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quarta-feira, 25 de maio de 2016

MÊS DE MARIA – Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo

ORAÇÃO PREPARATÓRIA
Senhor, todo poderoso e infinitamente perfeito, de quem procede todo o ser e para quem todas as criaturas devem sempre se elevar, eu vos consagro este mês e os exercícios de devoção que em cada um de seus dias praticar, oferecendo-os para vossa maior glória em honra de Maria Santíssima. Concedei-me a graça de santificá-lo com piedade, recolhimento e fervor. Virgem Santa e Imaculada, minha terna Mãe, volvei para mim vossos olhares tão cheios de doçura e fazei-me sentir cada vez mais os benéficos efeitos de vossa valiosa proteção. Anjos do céu dirigi meus passos, guardai-me à sombra de vossas asas, pondo-me ao abrigo das ciladas do demônio, pedindo por mim a Jesus, Maria e José sua santa bênção. Amém.
Evangelho (Lc 9,11b-17): Mas as multidões souberam disso e o seguiram. Jesus as acolheu e falava-lhes sobre o Reino de Deus; e curava todos os que precisavam. O dia já estava chegando ao fim, quando os Doze se aproximaram de Jesus e disseram: «Despede a multidão, para que possam ir aos povoados e sítios vizinhos procurar hospedagem e comida, pois estamos num lugar deserto». Mas ele disse: «Dai-lhes vós mesmos de comer». Eles responderam: «Só temos cinco pães e dois peixes — a não ser que fôssemos comprar comida para toda essa gente!».  Havia mais ou menos cinco mil homens. Jesus então disse aos discípulos: «Mandai o povo sentar-se em grupos de cinquenta». Os discípulos assim fizeram, e todos se sentaram. Então ele pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou sobre eles a bênção, partiu-os e os deu aos discípulos para que os distribuíssem à multidão. Todos comeram e se saciaram. E ainda foram recolhidos doze cestos dos pedaços que sobraram.

«Dai-lhes vós mesmos de comer»

Rvdo. D. Manuel COCIÑA Abella (Madrid, Espanha)

Hoje é o maior dia para o coração de um cristão, porque a Igreja, depois de comemorar a Quinta-feira Santa a instituição da Eucaristia, busca agora a exaltação deste augusto Sacramento, tratando de que todos o adoremos ilimitadamente. «Quantum potes, tantum aude...», «atreva-se a tudo o que possas»: este é o convite que nos faz santo Tomás de Aquino em um maravilhoso hino de louvor à Eucaristia. E este convite resume admiravelmente quais devem ser os sentimentos do nosso coração ante a presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Tudo o que possamos fazer é pouco para tentar corresponder a uma entrega tão humilde, tão escondida, tão impressionante. O Criador do céu e da terra se esconde nas espécies sacramentais e nos oferece como alimento de nossas almas. É o pano dos anjos e o alimento dos que estão em caminho. E é um pão que nos dá em abundância, como se distribuiu sem taxa o pão milagrosamente multiplicado por Jesus para evitar o desfalecimento dos que o seguiam: «E todos comeram e ficaram fartos. Do que sobrou recolheram ainda doze cestos de pedaços.» (Lc 9,17).

Ante essa super abundância de amor, deveria ser impossível não ter uma resposta. Um olhar de fé, atento e profundo, a este divino Sacramento, deixa passo necessariamente a uma oração agradecida e a um despertar do coração. São Josemaria acostumava fazer eco em sua prédica das palavras que um ancião e piedoso prelado dirigia aos seus sacerdotes: «Trate-o bem».

Um rápido exame de consciência nos ajudará a advertir que devemos fazer para tratar com mais delicadeza a Jesus Sacramentado: a limpeza de nossa alma —sempre deve estar em estado de graça para recebê-lo—, a correção no modo de vestir —como sinal exterior de amor e reverência—, a frequência com a que nos aproximamos a recebê-lo, quando vamos visitá-lo no Sacrário... Deveriam ser incontáveis os detalhes com o Senhor na Eucaristia. Lutemos por receber e por tratar a Jesus Sacramentado com a pureza, humildade e devoção de sua Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos santos.

COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

II leitura (1Cor 11,23-26): Em memória de Jesus

O relato que Paulo faz a respeito da Ceia de Jesus é o mais antigo, tendo sido redigido ao redor do ano 56, anteriormente aos evangelhos. Ele diz que recebeu “do Senhor” o que está transmitindo à comunidade. Certamente, refere-se à tradição dos apóstolos. A narrativa está inserida num contexto de divisão da comunidade cristã de Corinto, manifestada até mesmo na celebração da Ceia. Provavelmente, nas comunidades primitivas, a Ceia do Senhor era feita em uma cerimônia de ação de graças (= eucaristia) pela redenção do gênero humano trazida por Jesus. O momento principal era precedido por uma refeição comum, também chamada de “ágape”, como expressão de companheirismo entre os membros da comunidade. A comida, provavelmente, era trazida de casa e partilhada com todos. No caso de Corinto, Paulo critica com veemência a atitude dos que chegam mais cedo, comem e bebem à vontade, sem esperar as pessoas pobres que chegam depois. Essa conduta está em total desacordo com o sentido sagrado e solene da eucaristia.

Ao comer do mesmo pão e do mesmo cálice, do Corpo e do Sangue de Jesus, os participantes expressam a unidade com o Salvador e com a comunidade. Paulo enfatiza, então, a íntima relação entre a eucaristia e o amor fraterno. Por isso, a celebração não é mero simbolismo, mas expressão de comunhão com a pessoa e a proposta de Jesus, com o seu mesmo amor oblativo. Por isso, é anúncio de sua morte, é a nova aliança em seu sangue.

Evangelho (Lc 9,11b-17): Ação de graças na partilha

Jesus retira-se com os seus discípulos, recém chegados da missão que lhes havia confiado. A multidão segue a Jesus para onde ele vai. Ele lhes anuncia o reino de Deus e realiza sinais de cura e de libertação. O local em que se encontra é deserto, despovoado. Teologicamente o deserto revela o espaço de decisões, de caminhada e de encontro com Deus. Lembra o êxodo como caminho de libertação da escravidão do Egito; lembra também o profeta Elias, que, fugindo da perseguição do rei Acab, atravessa o deserto e se encontra com Deus numa gruta no monte Carmelo; lembra o próprio Jesus, que supera as tentações no deserto com jejum e oração.

Certamente, esse cenário da multidão com Jesus num lugar deserto revela uma situação de crise. Ela é reforçada pela referência à hora avançada do dia: a noite vinha chegando. É a mesma hora em que os discípulos de Emaús, após um longo caminho, pedem que Jesus (o forasteiro, companheiro de caminhada) permaneça com eles (Lc 24,29).

No relato de Lucas, percebe-se nitidamente a intenção de explicitar duas posturas diferentes diante da situação de crise. Uma é a dos Doze, que se aproximam de Jesus e lhe pedem que despeça a multidão, a fim de esta poder comprar alimentos e providenciar pousada. Comportam-se como um grupo de elite e procuram livrar-se do “incômodo” que as pessoas necessitadas representam. Mergulhados ainda numa ideologia de poder, apontam uma saída baseada no individualismo e numa ótica mercantilista.

A postura de Jesus, porém, revela-se em desacordo com o exclusivismo dos Doze. Eles ainda não haviam assimilado o testemunho do ministério de Jesus, que sempre é de acolhida, de anúncio do Reino, com sinais em favor da vida digna sem exclusão. Por isso, Jesus os impele a enfrentar a situação: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ensina-lhes o método antigo de organização em pequenos grupos e de partilha do que as pessoas tinham. É a memória e a aplicação atualizada dos princípios econômicos e políticos do povo de Israel, segundo os relatos de Ex 16 e 18. Lembra também a ação do profeta Eliseu, que, mesmo diante da dúvida resistente de seu servo, pede que sejam servidos para cem pessoas os 20 pães que possuía. Todas ficaram saciadas e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor (2Rs 4,42-44).

