sábado, 20 de dezembro de 2014

Semana Santa do Natal: A Igreja espera Jesus com Maria e como Maria

Quinta Antífona - 21 de dezembro - Ó Sol nascente
Ó Sol nascente justiceiro, resplendor da Luz eterna: Oh, vinde e iluminai os que jazem entre as trevas e, na sombra do pecado e da morte, estão sentados

Toda esta Antífona do dia 21 de dezembro é inspirada no Benedictus, o Cântico de Zacarias (cf. Lc 1,68-79). Aí está dito que o Messias é o Astro das alturas que vem "iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte".

É um tema recorrente na Sagrada Escritura, aquele do Messias como portador da luz, iniciador do Dia eterno, sem fim, Sol nascente que dissipa a noite deste mundo. Baste recordar algumas passagens bíblicas:

1. Malaquias profeta, falando dos dias do Messias, afirma: "Para vós que temeis o Meu nome, brilhará o sol de justiça, que tem a cura em seus raios" (Ml 3,20).

2. Do mesmo modo, Balaão pensa no Messias referindo-se a um astro que surgirá em Israel: "Eu o vejo - mas não agora, eu o contemplo - mas não de perto: Um astro procedente de Jacó se torna chefe, um cetro se levanta, procedente de Israel" (Nm 24,17).

3. Também a impressionante palavra de Isaías profeta: "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria como a da morte. Multiplicaste o povo, deste-lhe grande alegria; eles alegram-se na Tua presença como se alegram os ceifadores na ceifa, como se regozijam os que repartem os despojos. Porque o jugo que pesava sobre eles, a canga posta sobre seus ombros, o bastão do opressor, Tu os despedaçaste como no dia de Madiã. Com efeito, toda a bota que pisa ruidosamente no chão, toda a veste que se revolve no sangue serão queimadas, serão devoradas pelas chamas. Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome: Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-paz (Is 9,1-5).

A antífona de hoje recorda também que Cristo, Sabedoria de Deus, é esplendor da luz divina: Ele traz em si o brilho de Deus, pois é Deus como o Pai: A Sabedoria "é um eflúvio do poder de Deus, uma emanação puríssima da gloria do Onipotente, pelo que nada de impuro Nela se introduz, pois Ela é um reflexo da luz eterna, um espelho nítido da atividade de Deus e uma imagem de Sua bondade. Sendo uma só, tudo pode; sem nada mudar, tudo renova e, entrando nas almas boas de cada geração, prepara os amigos de Deus e os profetas; pois Deus ama só quem habita com a Sabedoria. Ela é mais bela que o sol, supera todas as constelações: comparada à luz do dia, sai ganhando, pois a luz cede lugar à noite, ao passo que sobre a Sabedoria não prevalece o mal" (Sb 7,25-30).

Por tudo isso, é muito belo o título de Oriente, dado a Cristo. O oriente é a direção na qual nasce a luz, é o lado, o berço da luz, do início de um novo dia.

Chamar Cristo de Oriente é chamá-lo de novo Dia, nova Luz, início e causa duma nova era. De fato, ele é o Dia sem fim, aquele que inicia um novo tempo, quando já não mais haverá trevas, pois sua luz é divina, já que ele vem do Pai e é puro reflexo da sua divindade. Por isso mesmo, os primeiros cristãos tinham o costume de rezar voltados para o Oriente. Na Missa, tanto o sacerdote quanto o povo celebravam os santos mistérios voltados para o Oriente, como quem vai ao encontro do Cristo que vem como Sol de justiça, como Dia da glória sem fim, quando o tempo entrará na eternidade, as trevas cederão à luz e a história desembocará na glória. Daí, também, o próprio verbo "orientar-se": voltar-se para o oriente, para o rumo correto, para Cristo!

Na vida, caminhar ao encontro de Cristo Sol nascente, é "orientar-se"; dele afastar-se, dando-lhes as costas, é perder a "orientação", é desorientar-se, é voltar-se para o ocidente, isto é, para as trevas. Na Igreja antiga, em algumas regiões, os catecúmenos adultos, antes do Batismo, voltavam-se para o ocidente - lado no qual o sol se põe e as trevas se originam - e diziam, depois de cuspirem: "Eu renuncio ao Diabo!" Em seguida, voltavam-se para o oriente, abriam os braços e exclamavam: "Eu adiro a Cristo!"

Oriente é também o "lugar" no qual o Senhor Deus plantou o jardim do paraíso e aí colocara o homem (cf. Gn 2,8). Nosso verdadeiro paraíso, nosso verdadeiro jardim, lugar da nossa salvação definitiva, no qual toda a humanidade pode ser colocada e plenificada - paraíso perdido pelo pecado e reencontrado na Encarnação do Verbo - é o Cristo nosso Senhor. O jardim definitivo, que o homem jamais perderá, é o próprio Cristo, que nos acolhe para as núpcias eternas e nos dá como fruto da árvore da vida, árvore de Sua cruz, seu próprio Corpo e Sangue, por nós assumidos em Maria Virgem no mistério da Encarnação. Tudo isto é evocado nesta antífona. Por isso mesmo, o final tão confiante: que o Santo Messias ilumine com a graça da Sua divindade bendita as trevas de nossa existência!

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