Textos: Is 61, 1-2.10-11; 1 Tes 5, 16-24; Jo
1, 6-8.19-28
«No meio de vós está
Alguém que não conheceis»
A
liturgia do terceiro domingo do Advento é centrada no tema da alegria. De
facto, a Igreja tradicionalmente chama ao terceiro domingo do Advento, domingo
da alegria ou domingo Gaudete. A cor litúrgica sugerida para este dia diz
também a sua peculiaridade no todo do ano litúrgico. Neste sentido, toda
liturgia ganha uma unidade: leituras, evangelho, orações em redor desta atitude
e bem-aventurança bíblica: Alegrai-vos!
O
episódio evangélico de hoje, (na realidade este domingo poderemos ler dois
textos do evangelho) continua a orientar o nosso caminho em direção ao Natal
que se faz sempre mais próximo.
O
evangelho deste domingo, do primeiro capítulo do evangelho de João,
ajudar-nos-á a descobrir quem é Jesus e o perfil e traços do Evangelizador.
Evangelho
(Jo 1, 6-8.19-28) - Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio
como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem
por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este
o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e
levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu? » Ele confessou a verdade e não
negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então,
quem és tu? És Elias? » «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta? ». Ele
respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma
resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo? » Ele declarou: «Eu
sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse
o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram:
«Então, porque batizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta? » João
respondeu-lhes: «Eu batizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não
conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a
correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João
estava a batizar.
Alegrai-vos! A
verdadeira alegria na vida é Jesus que com o seu nascimento vem para dissipar
as trevas do pecado e nos envolver na sua luz maravilhosa.
Pe. Antonio Rivero, L.C.
São João da Cruz, Presbítero de nossa Ordem Doutor da Igreja |
Em
primeiro lugar, alegremo-nos, porque se aproxima o nosso Salvador e Libertador.
Do que nos salva? (1 leitura). Das correntes e dos grilhões que, quem sabe,
atam a nossa alma e por isso não é livre para se relacionar na oração humilde
com esse Deus da Salvação. Dos medos que nos paralisam e não nos deixam
descobrir que esse Salvador é Pai e Amigo e Companheiro de caminho à
eternidade. Das tristezas que nos afogam que nos impedem de sorrir ao
experimentar a ternura deste Deus Libertador que vem com os despojos da sua
vitória na mão depois de uma luta terrível contra o inimigo da nossa alma. Das
falsas expectativas, utopias e piscares de olhos que nos faz este mundo e os
nossos sonhos fátuos, que nos apresentam o seguimento de Cristo como um caminho
de rosas, de êxitos e reconhecimentos, quando na realidade sabemos que devemos
segui-lo pelo caminho da cruz, do esforço, mas com Ele do nosso lado. Vem para
nos salvar de tudo isso: das falsas ideologias, de esperanças disfarçadas, dos
sistemas socioeconômicos escravizadores e desumanos, dos nossos ridículos e
devoradores egoísmos, vaidades e ambições. Salvação completa, de corpo e alma e
espirito (segunda leitura).
Em
segundo lugar, alegremo-nos porque volta a nascer o Sol de justiça que lança a
sua luz sobre o nosso mundo. Aonde quer chegar com a sua luz? Quer chegar até a
nossa Igreja nesta hora fatídica, mas ao mesmo tempo entusiasmante e
desafiadora, da sua história para que continue guardando com zelo e carinho o
depósito da fé sem permitir elixires doces ou misturas esquisitas. Chegar neste
mundo que se ufana das suas conquistas cientificas, à margem de Deus e
inclusive em contra de Deus; e a única coisa que pretende é ser vagalume para
si mesmo. Chegar às nossas famílias hoje bombardeadas e cujos escombros não nos
permitem ver a beleza desta igreja doméstica. Chegar aos nossos jovens que se
preparam para um matrimônio fiel e feliz, para que tenham a luz e o
discernimento para dar esse nobre passo no projeto de vida matrimonial segundo
os desígnios de Deus. Chegar aos nossos seminaristas e sacerdotes para que
descubram ou redescubram a beleza da vocação de entrega alegre e gozosa ao
Senhor no celibato pelo Reino dos céus, e não busquem outras compensações
mundanas e álibis, que nunca os farão felizes por levar uma vida de duas caras
e não acorde com a sua consagração a Deus em santidade de vida. Chegar aos
nossos anciãos, para que a Luz de Cristo lhes encha de esperança e consolo
nesta etapa dourada da sua existência e possam vislumbrar a eternidade no ocaso
da sua vida. Chegar aos nossos irmãos mais pobres e desfavorecidos, para que
essa Luz de Cristo entre nos corações de todos os que podem socorrê-los
material, espiritual, moral e psicologicamente. E, enfim, a luz de Cristo quer
chegar a todos: crianças, artistas, comunicadores, literatos; da mesma maneira
com que o sol manda os seus raios a todos, assim Cristo. Só que quem não abrir
a janela ficará na escuridão.
Finalmente,
alegremo-nos porque a Palavra de Deus se encarna e acampará entre nós. O que nos
dirá essa Palavra? Deus é Amor e é Pai. Bem-aventurados os pobres, os mansos,
os sofridos, os que têm fome e sede da Vontade de Deus, os puros, os
misericordiosos, os pacificadores, os perseguidos. “Amai-vos uns aos outros
como eu vos tenho amado”, repartindo o pão com o necessitado, enxugando as
lágrimas daquele que chora, consolando o que está triste, animando o que está
desanimado e perdoando o inimigo.
Para
refletir:
1.
Vivo alegre na minha vida cristã?
2.
Quem é a fonte da minha alegria?
3.
Já abri de par em par as portas da minha existência à luz de Cristo ou tenho
algumas janelas fechadas onde não entrou ainda esta Luz de Cristo?
4.
Quais: afetividade, vontade, sentimentos, êxitos, fracassos...?
Para
rezar: Senhor, enchei-me da vossa alegria e
da vossa luz. Senhor, que eu seja portador da vossa alegria e da vossa luz ao
redor dos que convivem comigo. Que a minha alegria seja funda e profunda,
fundamentada em Vós.
Qualquer
sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
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