobre eles a bênção, partiu-os e os deu aos discípulos para que os
distribuíssem à multidão. Todos comeram e se saciaram. E ainda foram recolhidos
doze cestos dos pedaços que sobraram.
«Dai-lhes vós mesmos
de comer»
Rvdo. D. Manuel COCIÑA Abella (Madrid, Espanha)
Hoje
é o maior dia para o coração de um cristão, porque a Igreja, depois de
comemorar a Quinta-feira Santa a instituição da Eucaristia, busca agora a
exaltação deste augusto Sacramento, tratando de que todos o adoremos
ilimitadamente. «Quantum potes, tantum aude...», «atreva-se a tudo o que
possas»: este é o convite que nos faz santo Tomás de Aquino em um maravilhoso
hino de louvor à Eucaristia. E este convite resume admiravelmente quais devem
ser os sentimentos do nosso coração ante a presença real de Jesus Cristo na
Eucaristia. Tudo o que possamos fazer é pouco para tentar corresponder a uma
entrega tão humilde, tão escondida, tão impressionante. O Criador do céu e da
terra se esconde nas espécies sacramentais e nos oferece como alimento de
nossas almas. É o pano dos anjos e o alimento dos que estão em caminho. E é um
pão que nos dá em abundância, como se distribuiu sem taxa o pão milagrosamente
multiplicado por Jesus para evitar o desfalecimento dos que o seguiam: «E todos
comeram e ficaram fartos. Do que sobrou recolheram ainda doze cestos de
pedaços.» (Lc 9,17).
Ante
essa super abundância de amor, deveria ser impossível não ter uma resposta. Um
olhar de fé, atento e profundo, a este divino Sacramento, deixa passo
necessariamente a uma oração agradecida e a um despertar do coração. São
Josemaria acostumava fazer eco em sua prédica das palavras que um ancião e
piedoso prelado dirigia aos seus sacerdotes: «Trate-o bem».
Um
rápido exame de consciência nos ajudará a advertir que devemos fazer para
tratar com mais delicadeza a Jesus Sacramentado: a limpeza de nossa alma
—sempre deve estar em estado de graça para recebê-lo—, a correção no modo de
vestir —como sinal exterior de amor e reverência—, a frequência com a que nos
aproximamos a recebê-lo, quando vamos visitá-lo no Sacrário... Deveriam ser
incontáveis os detalhes com o Senhor na Eucaristia. Lutemos por receber e por
tratar a Jesus Sacramentado com a pureza, humildade e devoção de sua Santíssima
Mãe, com o espírito e fervor dos santos.
COMENTÁRIO DOS TEXTOS
BÍBLICOS
II leitura (1Cor
11,23-26): Em memória de Jesus
O
relato que Paulo faz a respeito da Ceia de Jesus é o mais antigo, tendo sido
redigido ao redor do ano 56, anteriormente aos evangelhos. Ele diz que recebeu
“do Senhor” o que está transmitindo à comunidade. Certamente, refere-se à
tradição dos apóstolos. A narrativa está inserida num contexto de divisão da
comunidade cristã de Corinto, manifestada até mesmo na celebração da Ceia.
Provavelmente, nas comunidades primitivas, a Ceia do Senhor era feita em uma
cerimônia de ação de graças (= eucaristia) pela redenção do gênero humano
trazida por Jesus. O momento principal era precedido por uma refeição comum,
também chamada de “ágape”, como expressão de companheirismo entre os membros da
comunidade. A comida, provavelmente, era trazida de casa e partilhada com
todos. No caso de Corinto, Paulo critica com veemência a atitude dos que chegam
mais cedo, comem e bebem à vontade, sem esperar as pessoas pobres que chegam
depois. Essa conduta está em total desacordo com o sentido sagrado e solene da
eucaristia.
Ao
comer do mesmo pão e do mesmo cálice, do Corpo e do Sangue de Jesus, os
participantes expressam a unidade com o Salvador e com a comunidade. Paulo
enfatiza, então, a íntima relação entre a eucaristia e o amor fraterno. Por
isso, a celebração não é mero simbolismo, mas expressão de comunhão com a
pessoa e a proposta de Jesus, com o seu mesmo amor oblativo. Por isso, é
anúncio de sua morte, é a nova aliança em seu sangue.
Evangelho (Lc
9,11b-17): Ação de graças na partilha
Jesus
retira-se com os seus discípulos, recém chegados da missão que lhes havia
confiado. A multidão segue a Jesus para onde ele vai. Ele lhes anuncia o reino
de Deus e realiza sinais de cura e de libertação. O local em que se encontra é
deserto, despovoado. Teologicamente o deserto revela o espaço de decisões, de
caminhada e de encontro com Deus. Lembra o êxodo como caminho de libertação da
escravidão do Egito; lembra também o profeta Elias, que, fugindo da perseguição
do rei Acab, atravessa o deserto e se encontra com Deus numa gruta no monte
Carmelo; lembra o próprio Jesus, que supera as tentações no deserto com jejum e
oração.
