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domingo, 2 de novembro de 2014

V Centenário Teresiano

No dia 3 de novembro de 1537, Santa Teresa professa como carmelita no Mosteiro da Encarnação de Ávila.
Peçamos, hoje, a Nosso Senhor, por intercessão de Santa Teresa, a graça de sermos fiéis à nossa vocação carmelita.

Aparição de Sto Alberto de Trápani
a Santa Teresa de Jesus.
Tema 2  - O QUE É ORAR 

1. ORAR É A CONSEQUÊNCIA LÓGICA DO ACREDITAR
 
  O crente é-o na medida em que um dia se encontrou com Deus: Abraão, Moisés, Profetas, Apóstolos, Madalena, Zaqueu, Paulo, Agostinho, Teresa, Carlos Foucauld...
  Todo o encontro pessoal com Deus dar-se-á após uma atitude de abertura por parte do Homem, numa dinâmica de conhecimento e de necessidade mutua: como na amizade.
  Esta relação de amizade pode ser implícita ou explicita: entre dois esposos que se amam de verdade, todas as ações estarão imbuídas desse amor de um para com o outro. Este ser e estar de um para com o outro equivaleria à FÉ. Mas toda a gente tende a manifestar aquilo que leva dentro de si. Esses mesmos esposos estarão à espera do momento de poderem dedicar algum tempo para expressarem diretamente um ao outro o seu amor. Este ato de explicitar o amor, a fé mútua equivaleria à ORAÇÃO: diálogo amoroso estando simplesmente a contemplar-se um ao outro.
  Por isso, não podemos dizer que acreditamos e oramos, mas que oramos porque acreditamos.
 
2. ORAR É EXPERIMENTAR DEUS DENTRO DE UMA RELAÇÃO AMOROSA
         
  Se nos colocássemos a procurar definições do que é oração descobriríamos muitas. Umas de raiz mais intelectual, que falam em elevar a mente para Deus; outras de raiz mais popular, falam em pedir a Deus o que mais precisamos...
  Longe de qualquer uma destas definições, Teresa de Jesus diz-nos que «em minha opinião, oração mental não é mais do que um tratar de amizade, estando muitas vezes a sós com Quem sabemos que nos ama» (Vida 8,7). Por isso, daqui deduzimos que...
· orar só é possível dois: um Deus que sabemos que nos procura e um orante que se converte em procurador de Deus;
· na oração, o importante já não será o que (faço, digo...) mas com Quem estou ou, simplesmente, quero estar;
· é algo que já não consiste em pensar muito mas em amar muito;
· a oração passa a ser não um tratar de negócios, mas um encontro amoroso entre pessoas.  Assim, só aquilo que colaborar para incrementar esse trato amistoso entre ambos os interlocutores será válido no momento de orar.
  
Esta relação de amizade será lógico:
· que parta de um saber-se querido e de uma atitude de atenção para com os interesses do outro;
· que se alimente, como em todas as histórias de amizade, de encontros repetidos;
· e que encontre o seu melhor «habitat» num clima de silêncio e solidão.
 
3. CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS
 
· Deus procura-te e bate à tua porta para criar amizade: abre-a!
· Qualquer encontro e acolhimento requer um ambiente próprio. Procura o melhor tempo, lugar, etc.
· Orar é dialogar. Acaba com os teus intermináveis monólogos orantes. Cultiva a capacidade de escuta.
· Aprende a estar diante Dele. Escuta... Deixa-te interpelar e não tenhas medo de Lhe responder.
 
