ORAÇÃO PREPARATÓRIA - Com humildade e respeito aqui nos reunimos,
ó Divino Jesus, para oferecer, todos os dias deste mês, as homenagens de nossa
devoção ao glorioso Patriarca S. José. Vós nos animais a recorrer com toda a
confiança aos vossos benditos Santos, pois que as honras que lhes tributamos
revertem em vossa própria glória. Com justos motivos, portanto, esperamos vos
seja agradável o tributo quotidiano que vimos prestar ao Esposo castíssimo de
Maria, vossa Mãe santíssima, a São José, vosso amado Pai adotivo. Ó meu Deus,
concedei-nos a graça de amar e honrar a São José como o amastes na terra e o
honrais no céu. E vós, ó glorioso Patriarca, pela vossa estreita união com
Jesus e Maria; vós que, à custa de vossas abençoadas fadigas e suores,
nutristes a um e outro, desempenhando neste mundo o papel do Divino Padre
Eterno; alcançai-nos luz e graça para terminar com fruto estes devotos
exercícios que em vosso louvor alegremente começamos. Amém.
LECTIO DIVINA
Textos: Is 52,13-53,12; Heb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1-19,42.
São
seis as coisas que se devem meditar na Paixão de Cristo segundo São Pedro de
Alcântara
1.
A grandeza das dores de Jesus, para nos compadecermos delas.
2.
A gravidade do nosso pecado, que é causa destas dores, para o detestarmos.
3.
A grandeza do benefício que recebemos desta Paixão, para agradecer.
4.
A excelência da Divina bondade e caridade, que se descobre nela, para amá-lo.
5.
A conveniência do mistério, para nos maravilharmos dele.
6.
A multidão das virtudes de Jesus, que resplandecem nela, para imitá-lo.
Considerar
nesta meditação:
1.
Quem padece? - Deus.
2.
O que padece? - física, moral e espiritualmente.
3.
Por quem padece? - por mim, pecador.
4.
Por que motivo padece? - não para seu próprio proveito, nem por nosso
merecimento e sim por amor e misericórdia.
Evangelho (Jo
18,1—19,42): Dito isso, Jesus saiu com
seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Lá havia um jardim, no
qual ele entrou com os seus discípulos. Também Judas, o traidor, conhecia o
lugar, porque Jesus muitas vezes ali se reunia com seus discípulos. Judas,
pois, levou o batalhão romano e os guardas dos sumos sacerdotes e dos fariseus,
com lanternas, tochas e armas, e chegou ali. Jesus, então, sabendo tudo o que
ia acontecer com ele, saiu e disse: «A quem procurais?» — «A Jesus de Nazaré!»,
responderam. Ele disse: «Sou eu». Judas, o traidor, estava com eles. Quando
Jesus disse «Sou eu», eles recuaram e caíram por terra. De novo perguntou-lhes:
«A quem procurais?» Responderam: «A Jesus de Nazaré», Jesus retomou: «Já vos
disse que sou eu. Se é a mim que procurais, deixai que estes aqui se retirem».
Assim se cumpria a palavra que ele tinha dito: «Não perdi nenhum daqueles que
me deste». Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou-a e feriu o servo do sumo
sacerdote, cortando-lhe a ponta da orelha direita. O nome do servo era Malco.
Jesus disse a Pedro: «Guarda a tua espada na bainha. Será que não vou beber o
cálice que o Pai me deu?». O batalhão, o
comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. Primeiro, conduziram-no
a Anás, sogro de Caifás, o sumo sacerdote daquele ano. Caifás é quem tinha
aconselhado aos judeus: «É conveniente que um só homem morra pelo povo». Simão
Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Este discípulo era conhecido do sumo
sacerdote. Ele entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. Pedro ficou do lado
de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era conhecido do sumo
sacerdote, saiu, conversou com a empregada da porta e levou Pedro para dentro.
A criada da porta disse a Pedro: «Não pertences tu também aos discípulos desse
homem?». Ele respondeu: «Não». Os servos e os guardas tinham feito um fogo,
porque fazia frio; estavam se aquecendo, e Pedro estava com eles para se
aquecer. O sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito dos seus discípulos e do
seu ensinamento. Jesus respondeu: «Eu falei abertamente ao mundo. Eu sempre
ensinei nas sinagogas e no templo, onde os judeus se reúnem. Nada falei às
escondidas. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que eu falei;
eles sabem o que eu disse». Quando assim falou, um dos guardas que ali estavam
deu uma bofetada em Jesus, dizendo: «É assim que respondes ao sumo sacerdote?».
