domingo, 28 de dezembro de 2014

Para rezar diante do Presépio

Seleção de fragmentos das homilias natalinas do Papa Bento XVI desde que ocupou a cátedra de São Pedro em 2005 até hoje.

PREPARAÇÃO
– «O Menino, que os pastores adoraram numa gruta na noite de Belém há cerca de dois mil anos, não se cansa de visitar-nos na vida quotidiana, enquanto caminhamos como peregrinos para o Reino. Invocar o dom do nascimento do Salvador prometido significa, contudo, comprometer-se com plainar-lhe o caminho, com preparar-lhe uma habitação digna não só no ambiente à nossa volta, mas sobretudo no nosso coração» (19.12.2007).

– «Chegou o momento que o Anjo tinha anunciado em Nazaré: «Darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo» (cf. Lc 1, 31-32). Chegou o momento que Israel aguardava há muitos séculos, durante tantas horas sombrias – o momento de algum modo esperado por toda a humanidade, ainda que sob figuras confusas: que Deus viesse cuidar de nós, que saísse do seu esconderijo, que o mundo fosse salvo e tudo se renovasse. Podemos imaginar com quanto cuidado interior, com quanto amor Se preparou Maria para aquela hora. A breve anotação «envolveu-O em panos» deixa-nos intuir algo da santa alegria e do zelo silencioso de tal preparação. Estavam prontos os panos, para que o Menino pudesse ser bem acolhido. Na hospedaria, porém, não havia lugar. De algum modo a humanidade espera Deus, a sua proximidade. Mas quando chega o momento, não tem lugar para Ele.

Temos nós tempo para o próximo que necessita da nossa, da minha palavra, do meu afeto? Para o doente que precisa de ajuda? Para o prófugo ou o refugiado que procura asilo? Temos nós tempo e espaço para Deus? Pode Ele entrar na nossa vida? Encontra um espaço em nós, ou temos todos os espaços do nosso pensamento, da nossa ação, da nossa vida, ocupados para nós mesmos? (Missa da meia noite, 24.12.2007).

– O mundo torna-se cada vez mais caótico e também violento: vemo-lo todos os dias. E a luz de Deus, a luz da Verdade, apaga-se. A vida fica escura e desorientada. Como é então importante que sejamos realmente crentes e como crentes reafirmemos com vigor, com a nossa vida, o mistério de salvação que a celebração do Natal de Cristo traz consigo! (19.12.2007).

– «Ó homem moderno, adulto e ainda às vezes débil de pensamento e de vontade, deixa o Menino de Belém conduzir-te pela mão; não temas, confia nele! » (Mensagem Urbi et Orbi, de Roma ao mundo; 25.12.2005).

TESTEMUNHO
– «Se não reconhecermos que Deus se fez homem, que sentido tem festejar o Natal? A celebração torna-se vazia. Antes de tudo, nós cristãos devemos reafirmar com profunda e sentida convicção a verdade do Natal de Cristo, para testemunhar diante de todos a consciência de um dom inaudito que é riqueza não só para nós, mas para todos. Disto brota o dever da evangelização» (19.12.2007).

ESPERANÇA
– «O homem da era tecnológica corre o risco de ser vítima dos próprios êxitos da sua inteligência e dos resultados das suas capacidades inventivas, caminha para uma atrofia espiritual, um vazio do coração. Por isso, é importante abrir a sua mente e o seu coração ao Natal de Cristo, acontecimento de salvação capaz de imprimir uma renovada esperança à existência de todo o ser humano.

No Natal, o nosso espírito abre-se à esperança, ao contemplar a glória divina escondida na pobreza de um Menino envolto em panos e reclinado numa manjedoura: é o Criador do universo, reduzido à impotência de um recém-nascido! Aceitar esse paradoxo, o paradoxo do Natal, é descobrir a Verdade que liberta, o Amor que transforma a existência. Na Noite de Belém, o Redentor faz-Se um de nós, para ser nosso companheiro nas estradas insidiosas da história. Acolhamos a mão que Ele nos estende: é uma mão que não nos quer tirar nada, mas apenas dar». (Mensagem Urbi et Orb:, de Roma ao mundo; 25.12.2005).

AMOR
– «Deus é tão grande que Se pode fazer pequeno. Deus é tão poderoso que Se pode fazer inerme e vir ter conosco como menino indefeso, para que O possamos amar. Deus é tão bom que renuncia ao seu esplendor divino e desce ao estábulo para que O possamos encontrar e, assim, a sua bondade chegue também a nós, se nos comunique e continue a agir por nosso intermédio. Isto é o Natal. » (Missa da meia noite, 24.12.2005).

– «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei». Deus tornou-Se um de nós, para que nós pudéssemos viver com Ele, tornarmo-nos semelhantes a Ele. Como próprio sinal, escolheu o Menino no presépio: Deus é assim» (Missa da meia noite, 24.12.2005).

– «Naquele Menino deitado na manjedoura, Deus mostra a sua glória – a glória do amor, em que Ele mesmo Se entrega em dom e Se despoja de toda a grandeza para nos conduzir pelo caminho do amor. A luz de Belém nunca mais se apagou. Ao longo de todos os séculos, envolveu homens e mulheres, «cercou-os de luz». “Onde despontou a fé naquele Menino, aí desabrochou também a caridade – a bondade para com todos, a carinhosa atenção pelos débeis e os doentes, a graça do perdão” (Missa da meia noite, 24.12.2005).

APOSTOLADO
– «Nada é mais belo, urgente e importante que doar gratuitamente aos homens o que gratuitamente recebemos de Deus». Nada pode nos eximir ou nos tirar deste oneroso e fascinante dever. A alegria do Natal que já experimentamos, enquanto nos enche de esperança, alenta-nos, ao mesmo tempo, a anunciar a todos a presença de Deus no meio de nós» (23.12.2007).

