Quinta Antífona - 21 de
dezembro - Ó Sol nascente
Ó Sol nascente
justiceiro, resplendor da Luz eterna: Oh, vinde e iluminai os que jazem entre
as trevas e, na sombra do pecado e da morte, estão sentados
Toda
esta Antífona do dia 21 de dezembro é inspirada no Benedictus, o Cântico de
Zacarias (cf. Lc 1,68-79). Aí está dito que o Messias é o Astro das alturas que
vem "iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte".
É
um tema recorrente na Sagrada Escritura, aquele do Messias como portador da
luz, iniciador do Dia eterno, sem fim, Sol nascente que dissipa a noite deste
mundo. Baste recordar algumas passagens bíblicas:
1. Malaquias profeta, falando dos dias
do Messias, afirma: "Para vós que temeis o Meu nome, brilhará o sol de
justiça, que tem a cura em seus raios" (Ml 3,20).
2. Do mesmo modo, Balaão pensa no
Messias referindo-se a um astro que surgirá em Israel: "Eu o vejo - mas
não agora, eu o contemplo - mas não de perto: Um astro procedente de Jacó se
torna chefe, um cetro se levanta, procedente de Israel" (Nm 24,17).
3. Também a impressionante palavra de
Isaías profeta: "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz
raiou para os que habitavam uma terra sombria como a da morte. Multiplicaste o
povo, deste-lhe grande alegria; eles alegram-se na Tua presença como se alegram
os ceifadores na ceifa, como se regozijam os que repartem os despojos. Porque o
jugo que pesava sobre eles, a canga posta sobre seus ombros, o bastão do
opressor, Tu os despedaçaste como no dia de Madiã. Com efeito, toda a bota que
pisa ruidosamente no chão, toda a veste que se revolve no sangue serão
queimadas, serão devoradas pelas chamas. Porque um menino nos nasceu, um filho
nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome:
Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-paz (Is 9,1-5).
A
antífona de hoje recorda também que Cristo, Sabedoria de Deus, é esplendor da
luz divina: Ele traz em si o brilho de Deus, pois é Deus como o Pai: A
Sabedoria "é um eflúvio do poder de Deus, uma emanação puríssima da gloria
do Onipotente, pelo que nada de impuro Nela se introduz, pois Ela é um reflexo
da luz eterna, um espelho nítido da atividade de Deus e uma imagem de Sua
bondade. Sendo uma só, tudo pode; sem nada mudar, tudo renova e, entrando nas
almas boas de cada geração, prepara os amigos de Deus e os profetas; pois Deus
ama só quem habita com a Sabedoria. Ela é mais bela que o sol, supera todas as
constelações: comparada à luz do dia, sai ganhando, pois a luz cede lugar à
noite, ao passo que sobre a Sabedoria não prevalece o mal" (Sb 7,25-30).
Por
tudo isso, é muito belo o título de Oriente, dado a Cristo. O oriente é a
direção na qual nasce a luz, é o lado, o berço da luz, do início de um novo
dia.
Chamar
Cristo de Oriente é chamá-lo de novo Dia, nova Luz, início e causa duma nova
era. De fato, ele é o Dia sem fim, aquele que inicia um novo tempo, quando já
não mais haverá trevas, pois sua luz é divina, já que ele vem do Pai e é puro
reflexo da sua divindade. Por isso mesmo, os primeiros cristãos tinham o
costume de rezar voltados para o Oriente. Na Missa, tanto o sacerdote quanto o
povo celebravam os santos mistérios voltados para o Oriente, como quem vai ao encontro
do Cristo que vem como Sol de justiça, como Dia da glória sem fim, quando o
tempo entrará na eternidade, as trevas cederão à luz e a história desembocará
na glória. Daí, também, o próprio verbo "orientar-se": voltar-se para
o oriente, para o rumo correto, para Cristo!
Na
vida, caminhar ao encontro de Cristo Sol nascente, é "orientar-se";
dele afastar-se, dando-lhes as costas, é perder a "orientação", é
desorientar-se, é voltar-se para o ocidente, isto é, para as trevas. Na Igreja
antiga, em algumas regiões, os catecúmenos adultos, antes do Batismo,
voltavam-se para o ocidente - lado no qual o sol se põe e as trevas se originam
- e diziam, depois de cuspirem: "Eu renuncio ao Diabo!" Em seguida,
voltavam-se para o oriente, abriam os braços e exclamavam: "Eu adiro a
Cristo!"
Oriente
é também o "lugar" no qual o Senhor Deus plantou o jardim do paraíso
e aí colocara o homem (cf. Gn 2,8). Nosso verdadeiro paraíso, nosso verdadeiro
jardim, lugar da nossa salvação definitiva, no qual toda a humanidade pode ser
colocada e plenificada - paraíso perdido pelo pecado e reencontrado na
Encarnação do Verbo - é o Cristo nosso Senhor. O jardim definitivo, que o homem
jamais perderá, é o próprio Cristo, que nos acolhe para as núpcias eternas e
nos dá como fruto da árvore da vida, árvore de Sua cruz, seu próprio Corpo e
Sangue, por nós assumidos em Maria Virgem no mistério da Encarnação. Tudo isto
é evocado nesta antífona. Por isso mesmo, o final tão confiante: que o Santo
Messias ilumine com a graça da Sua divindade bendita as trevas de nossa
existência!
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