Jesus replicou-lhe: «Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo,
por que me bates?». Anás, então, mandou-o, amarrado, a Caifás. Simão Pedro
continuava lá, aquecendo-se. Disseram-lhe: «Não és tu, também, um dos
discípulos dele?». Pedro negou: «Não». Então um dos servos do sumo sacerdote,
parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: «Será que não te vi
no jardim com ele?». Pedro negou de novo, e na mesma hora o galo cantou. De Caifás, levaram Jesus ao palácio do
governador. Era de madrugada. Eles mesmos não entraram no palácio, para não se
contaminarem e poderem comer a páscoa. Pilatos saiu ao encontro deles e disse:
«Que acusação apresentais contra este homem?». Eles responderam: «Se não fosse
um malfeitor, não o teríamos entregue a ti!». Pilatos disse: «Tomai-o vós
mesmos e julgai-o segundo vossa lei». Os judeus responderam: «Não nos é
permitido matar ninguém». Assim se realizava o que Jesus tinha dito, indicando
de que morte havia de morrer. Pilatos entrou, de volta, no palácio, chamou
Jesus e perguntou-lhe: «Tu és o Rei dos Judeus?». Jesus respondeu: «Estás
dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isso de mim?». Pilatos
respondeu: «Acaso sou eu judeu? Teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a
mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu
reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse
entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é daqui». Pilatos disse: «Então, tu
és rei?». Jesus respondeu: «Tu dizes que eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo
para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta
a minha voz». Pilatos lhe disse: «Que é a verdade?». Dito isso, saiu ao
encontro dos judeus e declarou: «Eu não encontro nele nenhum motivo de
condenação. Mas existe entre vós um costume de que, por ocasião da Páscoa, eu
vos solte um preso. Quereis que eu vos solte o Rei dos Judeus?». Eles, então,
se puseram a gritar: «Este não, mas Barrabás!». Ora, Barrabás era um
assaltante. Pilatos, então, mandou
açoitar Jesus. Os soldados trançaram uma coroa de espinhos, a puseram na cabeça
de Jesus e o vestiram com um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam:
«Viva o Rei dos Judeus!».; e batiam nele. Pilatos saiu outra vez e disse aos
judeus: «Olhai! Eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que eu
não encontro nele nenhum motivo de condenação». Então, Jesus veio para fora,
trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Ele disse-lhes: «Eis o
homem»! Quando o viram, os sumos sacerdotes e seus guardas começaram a gritar:
«Crucifica-o! Crucifica-o!»». Pilatos respondeu: «Levai-o, vós mesmos, para o
crucificar, porque eu não encontro nele nenhum motivo de condenação».. Os
judeus responderam-lhe: «Nós temos uma Lei, e segundo esta Lei ele deve morrer,
porque se fez Filho de Deus». Quando Pilatos ouviu isso, ficou com mais medo
ainda. Entrou no palácio outra vez e perguntou a Jesus: «De onde és tu?». Jesus
ficou calado. Então Pilatos disse-lhe: «Não me respondes? Não sabes que tenho
poder para te soltar e poder para te crucificar?». Jesus respondeu: «Tu não
terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me
entregou a ti tem maior pecado». Por causa disso, Pilatos procurava soltar
Jesus. Mas os judeus continuavam gritando: «Se soltas este homem, não és amigo
de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César». Ouvindo estas
palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar
conhecido como Pavimento (em hebraico: Gábata). Era o dia da preparação da
páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: «Eis o vosso rei».
Eles, porém, gritavam: «Fora! Fora! Crucifica-o!». Pilatos disse: «Vou crucificar
o vosso rei?». Os sumos sacerdotes responderam: «Não temos rei senão César».