– «Só redescobrindo o dom recebido a Igreja pode testemunhar a todos o Cristo Salvador; fá-lo-á com entusiasmo e ardor, no pleno respeito de toda tradição cultural e religiosa; fá-lo-á com alegria sabendo que Aquele que anuncia nada priva daquilo que é autenticamente humano, mas leva-o à sua plenitude. Na verdade, Cristo vem somente para destruir o mal: o pecado. O resto, todo o resto Ele eleva e aperfeiçoa. » (Missa da meia noite, 24.12.2006).

– «O verdadeiro mistério do Natal é o resplendor interior que vem deste Menino». Deixemos que se comunique a nós esse esplendor interior, que acenda no nosso coração a chama da bondade de Deus; todos nós levemos, com o nosso amor, a luz ao mundo! Não deixemos que esta chama luminosa se apague por causa das correntes frias do nosso tempo! Guardemo-la fielmente e demo-la aos outros! » (Missa da meia noite, 25.12.2005).

CONVERSÃO
– «Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens que Ele ama», ou seja, homens que põem a sua vontade na dele, tornando-se assim homens de Deus, homens novos, mundo novo». (25.12.2007).

– «Este é o grande mistério do amor que nunca termina de nos surpreender. Deus fez-se homem para que nos convertêssemos em filhos de Deus». (23.12.2007).

– «Ele ama a todos, porque todos são criaturas suas. Mas, algumas pessoas têm a sua alma fechada; o seu amor não encontra qualquer acesso a eles. Pensam que não têm necessidade de Deus; não O querem. Outros, que moralmente talvez sejam igualmente miseráveis e pecadores, pelo menos sofrem com isso. Estes esperam Deus. Sabem que têm necessidade da sua bondade, embora não tenham uma ideia precisa dela. No seu íntimo, aberto à expectativa, a luz de Deus pode entrar, e com ela a sua paz» (25.12.2005).

HUMILDADE
– «No estábulo de Belém, tocam-se o céu e a terra. O céu veio à terra. (...). «O céu não pertence à geografia do espaço, mas à geografia do coração. E o coração de Deus, na Noite santa, inclinou-Se até ao curral: a humildade de Deus é o céu. E se formos ao encontro desta humildade, então tocamos o céu. Então a própria terra se torna nova. Com a humildade dos pastores, ponhamo-nos a caminho, nesta Noite santa, até junto do Menino no curral! Toquemos a humildade de Deus, o coração de Deus! “Então a sua alegria tocar-nos-á a nós e tornará o mundo mais luminoso». (25.12.2007).

– «O Natal é o dia santo em que brilha a “grande luz” de Cristo portadora de paz! Certamente, para reconhecê-la, para acolhê-la, é preciso fé, é preciso humildade. A humildade de Maria, que acreditou na palavra do Senhor e foi a primeira que, inclinada sobre a manjedoura, adorou o Fruto do seu ventre; a humildade de José, homem justo, que teve a coragem da fé e preferiu obedecer a Deus mais que preservar a própria reputação; a humildade dos pastores, dos pobres e anônimos pastores, que acolheram o anúncio do mensageiro celeste e à pressa foram à gruta onde encontraram o Menino recém-nascido e, cheios de maravilha, O adoraram louvando a Deus (cf. Lc 2,15-20) ». (Mensagem Urbi et Orbi: de Roma ao mundo; 25.12.2007).

TEMPO
– «Quem está preparado para abrir-Lhe a porta do coração? Homens e mulheres deste nosso tempo, Cristo vem trazer a luz também a nós, vem dar-nos a paz também a nós! Mas quem vigia, na noite da dúvida e da incerteza, com o coração desperto e em oração? Quem espera a aurora do novo dia, mantendo acesa a chamazinha da fé? Quem tem tempo para escutar a sua palavra e deixar-se envolver pelo fascínio do seu amor? » (25.12.2007).

FELICIDADE
– « “À sede de sentido e de valores que hoje se percebe no mundo; à busca de bem-estar e de paz que marca a vida de toda a humanidade; às expectativas dos pobres, responde Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, com a sua Natividade. Que as pessoas e as nações não temam reconhecê-Lo e acolhê-Lo” ». (Mensagem Urbi et Orbi: de Roma ao mundo; 25.12.2007).

«Tem ainda valor e sentido um “Salvador” para o homem do terceiro milênio? Como não perceber que, precisamente do fundo desta humanidade prazenteira e desesperada, surge um dilacerador pedido de ajuda? (...) É precisamente em sua intimidade, no que a Bíblia chama o “coração”, em que sempre precisa ser salvado. E, na época atual pós-moderna, necessita possivelmente ainda mais de um Salvador, porque a sociedade em que vive se tornou mais complexa e se tornaram mais insidiosas as ameaças para sua integridade pessoal e moral. Quem pode defendê-lo a não ser Aquele que o ama até sacrificar na cruz a seu Filho unigênito como Salvador do mundo? » (25.12.2006).

«Desperta, ó homem! Por ti, Deus Se fez homem» (Santo Agostinho, Sermões, 185). Desperta, ó homem do terceiro milênio! No Natal, o Onipotente faz-Se menino e pede ajuda e proteção; o seu modo de ser Deus põe em crise o nosso modo de ser homens; o seu bater às nossas portas interpela-nos, interpela a nossa liberdade e pede-nos para rever a nossa relação com a vida e o nosso modo de a conceber. » (Mensagem Urbi et Orbi: a Roma e ao mundo; 25.12.2005).


Fonte: Site do Opus Dei

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