V Centenário do Nascimento (1515-2015) |
Evangelho
(Lc 5,27-32): E, depois disto, saiu, e
viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe:
«Segue-me». E ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu. E fez-lhe Levi um
grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros
que estavam com eles à mesa. E os escribas deles, e os fariseus, murmuravam contra
os seus discípulos, dizendo: «Por que comeis e bebeis com publicanos e
pecadores?» E Jesus, respondendo, disse-lhes: «Não necessitam de médico os que
estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; Eu não vim chamar os justos, mas,
sim, os pecadores, ao arrependimento».
Comentário: Rev. D. Joan Carles MONTSERRAT i Pulido
(Cerdanyola del Vallès, Barcelona, Espanha)
Eu não vim chamar os
justos, mas, sim, os pecadores.
Hoje
vemos como avança a Quaresma e a intensidade da conversão a que o Senhor nos
chama. A figura do apóstolo e evangelista Mateus é muito representativa
daqueles que podemos chegar a pensar que por causa do nossa história, ou pelos
pecados pessoais ou por situações complicadas, é difícil que o Senhor repare em
nós para colaborarmos com Ele.
Pois
bem, Jesus Cristo, para nos tirar de toda a dúvida põe-nos como primeiro
evangelista um cobrador de impostos Levi, a quem diz sem rodeios: «Segue-me»
(Lc 5,27). Fez, com ele exatamente o contrario daquilo que a mentalidade
“prudente” poderia esperar. Hoje procuramos ser “politicamente corretos”, Levi
—pelo contrário— vinha de um mundo que tinha repulsa pelos seus compatriotas,
pois o consideravam, apenas por ele ser publicano, colaboracionista dos romanos
e possivelmente fraudulento com as “comissões”, o que afogava os pobres ao
cobrar-lhes os impostos, em fim, um pecador público.
Aos
que se consideravam perfeitos não se lhes passava pela cabeça que Jesus não apenas
os chamaria a segui-lo, nem muito menos apenas a sentarem-se à mesma mesa.
Mas
com esta atitude, ao escolhê-lo, Nosso Senhor Jesus Cristo diz-nos que é mais
deste tipo de gente de quem gosta de se servir para estender o seu Reino;
escolheu os malvados, os pecadores, e os que não se consideram justos: «Para
confundir os fortes, escolheu os que são débeis aos olhos do mundo» (1Cor
1,27). São estes os que necessitam de médico, e sobretudo, são eles os que
compreenderão que os outros o necessitam.
Devemos,
pois evitar pensar que Deus quer expedientes limpos e imaculados para servi-lo.
Este expediente apenas o preparou para a Nossa Mãe. Mas para nós, sujeitos da
salvação de Deus e protagonistas da Quaresma, Deus quer um coração contrito e
humilhado. Precisamente, «Deus escolheu-te débil para te dar o seu próprio
poder» (Sto. Agostinho). Este é o tipo de gente que, como diz o salmista, Deus
não menospreza.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm
*
O Evangelho de hoje traz o mesmo assunto no evangelho de Marcos (Mc 2,13-17).
Só que desta vez é do Evangelho de Lucas e bem mais abreviado, concentrando a
atenção sobre a cena principal que é o chamado e a conversão de Levi e a
conversão que isto implica para nós que estamos entrando na quaresma.
*
Jesus chama um pecador para ser discípulo. Jesus chama Levi, um publicano, e
este, imediatamente, larga tudo, segue Jesus e começa a fazer parte do grupo
dos discípulos. Em seguida, Lucas diz que Levi preparou um grande banquete em
sua casa. Em Marcos, parecia que o banquete era na casa de Jesus. O que importa
é a insistência na comunhão de mesa de Jesus com os pecadores, coisa que era
proibida.
*
Jesus veio não para os justos, mas para os pecadores O gesto de Jesus provocou
a raiva das autoridades religiosas. Era proibido sentar-se à mesa com
publicanos e pecadores, pois sentar à mesa com alguém era o mesmo que tratá-lo
como irmão! Com o seu gesto Jesus estava acolhendo os excluídos como irmãos da
mesma família de Deus. Em vez de falar diretamente com Jesus, os escribas dos
fariseus falam com os discípulos: O quê! Ele come com pecadores e publicanos?
Jesus responde: Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os
doentes Eu não vim chamar os justos mas sim os pecadores! É a consciência da
sua missão que ajuda Jesus a encontrar a resposta e a indicar o rumo para o
anúncio da Boa Nova de Deus. Ele veio para reunir o povo disperso, para
reintegrar os que tinham sido excluídos, para revelar que Deus não é um juiz
severo que condena e expulsa, mas sim um Pai/Mãe que acolhe e abraça.
Para um confronto
pessoal
1) Jesus acolhe e inclui as pessoas.
Qual a minha atitude?
2) O gesto de Jesus revela a
experiência que ele tem de Deus como Pai. Qual a imagem de Deus que se irradia
para os outros através do meu comportamento?
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