O BATISMO de Jesus: a
força que faz maravilhas na pessoa e na sociedade
Desde
a sua fundação a Igreja atribuiu a certos domingos e às semanas por eles
iniciadas, um colorido especial. Esses domingos formam o Ano Litúrgico ou
Eclesiástico.
O
Ano Litúrgico é um plano de adoração que se baseia nos grandes temas da
história da salvação, especialmente no Evangelho, na vida de Cristo. A
comemoração do Ano Litúrgico é importante porque permite reviver os principais
eventos da história da salvação desde Gênesis até o Apocalipse.
O
Ano Litúrgico não coincide com o Ano Civil, isto é, não começa no mesmo dia;
enquanto o Ano Civil começa em 1º de janeiro, o Ano Litúrgico inicia-se quatro
domingos antes do Natal, respectivamente no 1º Domingo do Advento. É composto
por dois grandes ciclos: Natal (Advento, Natal, Epifania e Batismo do Senhor) e
Páscoa (Quaresma, Semana Santa, o Tempo Pascal, Pentecostes), e, dependendo do
ano, por um longo período de 33 ou 34 semanas, chamado de Tempo Comum
(divide-se em duas partes: após Epifania e após Pentecostes).
O
Tempo do Natal é a memória da Manifestação do Senhor em suas diversas etapas: Anúncio,
Nascimento, Epifania, Batismo. A missão de Jesus é mostrar o Pai e levar à comunhão
com Ele. Paulo revela que a salvação é também para os pagãos. Os Magos, em sua sabedoria,
querem conhecer o Menino, pois sabem que Ele é o Prometido.
No
Natal Deus Se manifesta como Homem, na Epifania esse mesmo Homem se revela como
Deus. Assim, nestas duas festas, quis Deus que o grande mistério da Encarnação
fosse revelado com todo o brilho, tanto aos judeus como aos gentios, dado o seu
caráter universal. Então, a Epifania vem reforçar o que anunciamos no Natal: a vinda
do Filho de Deus ao mundo. Agora, no entanto, na perspectiva da glorificação de
Deus na pessoa e obra de Jesus.
Estamos
na Epifania, ou seja, no terceiro tempo do ciclo do Natal. Nesta época
celebramos a revelação universal de Jesus Cristo, a manifestação do Salvador de
toda a humanidade.
Este
período começa no dia 6 de janeiro quando se comemora a visita dos Reis Magos
ao menino Jesus. Além disso, nesta ocasião se celebra, também, a apresentação
de Jesus ao mundo, passando pela circuncisão, apresentação ao templo, batismo,
milagre de Cana, etc. Enquanto o Natal proclama a humanidade de Cristo, a Epifania
manifesta sua divindade. A palavra Epifania (do grego ephifaneia, epi [sobre,
em cima de] e fanós [lanterna, luz]), que significa “manifestação”, “aparição”
ou “amanhecer”. Antes de tornar-se um termo utilizado pela Igreja cristã,
significava a chegada de um rei ou imperador. A partir de Cristo tem a
conotação de manifestação do divino ao mundo, que no AT era expressa pelo vocábulo
“teofania”. A espiritualidade deste período é marcada pelo Cristo prometido que
se torna uma realidade na vida de mulheres e homens, juvenis e crianças, jovens
e idosos que procuram a paz, a justiça e o amor.
A
manifestação divina através de Jesus Cristo é descrita de maneiras diversas
pelos evangelhos e epístolas. Por exemplo, no Evangelho de João, a Epifania
adquire um significado especial, pois a apresentação de Jesus é feita através
dos diferentes títulos messiânicos que estavam presentes no imaginário judaico
da época. A descrição desses títulos obedece a uma ordem, que se pode dizer
crescente, até a sua culminância com aquele título que, segundo os
evangelistas, era o de maior simpatia do Senhor ― Filho do Homem ―, como porta
de acesso a Deus. Essa Epifania é narrada numa trama de diálogos envolvendo
personagens fundamentais para a igreja nascente, como seus apóstolos (1,43- 51)
é o que afirma Garin (2009, p.80).
O
sentido teológico da festa da Epifania é apontar para a universalidade da salvação
em Cristo, para uma Igreja missionária que é como um sinal levantado sobre a
humanidade para levar até Cristo Jesus os/as filhos/as dispersos/as de Deus.
O
Batismo do Senhor é celebrado no primeiro Domingo após Epifania, e representa o
início da missão de Jesus no mundo. Este tempo é parte da manifestação de Jesus
aos seres humanos, por isso trata-se de uma continuidade da Epifania.
Diferenciando-se pelo fato de que na Epifania é o ser humano (representado
pelos magos) que vai a Cristo, ao passo que com o Batismo do Senhor é Deus (por
meio de Jesus Cristo) que vem até o ser humano, a fim de cumprir sua missão.