Pilatos, então, lhes entregou Jesus para ser crucificado. Eles tomaram conta de
Jesus. Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário (em
hebraico: Gólgota). Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada lado,
ficando Jesus no meio. Pilatos tinha mandado escrever e afixar na cruz um
letreiro; estava escrito assim: «Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus». Muitos
judeus leram o letreiro, porque o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da
cidade; e estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Os sumos sacerdotes
disseram então a Pilatos: «Não escrevas: ‘O Rei dos Judeus’, e sim: ‘Ele disse:
Eu sou o Rei dos Judeus’. Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi». Depois
que crucificaram Jesus, os soldados pegaram suas vestes e as dividiram em
quatro partes, uma para cada soldado. A túnica era feita sem costura, uma peça
só de cima em baixo. Eles combinaram: «Não vamos rasgar a túnica. Vamos tirar
sorte para ver de quem será». Assim cumpriu-se a Escritura: «Repartiram entre
as minhas vestes e tiraram a sorte sobre minha túnica». Foi isso que os
soldados fizeram. Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua
mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela,
o discípulo que ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!». Depois
disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!». A partir daquela hora, o discípulo a
acolheu no que era seu. Depois disso,
sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura
até o fim, disse: «Tenho sede!». Havia ali uma jarra cheia de vinagre.
Amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua
boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça,
entregou o espírito. Era o dia de
preparação do sábado, e este seria solene. Para que os corpos não ficassem na
cruz no sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos
crucificados e os tirasse da cruz. Os soldados foram e quebraram as pernas,
primeiro a um dos crucificados com ele e depois ao outro. Chegando a Jesus
viram que já estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, mas um
soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água.
(Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; ele sabe que
fala a verdade, para que vós, também, acrediteis.) Isto aconteceu para que se
cumprisse a Escritura que diz: «Não quebrarão nenhum dos seus ossos». E um
outro texto da Escritura diz: «Olharão para aquele que traspassaram». Depois disso, José de Arimateia pediu a
Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às
escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o
corpo. Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus de
noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés. Eles
pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de linho,
do modo como os judeus costumam sepultar. No lugar onde Jesus foi crucificado
havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha sido ainda
sepultado. Por ser dia de preparação para os judeus, e como o túmulo estava
perto, foi lá que eles colocaram Jesus.
«Ele tomou o vinagre e disse: “Está
consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito»
Rev. D. Francesc
CATARINEU i Vilageliu (Sabadell, Barcelona, Espanha)
Hoje celebramos o
primeiro dia do Tríduo Pascal. Por tanto é o dia da Cruz vitoriosa, desde donde
Jesus nos deixou o melhor de Ele mesmo: Maria como mãe, o perdão — também os
verdugos — e a confiança total em Deus Pai.
Escutamos na
leitura da Paixão que nos transmite o testemunho de São João, presente no
Calvário com Maria, a Mãe do Senhor e as mulheres. É um relato rico em
simbologia, onde cada pequeno detalhe tem sentido. Mas também o silêncio e a
austeridade da Igreja, hoje nos ajudam a viver num clima de oração, atentos ao
dom que celebramos.
Diante deste
mistério tão grande, estamos chamados — mais que tudo — a ver. A fé cristã não
é a relação reverencial a um Deus que está longe e abstrato que desconhecemos,
senão a adesão a uma Pessoa, verdadeiro homem como nós e também verdadeiro
Deus. O “Invisível” fez-se carne da nossa carne, e assumiu ser homem até a
morte e morte de cruz. Foi uma morte aceitada como resgate por todos, morte
redentora, morte que nos dá vida. Aqueles que estavam aí e o viram, nos
transmitiram os fatos e ao mesmo tempo, nos descobrem o sentido daquela morte.
Ante isto,
sentimo-nos agradecidos e admirados. Conhecemos o preço do amor: «Ninguém tem
maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos» (Jo 15,13). A
oração cristã não é só pedir, senão— e principalmente— admirar agradecidos.
Para nós, Jesus é
modelo que temos que imitar, quer dizer, reproduzir em nós as suas atitudes.
Temos que ser pessoas que amam até darmo-nos e que confiamos no Pai em toda
adversidade.
Isto contrasta
com a atmosfera indiferente da nossa sociedade; por isso o nosso testemunho tem
que ser mais valente do que nunca, já que o dom é para todos. Como diz Melitão
de Sardes, «Ele nos fez passar da escravidão à liberdade, das trevas à luz, da
morte à vida. Ele é a Páscoa da nossa salvação».
