No dia 3 de novembro de 1537, Santa Teresa professa como carmelita no Mosteiro da Encarnação de Ávila.
Peçamos, hoje, a Nosso Senhor, por intercessão de Santa Teresa, a graça de sermos fiéis à nossa vocação carmelita.
Aparição de Sto Alberto de Trápani a Santa Teresa de Jesus. |
Tema 2 -
O QUE É ORAR
1. ORAR É
A CONSEQUÊNCIA LÓGICA DO ACREDITAR
O crente é-o na medida em que um dia se encontrou com Deus: Abraão,
Moisés, Profetas, Apóstolos, Madalena, Zaqueu, Paulo, Agostinho, Teresa, Carlos
Foucauld...
Todo o encontro pessoal com Deus dar-se-á após uma atitude de abertura
por parte do Homem, numa dinâmica de conhecimento e de necessidade mutua: como
na amizade.
Esta
relação de amizade pode ser implícita ou explicita: entre dois esposos que se
amam de verdade, todas as ações estarão imbuídas desse amor de um para com o
outro. Este ser e estar de um para com o outro equivaleria à FÉ. Mas toda a
gente tende a manifestar aquilo que leva dentro de si. Esses mesmos esposos
estarão à espera do momento de poderem dedicar algum tempo para expressarem
diretamente um ao outro o seu amor. Este ato de explicitar o amor, a fé mútua
equivaleria à ORAÇÃO: diálogo amoroso estando simplesmente a contemplar-se um ao
outro.
Por isso, não podemos dizer que acreditamos e oramos, mas que oramos
porque acreditamos.
2. ORAR É
EXPERIMENTAR DEUS DENTRO DE UMA RELAÇÃO AMOROSA
Se nos colocássemos a procurar definições do que é oração descobriríamos
muitas. Umas de raiz mais intelectual, que falam em elevar a mente para Deus;
outras de raiz mais popular, falam em pedir a Deus o que mais precisamos...
Longe de qualquer uma destas definições, Teresa de Jesus diz-nos que «em
minha opinião, oração mental não é mais do que um tratar de amizade, estando
muitas vezes a sós com Quem sabemos que nos ama» (Vida 8,7). Por isso, daqui
deduzimos que...
· orar só é possível dois:
um Deus que sabemos que nos procura e um orante que se converte em procurador de Deus;
· na oração, o importante
já não será o que (faço, digo...) mas com Quem estou ou, simplesmente, quero estar;
· é algo que já não
consiste em pensar muito mas em amar muito;
· a oração passa a ser não
um tratar de negócios, mas um encontro amoroso entre pessoas. Assim, só aquilo que colaborar para incrementar esse trato amistoso entre ambos os interlocutores será válido no momento de orar.
Esta relação de amizade será lógico:
· que parta de um saber-se
querido e de uma atitude de atenção para com os interesses do outro;
· que se alimente, como em
todas as histórias de amizade, de encontros repetidos;
· e que encontre o seu
melhor «habitat» num clima de silêncio e solidão.
3.
CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS
· Deus procura-te e bate à
tua porta para criar amizade: abre-a!
· Qualquer encontro e
acolhimento requer um ambiente próprio. Procura o melhor tempo, lugar, etc.
· Orar é dialogar. Acaba
com os teus intermináveis monólogos orantes. Cultiva a capacidade de escuta.
· Aprende a estar diante
Dele. Escuta... Deixa-te interpelar e não tenhas medo de Lhe responder.
4.
EXERCÍCIO PRÁTICO - APRENDER A ORAR
Ø Começa por saber
escutar. O céu tem muito que comunicar dia e noite.
Ø Não ores para que Deus
realize os teus planos, mas para que tu interpretes os planos de Deus.
Ø Mas não esqueças que a
força da tua fraqueza é a oração. Cristo disse: "Pedi e recebereis".
Ø O pedir tem a sua
técnica. Faça-o atento, humilde, confiado, insistente e unido a Cristo.