Certamente,
esse cenário da multidão com Jesus num lugar deserto revela uma situação de
crise. Ela é reforçada pela referência à hora avançada do dia: a noite vinha
chegando. É a mesma hora em que os discípulos de Emaús, após um longo caminho,
pedem que Jesus (o forasteiro, companheiro de caminhada) permaneça com eles (Lc
24,29).
No
relato de Lucas, percebe-se nitidamente a intenção de explicitar duas posturas diferentes
diante da situação de crise. Uma é a dos Doze, que se aproximam de Jesus e lhe
pedem que despeça a multidão, a fim de esta poder comprar alimentos e
providenciar pousada. Comportam-se como um grupo de elite e procuram livrar-se
do “incômodo” que as pessoas necessitadas representam. Mergulhados ainda numa
ideologia de poder, apontam uma saída baseada no individualismo e numa ótica
mercantilista.
A
postura de Jesus, porém, revela-se em desacordo com o exclusivismo dos Doze.
Eles ainda não haviam assimilado o testemunho do ministério de Jesus, que
sempre é de acolhida, de anúncio do Reino, com sinais em favor da vida digna
sem exclusão. Por isso, Jesus os impele a enfrentar a situação: “Dai-lhes vós
mesmos de comer”. Ensina-lhes o método antigo de organização em pequenos grupos
e de partilha do que as pessoas tinham. É a memória e a aplicação atualizada
dos princípios econômicos e políticos do povo de Israel, segundo os relatos de
Ex 16 e 18. Lembra também a ação do profeta Eliseu, que, mesmo diante da dúvida
resistente de seu servo, pede que sejam servidos para cem pessoas os 20 pães
que possuía. Todas ficaram saciadas e ainda sobrou, conforme a palavra do
Senhor (2Rs 4,42-44).
Lucas
faz questão de precisar a quantidade de alimento que havia no meio do povo:
cinco pães e dois peixes (perfazem o número sete, de plenitude); representam os
bens que a benevolência divina concede aos seus filhos e filhas. Quando
administrados com justiça, segundo a necessidade de cada pessoa, satisfazem
plenamente e ainda sobra em abundância (12 cestos).
A
bênção de Jesus sobre os alimentos revela o costume entre os judeus. O Talmude
chega a dizer que “aquele que desfruta de algo sem dar graças é como se tivesse
roubado a Deus”. As palavras usadas por Jesus nessa bênção, juntamente com o
gesto de partilha, faziam parte da Ceia do Senhor, celebrada pelas comunidades
primitivas. Lucas lembra que foi exatamente na hora da bênção e da partilha dos
pães que os olhos dos discípulos de Emaús se abriram e reconheceram a Jesus ressuscitado
(Lc 24,30-31).
I leitura (Gn
14,18-20): Pão e vinho, oferta de gratidão
Este
breve texto de Gênesis é inserido após o relato da vitória de Abraão e sua
família sobre um grupo de guerrilheiros que havia sequestrado seu sobrinho Lot
juntamente com seus bens. Melquisedec é apresentado como rei de Salém (muitos a
identificam com Jerusalém) e sacerdote de Deus altíssimo. O pão e o vinho
trazidos por Melquisedec, junto com a bênção sobre Abraão, indicam um tipo de
cerimônia religiosa de ação de graças entre os judeus. Pode-se constatar aí a
preocupação de Melquisedec, rei e sacerdote, em suprir as necessidades
corporais e espirituais do ser humano.
Com
base neste texto de Gênesis, a carta aos Hebreus apresenta Melquisedec como uma
figura profética de Jesus Cristo, sacerdote eterno, livre e autônomo, sem
possuir nenhuma ligação dinástica. Aplica a Jesus o significado etimológico do
nome de Melquisedec: “Rei de justiça” e “Rei de Salém”, o que quer dizer “Rei
da paz” (Hb 7,1-3.15-17).
PISTAS PARA REFLEXÃO
São Felipe Neri, Presbítero |
A
festa de Corpus Christi oferece a oportunidade de refletir sobre o sentido da
eucaristia na vida dos cristãos e cristãs. Celebrar a memória de Jesus Cristo,
morto e ressuscitado, é atualizar seus gestos de amor oblativo em favor da vida
de todas as pessoas. De modo particular, não podemos esquecer a dimensão social
da eucaristia. “São João Crisóstomo exortava: ‘Querem em verdade honrar o corpo
de Cristo? Não consintam que esteja nu. Não o honrem no templo com mantos de
seda enquanto fora o deixam passar frio e nudez’” (DAp 354).
A
celebração adquire seu verdadeiro sentido quando é expressão de relacionamentos
justos e fraternos, vividos no cotidiano da vida familiar, comunitária e
social. Não é, portanto, por meio de manifestações triunfalistas que expressamos
a fé e o louvor a Deus. Para evitar essa tendência e todo tipo de alienação,
Paulo adverte: “Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse
cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha”.