Deus não nos amou de brincadeira. Olhemos para
a cruz!
Pe. Antonio
Rivero, L.C.
A Sexta-feira
Santa é o dia do ano onde a misericórdia de Deus chegou até o extremo e à
loucura. Jesus hoje nos repete o que disse um dia à beata Ângela da Foligno
quando estava meditando na paixão do Senhor: “Não te amei de brincadeira!”.
Jesus tem razão quando nos repete hoje, desde a cruz, com as palavras da
liturgia: “Povo meu, o que mais poderia fazer por ti que ainda não fiz?
Responde-me!”. Olhemos para a cruz!
As palavras que o
Papa emérito Bento XVI dirigiu depois da Via Sacra da Sexta-feira Santa de 2006
me parecerem carregadas do que quero desenvolver hoje aqui.
Em primeiro
lugar, olhemos a Cruz de Cristo. “No espelho da cruz vimos todos os sofrimentos
da humanidade de hoje. Na cruz de Cristo hoje vimos o sofrimento das crianças
abandonadas, dos meninos vítimas de abusos, as ameaças contra a família; a
divisão do mundo na soberba dos ricos que não veem Lázaro na sua porta e a
miséria de tantos que sofrem fome e sede. Mas também vimos “estações” de
consolo. Vimos a Mãe, cuja bondade permanece fiel até a morte e além da morte.
Vimos a mulher corajosa que se aproxima do Senhor e não tem medo de manifestar
solidariedade com este Homem de dores. Vimos Simão, o Cireneu, um africano, que
leva a cruz juntamente com Jesus. E mediante estas “estações” de consolo vimos,
por último, que, do mesmo modo que não acabam os sofrimentos, tampouco acabam
os consolos”. Deus não nos amou de brincadeira.
Em segundo lugar,
continuemos olhando para a Cruz de Cristo. “Vimos como São Paulo encontrou no
“caminho da cruz” o zelo da sua fé e acendeu a luz do amor. Vimos como Santo
Agostinho achou o seu caminho. A mesma coisa São Francisco de Assis, São
Vicente de Paulo, São Maximiliano Kolbe, a madre Teresa de Calcutá… Do mesmo
modo também nós estamos convidados a encontrar o nosso lugar, a encontrar, como
estes grandes e valentes santos, o caminho com Jesus e por Jesus: o caminho da
bondade, da verdade; a valentia do amor. Compreendemos que a via sacra não é
simplesmente uma coleção das coisas escuras e tristes do mundo. Nem é um
moralismo que, no final, resulta insuficiente. Não é um grito de protesta que
não muda nada. A Via Sacra é o caminho da misericórdia, e da misericórdia que
põe o limite ao mal: isso aprendemos do Papa João Paulo II. É o caminho da
misericórdia e, assim o caminho da salvação. Deste modo estamos convidados a
tomar o caminho da misericórdia e a colocar, juntamente com Jesus, o limite ao
mal”. Deus não nos amou de brincadeira.
Finalmente,
alguém poderia dizer: Sim, é verdade que Cristo nos amou loucamente então,
quando viveu na terra; mas agora? Agora que já não está entre nós, o que resta
daquele amor, a não ser um pálido reflexo, talvez imortalizado numa cruz que
está pendurada na parede? Os discípulos de Emaús diziam: “Já faz três dias que
aconteceu tudo isto”, e nós nos sentimos tentados a dizer: “Já faz dois mil
anos…!”. Porém estavam no erro, porque Jesus tinha ressuscitado e estava
caminhando com eles. E também nós erramos quando pensamos como eles, pois o seu
amor continua ainda no meio de nós, “porque o amor de Deus tem sido derramado
nossos corações com o Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). E esse amor
misericordioso continua se derramando desde a sua Cruz em cada confissão onde
recebemos o perdão das mãos do ministro de Deus. E esse amor misericordioso
continua alimentando a nossa alma em cada comunhão que recebemos com fervor e
com a alma limpa em cada Eucaristia. E esse amor misericordioso continua sendo
palpável em cada gesto dos nossos pais, dos nossos professores, dos nossos
amigos, dos nossos sacerdotes que se entregam com dedicação, sacrifício e
generosidade, sem pedir compensações. Não, Deus não nos amou de brincadeira. O
seu amor foi, é e será muito sério. E amor com amor se paga. Pelo menos isso
fazem as almas nobres.