Ø Não sabes o que dizer a
Deus? Fala-lhe dos vossos interesses mútuos. Muitas vezes. E a sós.
Ø Não convertas a tua
oração num monólogo, pois converterias a Deus em autor dos teus próprios pensamentos.
Ø Quando ores não sejas
nem orgulhoso nem humilde em demasia. Com Deus os truques não resultam. Sê tu mesmo, tal como és.
Ø E as distrações
involuntárias? Não te preocupes. O sol bronzeia desde que te ponhas diante dele, assim se passa com Deus.
Ø Se alguma vez pensas que
quando falas a Deus Ele não te responde... lê a Bíblia.
Ø Nunca fales de momentos
ou espaços de oração mas antes em VIDA DE ORAÇÃO.
5. PAUTAS
PARA ORAÇÃO PESSOAL:
1. Jesus chamou-nos amigos: Jo 15, 15
ss. Orai tendo como ponto de partida este texto e questionai-vos: Que entendo
eu por amizade? Tenho falta de amigos? Sinto a sua Falta? Porquê? Sinto
necessidade desse Amigo com letra maiúscula? Como anda a vida de Deus em mim?
Como poderei aumentar em mim a sede de Deus?
2. “Que mais poderia eu fazer pela
minha vinha que não tenha feito?”, disse um dia o Senhor: Is. 5, 1 – 7. Relê
este texto e interpela-te: Sentes-te, não só querido mas verdadeiramente
“mimado” por Deus? Ou acreditas que tudo quanto tens o conseguiste apenas com o
teu imenso esforço? Ou facilmente te lamentas diante d’Ele acerca de tudo o que
os outros tem e tu não? Procura recordar todas as maravilhas que Ele fez por
ti. Deixa que do teu coração brote uma oração de louvor e ação de graças ao teu
Amigo.
3. “Fala Senhor, que o teu servo
escuta”: Sam 3, 10. Lê e medita este texto. Não esqueças que oramos, não para
que Deus realize os “nossos planos”, mas para que conheçamos e tenhamos força
para dar pleno cumprimento aos “planos de Deus”. Isto exige capacidade de
escuta e de diálogo. Tenho esta capacidade ao menos a nível puramente humano?
Ou considero-me sempre do lado certo, do lado da verdade? Recorda que Deus nos
fala através das Escrituras, do Magistério da Igreja, dos acontecimentos da
vida, etc. procura cultivar esta atitude de escuta.
4. “Muito grande misericórdia faz Ele a
quem dá graça e ânimo para se determinar a procurar este bem com todas as
forças, porque, quando se persevera, não se nega Deus a ninguém. Pouco a pouco
vai habilitando o ânimo para que se saia com esta vitória. Digo ânimo, porque
são tantas as dificuldades que o demônio apresenta a princípio para que não
comecem de fato este caminho... que não se precisa de pouco ânimo para não o
abandonar.” (Teresa de Jesus, V 11, 4). Examina-te: como está a tua vontade
para começar a orar? Que mais é que te anima a fazê-lo? Quais são, em concreto,
as tuas principais dificuldades? Recorda tudo serenamente, revivendo-o diante
do Senhor. Coragem!
5. Propomos dois textos:
O
primeiro é de Lucas 11, 1: “Senhor, ensina-nos a rezar.”
O
segundo é de Teresa de Jesus: Meu pai era amigo de ler bons livros... Isto, com
o cuidado que minha mãe tinha em fazer-nos rezar...” (V 1, 1)
Assim começou o caminho de oração dos
discípulos do Senhor e de Santa Teresa. Pára um momento e, tal como outros
escrevem as suas memórias, medita sobre o teu caminho de oração até ao momento
presente. Até onde chegou o teu grau de intimidade com o Senhor? Já sabes o que
é orar; bem, se na oração o importante é refletir sobre QUEM se relaciona COM
QUEM... desfruta de um longo momento contemplando ambas as partes: quem és
tu..., e quem é Ele.
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