Lucas faz questão de precisar a quantidade de alimento que havia no meio do povo: cinco pães e dois peixes (perfazem o número sete, de plenitude); representam os bens que a benevolência divina concede aos seus filhos e filhas. Quando administrados com justiça, segundo a necessidade de cada pessoa, satisfazem plenamente e ainda sobra em abundância (12 cestos).

A bênção de Jesus sobre os alimentos revela o costume entre os judeus. O Talmude chega a dizer que “aquele que desfruta de algo sem dar graças é como se tivesse roubado a Deus”. As palavras usadas por Jesus nessa bênção, juntamente com o gesto de partilha, faziam parte da Ceia do Senhor, celebrada pelas comunidades primitivas. Lucas lembra que foi exatamente na hora da bênção e da partilha dos pães que os olhos dos discípulos de Emaús se abriram e reconheceram a Jesus ressuscitado (Lc 24,30-31).

I leitura (Gn 14,18-20): Pão e vinho, oferta de gratidão

Este breve texto de Gênesis é inserido após o relato da vitória de Abraão e sua família sobre um grupo de guerrilheiros que havia sequestrado seu sobrinho Lot juntamente com seus bens. Melquisedec é apresentado como rei de Salém (muitos a identificam com Jerusalém) e sacerdote de Deus altíssimo. O pão e o vinho trazidos por Melquisedec, junto com a bênção sobre Abraão, indicam um tipo de cerimônia religiosa de ação de graças entre os judeus. Pode-se constatar aí a preocupação de Melquisedec, rei e sacerdote, em suprir as necessidades corporais e espirituais do ser humano.

Com base neste texto de Gênesis, a carta aos Hebreus apresenta Melquisedec como uma figura profética de Jesus Cristo, sacerdote eterno, livre e autônomo, sem possuir nenhuma ligação dinástica. Aplica a Jesus o significado etimológico do nome de Melquisedec: “Rei de justiça” e “Rei de Salém”, o que quer dizer “Rei da paz” (Hb 7,1-3.15-17).

PISTAS PARA REFLEXÃO

São Felipe Neri, Presbítero
A festa de Corpus Christi oferece a oportunidade de refletir sobre o sentido da eucaristia na vida dos cristãos e cristãs. Celebrar a memória de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, é atualizar seus gestos de amor oblativo em favor da vida de todas as pessoas. De modo particular, não podemos esquecer a dimensão social da eucaristia. “São João Crisóstomo exortava: ‘Querem em verdade honrar o corpo de Cristo? Não consintam que esteja nu. Não o honrem no templo com mantos de seda enquanto fora o deixam passar frio e nudez’” (DAp 354).

A celebração adquire seu verdadeiro sentido quando é expressão de relacionamentos justos e fraternos, vividos no cotidiano da vida familiar, comunitária e social. Não é, portanto, por meio de manifestações triunfalistas que expressamos a fé e o louvor a Deus. Para evitar essa tendência e todo tipo de alienação, Paulo adverte: “Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha”.

O pão e o vinho oferecidos por Melquisedec – “Rei da justiça” e “Sacerdote da paz” – em louvor às bênçãos de Deus sobre Abraão apontam para a identidade e a missão de Jesus. Ele é, por excelência, a bênção do Pai em favor do povo. Toda a sua vida é, na verdade, um ato eucarístico em louvor a Deus concretizado no amor ao próximo. Sua prática indica o caminho da paz como fruto da justiça. O seu gesto de bênção sobre os alimentos com a partilha entre todos nos alerta para o desdobramento da eucaristia na vida cotidiana de cada um de nós. “A eucaristia é o centro vital do universo, capaz de saciar a fome de vida e felicidade: ‘Aquele que se alimenta de mim viverá por mim’ (Jo 6,57)” (DAp 354).