Para refletir: deixo-me curar e abraçar pela Cruz de Cristo?
Experimento todos os dias na oração e na participação dos sacramentos esse amor
de Cristo que me amou e me continua amando em sério? Sou portador desse amor
misericordioso de Cristo aos meus irmãos e irmãs que vivem do meu lado e que
estão levando uma cruz talvez mais pesada do que a minha? Alargo também os meus
braços para dar-lhes uma mão, como bom cireneu, ou estender-lhes o meu manto
para enxugar as suas lágrimas e o seu sangue, como fez a Verônica com Cristo?
Para rezar: Peçamos ao Senhor que nos ajude a ser
“contagiados” pela sua misericórdia. Peçamos à Santa Mãe de Jesus, a Mãe da
misericórdia, que também nos sejamos homens e mulheres da misericórdia, para
contribuir assim à salvação do mundo, à salvação das criaturas, para ser homens
e mulheres de Deus. Amém.
Contemplemos Jesus, o Servo sofredor. O que
não sofreu para nos salvar!
Pe. Antonio
Rivero, L.C.
A Quinta-feira
Santa foi “a hora de Jesus”. A Sexta-feira Santa é, sobretudo, “a hora de Satanás”.
Duas horas que se reduzem a uma só hora, “a hora do Mistério Pascal”, com os
seus dois ponteiros: a entrega de Cristo e a maldade humana. A celebração da
Paixão de hoje, que não é missa, tem três partes: primeira parte, liturgia da
Palavra e oração universal; segunda parte, adoração da santa cruz e, terceira
parte, sagrada Comunhão. Também podemos dividi-la assim: Paixão proclamada nas
leituras, Paixão invocada na oração universal, Paixão venerada no beijo à santa
cruz e Paixão comunicada na comunhão.
Em primeiro
lugar, quem resiste contemplar este Servo sofredor? Desprezado, sem estima,
leproso, ferido de Deus, humilhado, trespassado pelas nossas rebeliões (1
leitura), com medo, pavor, tristeza, tédio, gritos, lágrimas. Ai, jogado no
horto das oliveiras. Ai, aniquilado e sangrando na flagelação. Ai, blasfemado,
injuriado, insultado na cruz. Ai, pregado mãos e pés no madeiro ignominioso da
cruz. Ai, com o flanco sangrando pela culpa dessa lança cruel. Ai, deitado na
cruz, o céu fechado sem a voz do seu Pai e uma noite escura interior terrível.
Em segundo lugar,
não obstante, esse Servo sofredor é modelo e exemplo para nós (2a leitura).
Modelo de obediência ao Pai acima de tudo. Modelo de amor pelos homens até dar
a vida por eles. Modelo de perdão sem medida. Modelo de mansidão, que diante de
tanta injustiça não esperneou nem sequer se rebelou. Modelo de generosidade,
que enquanto ao seu redor cada um tirava um proveito para si, Ele nada reservou
para si mesmo. Modelo na hora de sofrer com paciência tanto atropelamento,
golpes, empurrões, cusparadas, bofetadas, açoites, coroa de espinhos. Modelo de
fidelidade até o final ao plano de Deus. Modelo de confiança nas mãos do seu
Pai.
Finalmente, cada
um de nós tem algo de culpa na dor deste Servo sofredor. Os Judas que traem
Jesus e o vendem por umas moedas de prazer. Os Pedros que negam Jesus para
salvar a sua pele. Os outros discípulos que o abandonam de medo da cruz. Os que
o martirizam e crucificam fazendo sofrer os seus irmãos, com os quais Cristo se
identifica. Os Anás que estão bem apoltronados no seu sofá, que escondem no seu
palácio uma máfia, sendo ele o padrinho onipotente, cético e agnóstico,
disposto a dar uma bofetada em Jesus diante da força da verdade que ele não
aceitava; sim, esse Anás que passará para a história como o protótipo de homem
que faz valer os seus direitos de “autoridade aposentada”, para humilhar os
outros, dar-se importância… E como não pôde, recorreu à violência baixa e
própria de vilões. Homem orgulhoso, expeditivo, frontal, prático, seguro de sim
mesmo. Também estão os Caifás. Caifás era homem mais político que ético: estava
interessado na religião do “interesse”, disposto a praticá-la, embora tivesse
que passar por cima da morte, enquanto lhe proporcionasse algo. Este era
Caifás: um juiz que pronunciou a sentença, muito antes que o juízo começasse.
