«A paz esteja
convosco»
Celebramos,
neste domingo, a festa solene de Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa.
Festa do Espírito Santo e da inauguração da missão da Igreja. O medo, a
escuridão, o fechar-se na “casa interior”, transformam-se agora, com a presença
de Jesus, em paz, alegria e envio missionário. São signos tangíveis da ação
misteriosa e transformante do Espírito no interior do crente e da comunidade.
Ressurreição, ascensão, irrupção do Espírito e missão eclesial aparecem aqui
intimamente articuladas. A presença de Jesus oferece a paz a todos os que o
escutam, e escutando-O realizam a missão de tornar verdade, a experiência do
Evangelho. O tempo da Igreja iniciado em Pentecostes oferece à comunidade o
Espírito Santo. E com o Espírito Santo, o perdão dos pecados.
Ir. Maria das Dores, fma
Evangelho
(Mt 28,16-20) - Na tarde daquele dia, o
primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se
encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e
disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de
novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a
vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os
retiverdes serão retidos».
Na tarde daquele
dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os
discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio
deles…
Depois
da morte de Jesus os discípulos sentem que tudo está perdido. Têm medo dos
judeus; não lhes vá acontecer o mesmo?! Estão de portas fechadas, inseguros,
sem fé e sem esperança! O anoitecer do dia fala da noite das suas vidas.
Sentem-se desamparados, desorientados…até fazerem a experiência de encontro com
o Ressuscitado. A partir daí descobrem-no como o centro, o ponto de referência,
a coordenada fundamental à volta da qual se constroem as suas vidas e a
comunidade; tomam consciência da própria identidade.
Também
eu me identifico, tantas vezes, com estes discípulos temerosos, desiludidos,
fechados. É débil a minha fé no Ressuscitado. No entanto, é Ele que me visita
com o dom do seu amor, para tomar a centralidade da minha vida. Gratuidade
plena, proximidade infinita! O Senhor vem. Vem sempre. Está. Mesmo quando
parece que a minha vida é uma defesa impenetrável. Que eu me dê conta da Sua
presença, e tudo será diferente. Uma vida nova, no Espírito, nascerá em mim e à
minha volta.
…e disse-lhes: «A
paz esteja convosco».
Jesus
começa por saudar os seus, desejando-lhes a paz que é um dom messiânico. Neste
contexto, esta paz significa a transmissão da serenidade, da tranquilidade, da
confiança que permitirá aos discípulos superar o medo e a insegurança. A partir
de agora nada os poderá derrotar porque reconheceram o Senhor Ressuscitado no
meio deles.
É
também para mim esta saudação e promessa. A certeza da Ressurreição e a
presença de Jesus dão-me garantia da confiança e serenidade que tudo vence. Ele
próprio é a Paz que se faz dom, “pão partido” que alimenta as minhas fomes,
“baluarte seguro” que vence os meus medos; “vida nova” que em mim constrói o
“homem novo”.
Dito isto,
mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem
o Senhor.
As mãos
e o lado são sinais que evocam a entrega de Jesus, o amor total manifestado na
cruz. É nestes sinais que os discípulos O reconhecem. Os sinais da entrega que
permanecem no Ressuscitado indicam o amor que o Messias derramará sobre os discípulos.
Sinais que são apelo à entrega dos discípulos e fundamento da missão. A alegria
brota do reconhecimento do Senhor a dar sentido e resposta aos acontecimentos e
às experiências vividas.
O
Senhor se apresenta a mim com esta identidade pascal da entrega total marcada
pela cruz. Tantas vezes não O reconheço, porque procuro outro Cristo e não o
Cristo pascal. Reconhecer e acolher o Senhor constitui fonte de alegria, de
entusiasmo e coragem para O seguir pelo mesmo caminho. Todos os outros caminhos
– os meus caminhos – não são portadores de vida e de alegria. Só o caminho
pascal, marcado pelos sinais do amor e doação, é fonte de Vida!
Jesus disse-lhes
de novo: «A paz esteja convosco.
De novo
o dom da paz. A saudação messiânica da proximidade é indício da vida abundante
que Jesus ressuscitado quer oferecer. A paz é o próprio Cristo, o dom do Pai
que encerra todos os dons e bens da redenção; é o dom messiânico por
excelência. A paz que oferece ao mostrar as mãos e o lado, brota da sua morte e
ressurreição; da sua entrega ao projeto do Pai!
Jesus
concede-me sempre de novo a sua paz. Veio reconciliar-me comigo e com Deus,
para viver em tranquilidade e harmonia fraterna. É dom do Espírito a acolher e
a oferecer. É paz que mora dentro e se mostra fora, em sinais de gozo e de
alegria. Paz que passa, obrigatoriamente, pela radicalidade da cruz e pela
certeza da ressurreição. A minha paz, como a de Cristo, exige renúncia,
abnegação, entrega!
Assim como o Pai
Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Jesus
apresenta-Se enviado do Pai, obediente ao Seu projeto, ressuscitado, portador
da salvação e da Vida plena, para que outros participem da Sua missão. Envia os
discípulos como Ele foi enviado. Aponta-lhes a missão de O comunicar e anunciar
ao mundo. Para levar a cabo esse mandato podem contar com a força perene do
Senhor através do Espírito que vai soprar sobre eles.
Como
cristão, discípulo de Jesus, também sou enviado. A minha resposta deve ser de acolhimento,
adesão, confiança e abandono às surpresas e iniciativas da graça. Jesus Cristo é
o caminho, o modelo e o projeto que sou chamado a seguir fielmente. Sei que não
sou capaz, não tenho capacidades e, muitas vezes, nem vontade! No entanto, é o
próprio Senhor que me move. É o seu Espírito que me inquieta, ilumina,
fortalece e orienta. No Senhor, tudo posso!
Dito isto, soprou
sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes
os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão
retidos».
Jesus
comunica o Espírito Santo. O gesto de soprar sobre os discípulos reproduz o
gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (cf. Gn 2,7). Com o sopro
de Deus o homem tornou-se um ser vivente; com este sopro Jesus transmite aos
discípulos a Vida Nova. Agora os discípulos possuem a vida em plenitude e estão
capacitados para se tornarem num dom de amor. São chamados a testemunhar o amor
de Jesus. Recebem a missão de perdoar os pecados, que é testemunhar no mundo a
vida que o Pai quer oferecer a todos. Quem aceitar esta proposta será integrado
na comunidade de Jesus, quem não aceitar continuará a percorrer caminhos de
egoísmo e de morte. O Espírito animará esta missão.
O mesmo
Espírito Santo dado aos Apóstolos, foi-me oferecido no meu Batismo e, de modo
especial, na Confirmação. Veio sobre mim, habita-me com os seus dons para me
introduzir na intimidade de Deus, para encher vazios, curar mágoas. Vem como
luz, força, sabedoria, conforto. Vem habitar o meu coração, a minha existência,
e nela reza e adora o Pai. Ele é a Vida de Deus que me inunda.
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