Frei
Patrício Sciadini OCD, superior carmelita no Egito, explica como usar o
escapulário, a ligação com Nossa Senhora do Carmo e os compromissos dessa bela
devoção
A
festa de Nossa Senhora do Carmo chegou, é uma das festas de Maria mais
populares e mais amadas pelo povo. E também a festa principal de todas as
famílias do Carmelo que vê na Virgem Maria um modelo completo de consagrada, de
quem busca com sinceridade e verdade não só contemplar o rosto de Deus mas
revelar a ternura do Pai na pessoa de Jesus revestido de carne humana no seio
virginal de Maria.
Ninguém
sabe quantos são os títulos que o amor humano tem dado a Virgem Maria ao longo
dos séculos. Poderíamos dizer que cada título é como um doutorado “honoris
causa”. Temos título que `as vezes não
nos dizem muito porque fazem parte do passado como chamar Maria torre de
marfim.
É
só porque era um tempo em que o marfim era muito precioso (ainda é!) Outro
título, Virgem da estrada ou do caminho mostra como ela caminha sempre ao nosso
lado. No nosso Nordeste vi o título “Virgem da droga”, perguntei o porquê desse
título e me disseram: “ela é nossa Mãe, que nos ajuda a nos libertarmos dessa
nossa escravidão”. Bonito. Eu gosto de
um título e tenho uma pintura que uma amiga salesiana fez para mim: “Virgem
grávida”. Deixei-a no Brasil, mas ela sempre me acompanha, é símbolo de
plenitude da vida e de todas as mulheres que doam a vida no sofrimento, na dor
da pobreza e na falta do necessário.
Mas
por que o título de Nossa Senhora do Carmo é famoso e é ligado ao
escapulário?
As
duas devoções que ao longo dos séculos ao invés de perder o seu encanto tem
aumentado, são o rosário e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo. Pode ser
que você não saiba, mas na aparição da Virgem Maria em Fatima no dia 13 de
outubro de 1917, ela apareceu usando o escapulário de Nossa Senhora do
Carmo. Tudo isso foi lido como um sinal
de amor de Maria para a humanidade. O título de Nossa Senhora do Monte Carmelo
surge na Palestina quando no sec. XIII alguns cruzados sentindo uma sedução
toda especial pelos lugares santos, decidiram ficar na Terra Santa e deram vida
no Monte Carmelo a um grupo de eremitas que mais tarde se organizou e se chamou
“os irmãos da Virgem Maria do Monte Carmelo”.
Durante o período das perseguições e de dificuldades migraram para a
Europa e num momento difícil da vida o Geral da Ordem, Simão Stock, suplicou a
Virgem Maria de protege-lo.
Muitas
vezes estória, lenda e tradição se confundem e criam uma terra fértil para as
devoções que sempre devem ser purificadas. Maria teria prometido a sua proteção
a quem usasse este pequeno hábito “bentinho” como se diz no Brasil. Esta
devoção foi se estendendo como mancha de óleo e foi atingindo tantos países do
mundo. Muitas vezes, recordava o Beato Papa Paulo VI, a devoção do escapulário
e o rosário foram as forças das comunidades que não tinham sacerdotes.
O
escapulário é um sinal do amor da Virgem para conosco e nosso para ela. Quem o
traz mostra publicamente que pertence a grande família do Carmelo. Não é um
“objeto mágico” que traz sorte e que nos dá salvação “a bom mercado”, sem
esforços. Mas somente um estimulo e uma lembrança que nós amamos Maria, nossa
Mãe.
O
escapulário da Virgem do Carmelo se difundiu rapidamente por todos os
continentes, não só por obra dos carmelitas, mas sim de tantas pessoas,
devotas, que viram neste pequeno sinal e nesta devoção, uma maneira de viver na
imitação de Maria. Muitos papas,
especialmente São João Paulo II, usavam o escapulário desde a infância; ele
dizia: “ desde criança uso no meu coração o escapulário da Virgem Maria do
Carmelo”. E ele sempre sentiu essa
proteção. Devemos reconhecer que ao longo dos séculos foram se sobrepondo
tantas “pequenas e belas lendas”, é necessário purificar esta devoção de
sentimentalismos e devocionismos e vê-la na sua verdadeira luz.
Como usar o escapulário?
Muitas
pessoas perguntam: como usar o
escapulário? Quais são os compromissos concretos que a pessoa deve ter para ser
protegido pela Virgem Maria?
Quem
decide receber o escapulário deve assumir duas atitudes de vida: uma, viver o
Evangelho com mais fidelidade possível nos seus compromissos cristãos, de
famílias, de vida religiosa, de trabalho; deve revelar que a sua vida não é
“aparência mas realidade”, estar plenamente em sintonia com as palavras que
Maria disse nas Bodas de Canãa da Galileia aos servos: “fazei tudo o que Ele vos disser” e Jesus nos
repete continuamente que somos chamados a viver o preceito do amor para com
Deus, para consigo mesmo e para com os outros. Esta atitude e o escapulário,
como todos os sinais religiosos, crucifixos, medalhas, são decorativos e não
dizem nada mas podem ser “uma renovação do amor “e da nossa fé.
A
segunda atitude que deve ter quem usa o escapulário: ter um amor autêntico pela
Virgem Maria imitando a sua fé, sua esperança e seu amor. A vida de Maria é
toda orientada para Deus e para o serviço ao próximo. Ela viveu com intensidade
a sua vocação. Maria passa a fazer parte da nossa vida cristã sem substituir o
Cristo Salvador e centro e fonte de plenitude da salvação, mas como nossa
intercessora que vem em nossa ajuda nos momentos mais difíceis da nossa vida.
Não podemos esquecer jamais que somos chamados a assumir com Maria toda a nossa
missão de evangelizadores, de operários de paz, de ir com ela ajudando os que
são necessitados como ela correu para ajudar a sua prima Isabel. Ter os olhos
de Maria que vê o “vinho bom” que falta em nossa família e comunidades.
Não
existem compromissos específicos a não ser estes dois. Nada de extraordinário,
não tem “taxas para pagar, “mas amor para dar e Maria nos protege gratuitamente
e nos abençoa não porque nós “fazemos grandes sacrifícios”, mas porque ela é
nossa Mãe. Eu amo imensamente o escapulário e o trago com amor nas
dificuldades; eu o aperto ao meu coração e o beijo com devoção e uma força nova
renasce na minha vida de cada dia.
A
única “moeda boa” que compra Maria, Jesus e o paraíso é o amor. Se você ainda
não o usa... comece hoje a usá-lo e a sentir uma grande presença e força em sua
vida. Ame Maria, não deixe de celebrar as suas festas, todos os dias rezar o
terço e pelo menos como dizia minha mãe Domenica: “de manhã e `à tarde três Ave
Marias”. Se não encontrar tempo para isso, não é amor, é descuido e preguiça e
aí é falta de amor.
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