Homem orgulhoso, expeditivo, frontal, cortante, prático, seguro de sim mesmo.
Culpa também têm os covardes Pilatos de turno que preferem lavar as mãos para
não perder o posto de prestígio, embora tenham que sacrificar a verdade e dar
morte ao inocente. Claro está que têm o seu peso de culpa os Herodes
supersticiosos, sensuais, frívolos que pretendem servir-se de Jesus como
diversão da festa. E também os Barrabás, baderneiros, criminais, assassinos.
Menos mal que também estavam os que consolaram Jesus: a sua santa Mãe, João
evangelista, o Cireneu, as santas mulheres, a Verônica.
Para refletir: Quero acompanhar Cristo na sua Paixão e
Morte, ou serei mais um na lista de quem fizer Cristo sofrer neste ano? Qual
personagem da Paixão eu quero protagonizar neste ano?
Para rezar: Senhor, piedade e misericórdia. Senhor,
obrigado por ter me salvado. Senhor, dai-me a graça de lutar contra o pecado e
de levar a minha própria cruz, pequeno pedaço da vossa enorme cruz.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
ORAÇÃO
- Ó glorioso S. José, a bondade de vosso coração é sem limites e indizível, e
neste mês que a piedade dos fiéis vos consagrou mais generosas do que nunca se
abrem as vossas mãos benfazejas. Distribui entre nós, ó nosso amado Pai, os
dons preciosíssimos da graça celestial da qual sois ecônomo e o tesoureiro;
Deus vos criou para seu primeiro esmoler. Ah! que nem um só de vossos servos
possa dizer que vos invocou em vão nestes dias. Que todos venham, que todos se
apresentem ante vosso trono e invoquem vossa intercessão, a fim de viverem e
morrerem santamente, a vosso exemplo nos braços de Jesus e no ósculo beatíssimo
de Maria. Amém.
LADAINHA DE SÃO JOSÉ
Senhor tende
piedade de nós.
Jesus Cristo
tende piedade de nós.
Senhor tende
piedade de nós.
Jesus Cristo,
ouvi-nos.
Jesus Cristo,
escutai-nos.
Deus Pai do Céu,
tende piedade de nós.
Deus Filho,
Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito
Santo, tende piedade de nós.
Santíssima
Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, rogai
por nós.
São José,
Ilustre Filho de
Davi,
Luz dos
Patriarcas,
Esposo da mãe de
Deus,
Guarda da
puríssima Virgem,
Sustentador do
Filho de Deus,
Zeloso defensor
de Jesus Cristo,
Chefe da Sagrada
Família,
José justíssimo,
José castíssimo,
José
prudentíssimo,
José fortíssimo,
José
obedientíssimo,
José fidelíssimo,
Espelho de
paciência,
Amante da
pobreza,
Modelo dos
operários,
Honra da vida de
família,
Guarda das
virgens,
Amparo das
famílias,
Alívio dos
sofredores,
Esperança dos doentes,
Consolador dos
aflitos,
Patrono dos
moribundos,
Terror dos
demônios,
Protetor da Santa
Igreja,
Patrono da Ordem
Carmelita,
Cordeiro de Deus,
que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus,
que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus,
que tirais o pecado do mundo, tende piedade nós.
V. - O Senhor o
constituiu dono de sua casa.
R. - E fê-lo
príncipe de todas as suas possessões.
ORAÇÃO: Deus,
que por vossa inefável Providência vos dignastes eleger o bem-aventurado São
José para Esposo de vossa Mãe Santíssima concedei-nos, nós vos pedimos, que
mereçamos ter como intercessor no céu aquele a quem veneramos na terra como
nosso Protetor. Vós que viveis e reinais com Deus Padre na unidade do Espírito
Santo. Amém.
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