O
pão e o vinho oferecidos por Melquisedec – “Rei da justiça” e “Sacerdote da
paz” – em louvor às bênçãos de Deus sobre Abraão apontam para a identidade e a
missão de Jesus. Ele é, por excelência, a bênção do Pai em favor do povo. Toda
a sua vida é, na verdade, um ato eucarístico em louvor a Deus concretizado no
amor ao próximo. Sua prática indica o caminho da paz como fruto da justiça. O
seu gesto de bênção sobre os alimentos com a partilha entre todos nos alerta
para o desdobramento da eucaristia na vida cotidiana de cada um de nós. “A
eucaristia é o centro vital do universo, capaz de saciar a fome de vida e
felicidade: ‘Aquele que se alimenta de mim viverá por mim’ (Jo 6,57)” (DAp
354).
“Nossa
existência cotidiana se converte em missa prolongada (…)” (DAp 354). Todas as
pessoas, todas as coisas, todos os momentos e todos os espaços são sagrados
porque dons de Deus. Não se podem admitir situações excludentes, o acúmulo dos
bens, a exploração egoísta do tempo, nem conformar-se com isso. Jesus mostrou o
caminho para uma nova sociedade, organizada a partir da base e com a
administração justa dos bens. Ele conta com a colaboração dos seus seguidores e
seguidoras para continuar a sua obra.
–
A celebração da festa de Corpus Christi pode constituir um bom momento de
valorizar a corresponsabilidade de todos no cuidado e respeito por todas as
formas de vida. Em coerência com o que celebramos na eucaristia, não podemos
prescindir do empenho em favor da superação de toda espécie de violência e
exploração, tanto do ser humano como da natureza…
ORAÇÃO
COMPOSTA POR SANTO AFONSO DE LIGÓRIO
Ó
Maria, filha predileta do Altíssimo, pudesse eu oferecer-vos e consagrar-vos os
meus primeiros anos, como vós vos oferecestes e consagrastes ao Senhor no
templo! Mas é já passado esse período de minha vida!
Todavia,
antes começar tarde a vos servir do que ser sempre rebelde. Venho, pois, hoje,
oferecer-me a Deus. Sustentai minha fraqueza, e por vossa intercessão
alcançai-me de Jesus a graça de lhe ser fiel e a vós até a morte, a fim de que,
depois de vos haver servido de todo o coração na vida, participe da glória e da
felicidade eterna dos eleitos. Amém.
LADAINHA
DE NOSSA SENHORA
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor,
tende piedade de nós.
Jesus
Cristo ouvi-nos.
Jesus
Cristo atendei-nos.
Deus
Pai dos céus tende piedade de nós.
Deus
Filho, Redentor do mundo,
Deus
Espírito Santo,
Santíssima
Trindade, que sois um só Deus,
Santa
Maria rogai por nós.
Santa
Mãe de Deus,
Santa
Virgem das virgens,
Mãe
de Jesus Cristo,
Mãe
da divina graça,
Mãe
puríssima,
Mãe
castíssima,
Mãe
imaculada,
Mãe
intacta,
Mãe
amável,
Mãe
admirável,
Mãe
do bom conselho,
Mãe
do Criador,
Mãe
do Salvador,
Mãe
da Igreja,
Virgem
prudentíssima,
Virgem
venerável,
Virgem
louvável,
Virgem
poderosa,
Virgem
benigna,
Virgem
fiel,
Espelho
de justiça,
Sede
da sabedoria,
Causa
da nossa alegria,
Vaso
espiritual,
Vaso
honorífico,
Vaso
insigne de devoção,
Rosa
mística,
Torre
de Davi,
Torre
de marfim,
Casa
de ouro,
Arca
da aliança,
Porta
do Céu,
Estrela
da manhã,
Saúde
dos enfermos,
Refúgio
dos pecadores,
Consoladora
dos aflitos,
Auxílio
dos cristãos,
Esperança
dos carmelitas,
Rainha
dos anjos,
Rainha
dos patriarcas,
Rainha
dos profetas,
Rainha
dos apóstolos,
Rainha
dos mártires,
Rainha
dos confessores,
Rainha
das virgens,
Rainha
de todos os santos,
Rainha
concebida sem pecado original,
Rainha
assunta ao céu,
Rainha
do sacratíssimo Rosário,
Rainha
das famílias,
Rainha
e esplendor do Carmelo,
Rainha
da paz,
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos,
Senhor.
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos,
Senhor.
Cordeiro
de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende
misericórdia de nós.
V.
– Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. – Para que sejamos
dignos das promessas de Cristo.
OREMOS - Infundi, Senhor, como vos pedimos,
vossa graça em nossas almas, para que nós que pela anunciação do Anjo viemos ao
conhecimento da encarnação de Jesus Cristo, vosso Filho, pela sua paixão e
morte de cruz, sejamos conduzidos à glória da ressurreição. Pelo mesmo Jesus
Cristo, nosso Senhor. Amém.
O
“LEMBRAI-VOS” DE SÃO BERNARDO
Lembrai-vos,
ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que a
vós têm recorrido, implorado vossa assistência e invocado o vosso socorro,
tenha sido por vós abandonado. Animado de tal confiança, eu corro e venho a vós
e, gemendo debaixo do peso dos meus pecados, me prostro a vossos pés, ó Virgem
das virgens; não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo encarnado, mas
ouvi-as favoravelmente e dignai-vos atender-me. Amém.
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