Por isso a espiritualidade desse dia é marcada pela missão iniciada por Jesus
em prol dos menos favorecidos e injustiçados.
A
festa do Batismo de Jesus encerra o tempo do Natal e abre o tempo de reflexão
sobre o ministério público de Jesus. O mesmo Espírito que estava presente no
início da criação agora está presente no Jordão para dar início à nova criação,
isto é, à redenção.
Suas
cores são a branca por oito dias e após o amarelo até o domingo do Batismo do Senhor.
Seus símbolos são:
Coroa dos Magos: simbolizando a procura pelo Cristo prometido;
Estrela: simboliza a luz que aparece no horizonte para a chegada de um novo tempo;
Mãos: símbolo da força de Deus e Sua providência a toda a criação;
Presentes: além do presente maior dado à humanidade, Cristo, simbolizam também,
os presentes dados pelos magos.
A
revelação de Deus traz bênção e promessa. Por isso a Epifania é caracterizada
por alegria e júbilo. Mas a Epifania também é chamada ao compromisso. O
primeiro ato revelador é a criação. Deus revela sua vontade com palavras
criadoras: “Haja luz; e houve luz” (Gn 3,1). E tudo o que Deus fez era bom!
Deus revela-se a Abraão com promessa de grande descendência e de uma terra que
produz fartura. A partir desse povo eleito, Deus será revelado a todas as
nações. Eleição tem o envio como consequência (Gn 12,2-3). Deus revela seu nome
a Moisés com a perspectiva de libertação do povo da escravidão do Egito.
Deus
faz uma aliança com Israel para, em seu meio, revelar sua justiça. Revelação é
ato de misericórdia! Em resposta, o povo de Israel compromete-se a cumprir a
vontade divina. Revelação traz responsabilidade e compromisso! Com a encarnação
de Deus em Jesus Cristo, a concepção de eleição se amplia. Não há somente um
povo eleito. Todos os povos podem fazer parte da nova aliança. Em Jesus, a manifestação
de Deus assume uma forma concreta de ser humano (VOIGT, 2011, pp.65-66).
Na
tradição da Igreja, a Epifania foi associada com a narrativa dos reis magos,
conforme Mateus 2,1-12. Mateus narra que o Cristo Vivo Ressuscitado é o Senhor
Deus verdadeiro na sua divindade e verdadeiro na carne de Davi. Davi era pastor
em Belém. Cristo é o Pastor de seu povo. Ele é o Rei Salvador. Por isso
perguntam: “Onde está o Rei que acaba de nascer?” (v. 2). Ele é o Emanuel, Deus
Conosco. As ofertas dos Magos reconhecem, com o ouro, Seu Senhorio; com o
incenso, Sua Divindade; com a mirra, sua natureza humana no sofrimento
(paixão). Eles vêm do Oriente, lugar do Sol Nascente. Cristo é o Sol que vem do
alto para iluminar (Lc 1,76). A alegria dos Magos é a mesma que sentiram as
mulheres ao verem o Ressuscitado. Vemos a unidade do Mistério de Cristo. A
presença do Cristo é a alegria universal.
Os
magos são pessoas que se põem a caminho, orientados e conduzidos por Deus, não para
adorar o rei dos judeus na perspectiva do povo de Israel, mas na perspectiva
Daquele que veio para anunciar a morada de Deus entre as pessoas e nações. Ao
caírem de joelhos e roçarem a testa no chão, pois assim acontecia o gesto de
adoração, o mundo pagão e dos astros simbolicamente se rende à revelação de
Deus. Os presentes atestam também a reverência. O aviso, em sonho (v.12), de
voltar por outro caminho manifesta mais uma vez o Deus que caminha junto, que conduz,
orienta e zela pelos que ouvem a sua voz.
O
Batismo de Jesus no Jordão fazia parte da sua obra redentora. É um evento
lembrado pelos evangelistas, o que nos mostra com intensidade como o Salvador
quis solidarizar-se com o gênero humano, imerso no pecado. João chamava ao
arrependimento e administrava um batismo de conversão. No entanto, Jesus, o
Cordeiro sem mancha, que veio tirar o pecado do mundo, submete-se ao batismo de
João. É um momento de Epifania, quando a Trindade se manifesta e aparece claramente
a missão do Filho que deve ser escutado.
O
batismo de Jesus é um chamado para todos os seus discípulos a segui-lo. Todos
os que foram batizados estão unidos, enxertados em Cristo. Por isso, estamos
unidos por um vínculo mais forte do que as divisões humanas que nos separam ainda
hoje. Essas divisões são um escândalo. O batismo é laço de união de todos os
cristãos e as cristãs.
Nesse
contexto, somos vocacionados para sermos DISCÍPULAS E DISCÍPULOS NOS CAMINHOS
DA MISSÃO CUMPREM O MANDATO MISSIONÁRIO DE JESUS. O que estamos esperando para
sermos instrumentos nas mãos de Deus para o avanço missionário?
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