Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Numa
das leituras deste dia, do livro dos Macabeus (Macabeus 12,43-45), fala-nos do
costume das pessoas piedosas de Israel de rezar pelos mortos e louva a sua
ação. É uma afirmação da fé na realidade desse lugar de purificação e da
possibilidade de ajudarmos os que morreram na graça de Deus.
Apoiados
na união de todos em Cristo, através do Seu Corpo Místico de que todos fazemos
parte, podem passar as ajudas para os nossos irmãos que sofrem as penas do
Purgatório.
«Em
virtude da Comunhão dos santos – diz também o Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica, n. 211 – os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as almas do
Purgatório oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício
eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de penitência».
Vivamos
esta caridade para com todas as almas, em especial com as das nossas famílias.
O
Concílio Ecumênico Vaticano II lembrou: «Reconhecendo claramente esta
comunicação de todo o Corpo Místico de Cristo, a Igreja dos que ainda
peregrinam, cultivou com muita piedade, desde os primeiros tempos do
Cristianismo, a memória dos defuntos e, 'porque é coisa santa e salutar rezar
pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados' (2 Mac.12, 46), por
eles ofereceu também sufrágios» (Lumen Gentium 50).
Santo
Agostinho conta no livro das Confissões que a mãe, Santa Monica, lhes pedia a
ele e seu irmão para não fazerem grandes despesas com o seu funeral, levando o
seu corpo para a sua terra, no norte de África, mas para a lembrarem junto do
altar de Deus. È uma lição bem atual. Hoje gasta-se muito dinheiro em flores
nos funerais, que em nada podem ajudar os defuntos. Esquecem-se que poderiam
sufragar os seus mortos mandando celebrar missas, dando esmolas e rezando mais
por eles.
Ao
rezar pelos que morreram avivamos a certeza de que havemos de ressuscitar, como
lembra o texto de Macabeus. Avivamos também o desejo de nos encontrarmos com
eles no céu.
Em
relação à morte, temos de nos guiar pelos ensinamentos de Jesus e da Sua
Igreja. São muito consoladoras as verdades da fé e, em concreto, as que se
referem à vida eterna e à nossa comunhão em Cristo com os que morreram.
Podemos
ajudá-los e também recorrer à sua intercessão. Podem pedir por nós, porque são
almas santas amigas de Deus. Não podem ver-nos como os santos do céu, mas podem
conhecer os nossos pedidos. Esta devoção às almas do Purgatório, enraizada em
muitos cristãos, é uma forma muito bonita de viver a comunhão dos santos, a
entre ajuda entre todos membros do Corpo Místico de Cristo.
Podemos
lembrar também que o Purgatório não é apenas lugar de sofrimento. As almas
sofrem antes de mais a privação da visão de Deus. Sofrem também o fogo
purificador. É através do sofrimento que se purificam.
Mas
gozam também duma alegria muito grande: saberem-se amadas por Deus e terem já a
certeza de ir para o céu.
Pedimos
à Virgem Santíssima, Nossa Senhora da Boa Morte, que nos ajude a passar já na
terra o nosso purgatório, aproveitando os nossos sofrimentos e as nossas boas
obras. E a vivermos melhor a fé nas verdades que hoje recordamos e a caridade
para com os nossos irmãos que partiram.
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