4. EXERCÍCIO PRÁTICO -  APRENDER A ORAR

Ø  Começa por saber escutar. O céu tem muito que comunicar dia e noite.
Ø  Não ores para que Deus realize os teus planos, mas para que tu  interpretes os planos de Deus.
Ø  Mas não esqueças que a força da tua fraqueza é a oração. Cristo disse: "Pedi e recebereis".
Ø O pedir tem a sua técnica. Faça-o atento, humilde, confiado, insistente e unido a Cristo.
Ø Não sabes o que dizer a Deus? Fala-lhe dos vossos interesses mútuos. Muitas vezes. E a sós.
Ø  Não convertas a tua oração num monólogo, pois converterias a Deus em autor dos teus próprios pensamentos.
Ø Quando ores não sejas nem orgulhoso nem humilde em demasia. Com Deus os truques não resultam.  Sê tu mesmo, tal como és.
Ø E as distrações involuntárias? Não te preocupes. O sol bronzeia desde que te ponhas diante dele, assim se passa com Deus.
Ø Se alguma vez pensas que quando falas a Deus Ele não te responde... lê a Bíblia.
Ø  Nunca fales de momentos ou espaços de oração mas antes em VIDA DE ORAÇÃO.
 
5. PAUTAS PARA ORAÇÃO PESSOAL:      

1. Jesus chamou-nos amigos: Jo 15, 15 ss. Orai tendo como ponto de partida este texto e questionai-vos: Que entendo eu por amizade? Tenho falta de amigos? Sinto a sua Falta? Porquê? Sinto necessidade desse Amigo com letra maiúscula? Como anda a vida de Deus em mim? Como poderei aumentar em mim a sede de Deus?
 
2. “Que mais poderia eu fazer pela minha vinha que não tenha feito?”, disse um dia o Senhor: Is. 5, 1 – 7. Relê este texto e interpela-te: Sentes-te, não só querido mas verdadeiramente “mimado” por Deus? Ou acreditas que tudo quanto tens o conseguiste apenas com o teu imenso esforço? Ou facilmente te lamentas diante d’Ele acerca de tudo o que os outros tem e tu não? Procura recordar todas as maravilhas que Ele fez por ti. Deixa que do teu coração brote uma oração de louvor e ação de graças ao teu Amigo.
   
3. “Fala Senhor, que o teu servo escuta”: Sam 3, 10. Lê e medita este texto. Não esqueças que oramos, não para que Deus realize os “nossos planos”, mas para que conheçamos e tenhamos força para dar pleno cumprimento aos “planos de Deus”. Isto exige capacidade de escuta e de diálogo. Tenho esta capacidade ao menos a nível puramente humano? Ou considero-me sempre do lado certo, do lado da verdade? Recorda que Deus nos fala através das Escrituras, do Magistério da Igreja, dos acontecimentos da vida, etc. procura cultivar esta atitude de escuta.
 
4. “Muito grande misericórdia faz Ele a quem dá graça e ânimo para se determinar a procurar este bem com todas as forças, porque, quando se persevera, não se nega Deus a ninguém. Pouco a pouco vai habilitando o ânimo para que se saia com esta vitória. Digo ânimo, porque são tantas as dificuldades que o demônio apresenta a princípio para que não comecem de fato este caminho... que não se precisa de pouco ânimo para não o abandonar.” (Teresa de Jesus, V 11, 4). Examina-te: como está a tua vontade para começar a orar? Que mais é que te anima a fazê-lo? Quais são, em concreto, as tuas principais dificuldades? Recorda tudo serenamente, revivendo-o diante do Senhor. Coragem!

5. Propomos dois textos:
  O primeiro é de Lucas 11, 1: “Senhor, ensina-nos a rezar.”
  O segundo é de Teresa de Jesus: Meu pai era amigo de ler bons livros... Isto, com o cuidado que minha mãe tinha em fazer-nos rezar...” (V 1, 1)

  Assim começou o caminho de oração dos discípulos do Senhor e de Santa Teresa. Pára um momento e, tal como outros escrevem as suas memórias, medita sobre o teu caminho de oração até ao momento presente. Até onde chegou o teu grau de intimidade com o Senhor? Já sabes o que é orar; bem, se na oração o importante é refletir sobre QUEM se relaciona COM QUEM... desfruta de um longo momento contemplando ambas as partes: quem és tu..., e quem é Ele. 

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