“Nossa existência cotidiana se converte em missa prolongada (…)” (DAp 354). Todas as pessoas, todas as coisas, todos os momentos e todos os espaços são sagrados porque dons de Deus. Não se podem admitir situações excludentes, o acúmulo dos bens, a exploração egoísta do tempo, nem conformar-se com isso. Jesus mostrou o caminho para uma nova sociedade, organizada a partir da base e com a administração justa dos bens. Ele conta com a colaboração dos seus seguidores e seguidoras para continuar a sua obra.

– A celebração da festa de Corpus Christi pode constituir um bom momento de valorizar a corresponsabilidade de todos no cuidado e respeito por todas as formas de vida. Em coerência com o que celebramos na eucaristia, não podemos prescindir do empenho em favor da superação de toda espécie de violência e exploração, tanto do ser humano como da natureza…

ORAÇÃO COMPOSTA POR SANTO AFONSO DE LIGÓRIO
Ó Maria, filha predileta do Altíssimo, pudesse eu oferecer-vos e consagrar-vos os meus primeiros anos, como vós vos oferecestes e consagrastes ao Senhor no templo! Mas é já passado esse período de minha vida!
Todavia, antes começar tarde a vos servir do que ser sempre rebelde. Venho, pois, hoje, oferecer-me a Deus. Sustentai minha fraqueza, e por vossa intercessão alcançai-me de Jesus a graça de lhe ser fiel e a vós até a morte, a fim de que, depois de vos haver servido de todo o coração na vida, participe da glória e da felicidade eterna dos eleitos. Amém.

LADAINHA DE NOSSA SENHORA
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo ouvi-nos.
Jesus Cristo atendei-nos.
Deus Pai dos céus tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,

Santa Maria rogai por nós.
Santa Mãe de Deus,
Santa Virgem das virgens,
Mãe de Jesus Cristo,
Mãe da divina graça,
Mãe puríssima,
Mãe castíssima,
Mãe imaculada,
Mãe intacta,
Mãe amável,
Mãe admirável,
Mãe do bom conselho,
Mãe do Criador,
Mãe do Salvador,
Mãe da Igreja,
Virgem prudentíssima,
Virgem venerável,
Virgem louvável,
Virgem poderosa,
Virgem benigna,
Virgem fiel,
Espelho de justiça,
Sede da sabedoria,
Causa da nossa alegria,
Vaso espiritual,
Vaso honorífico,
Vaso insigne de devoção,
Rosa mística,
Torre de Davi,
Torre de marfim,
Casa de ouro,
Arca da aliança,
Porta do Céu,
Estrela da manhã,
Saúde dos enfermos,
Refúgio dos pecadores,
Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos,
Esperança dos carmelitas,
Rainha dos anjos,
Rainha dos patriarcas,
Rainha dos profetas,
Rainha dos apóstolos,
Rainha dos mártires,
Rainha dos confessores,
Rainha das virgens,
Rainha de todos os santos,
Rainha concebida sem pecado original,
Rainha assunta ao céu,
Rainha do sacratíssimo Rosário,
Rainha das famílias,
Rainha e esplendor do Carmelo,
Rainha da paz,

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende misericórdia de nós.

V. – Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. – Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

OREMOS - Infundi, Senhor, como vos pedimos, vossa graça em nossas almas, para que nós que pela anunciação do Anjo viemos ao conhecimento da encarnação de Jesus Cristo, vosso Filho, pela sua paixão e morte de cruz, sejamos conduzidos à glória da ressurreição. Pelo mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

O “LEMBRAI-VOS” DE SÃO BERNARDO
Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que a vós têm recorrido, implorado vossa assistência e invocado o vosso socorro, tenha sido por vós abandonado. Animado de tal confiança, eu corro e venho a vós e, gemendo debaixo do peso dos meus pecados, me prostro a vossos pés, ó Virgem das virgens; não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo encarnado, mas ouvi-as favoravelmente e dignai-vos atender-me. Amém.

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