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sábado, 7 de junho de 2014

Solenidade de Pentecostes

«A paz esteja convosco»

Celebramos, neste domingo, a festa solene de Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa. Festa do Espírito Santo e da inauguração da missão da Igreja. O medo, a escuridão, o fechar-se na “casa interior”, transformam-se agora, com a presença de Jesus, em paz, alegria e envio missionário. São signos tangíveis da ação misteriosa e transformante do Espírito no interior do crente e da comunidade. Ressurreição, ascensão, irrupção do Espírito e missão eclesial aparecem aqui intimamente articuladas. A presença de Jesus oferece a paz a todos os que o escutam, e escutando-O realizam a missão de tornar verdade, a experiência do Evangelho. O tempo da Igreja iniciado em Pentecostes oferece à comunidade o Espírito Santo. E com o Espírito Santo, o perdão dos pecados.
Ir. Maria das Dores, fma

Evangelho (Mt 28,16-20) - Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles…

Depois da morte de Jesus os discípulos sentem que tudo está perdido. Têm medo dos judeus; não lhes vá acontecer o mesmo?! Estão de portas fechadas, inseguros, sem fé e sem esperança! O anoitecer do dia fala da noite das suas vidas. Sentem-se desamparados, desorientados…até fazerem a experiência de encontro com o Ressuscitado. A partir daí descobrem-no como o centro, o ponto de referência, a coordenada fundamental à volta da qual se constroem as suas vidas e a comunidade; tomam consciência da própria identidade.
Também eu me identifico, tantas vezes, com estes discípulos temerosos, desiludidos, fechados. É débil a minha fé no Ressuscitado. No entanto, é Ele que me visita com o dom do seu amor, para tomar a centralidade da minha vida. Gratuidade plena, proximidade infinita! O Senhor vem. Vem sempre. Está. Mesmo quando parece que a minha vida é uma defesa impenetrável. Que eu me dê conta da Sua presença, e tudo será diferente. Uma vida nova, no Espírito, nascerá em mim e à minha volta.

…e disse-lhes: «A paz esteja convosco».

Jesus começa por saudar os seus, desejando-lhes a paz que é um dom messiânico. Neste contexto, esta paz significa a transmissão da serenidade, da tranquilidade, da confiança que permitirá aos discípulos superar o medo e a insegurança. A partir de agora nada os poderá derrotar porque reconheceram o Senhor Ressuscitado no meio deles.
É também para mim esta saudação e promessa. A certeza da Ressurreição e a presença de Jesus dão-me garantia da confiança e serenidade que tudo vence. Ele próprio é a Paz que se faz dom, “pão partido” que alimenta as minhas fomes, “baluarte seguro” que vence os meus medos; “vida nova” que em mim constrói o “homem novo”.

Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.

As mãos e o lado são sinais que evocam a entrega de Jesus, o amor total manifestado na cruz. É nestes sinais que os discípulos O reconhecem. Os sinais da entrega que permanecem no Ressuscitado indicam o amor que o Messias derramará sobre os discípulos. Sinais que são apelo à entrega dos discípulos e fundamento da missão. A alegria brota do reconhecimento do Senhor a dar sentido e resposta aos acontecimentos e às experiências vividas.
O Senhor se apresenta a mim com esta identidade pascal da entrega total marcada pela cruz. Tantas vezes não O reconheço, porque procuro outro Cristo e não o Cristo pascal. Reconhecer e acolher o Senhor constitui fonte de alegria, de entusiasmo e coragem para O seguir pelo mesmo caminho. Todos os outros caminhos – os meus caminhos – não são portadores de vida e de alegria. Só o caminho pascal, marcado pelos sinais do amor e doação, é fonte de Vida!

Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco.

De novo o dom da paz. A saudação messiânica da proximidade é indício da vida abundante que Jesus ressuscitado quer oferecer. A paz é o próprio Cristo, o dom do Pai que encerra todos os dons e bens da redenção; é o dom messiânico por excelência. A paz que oferece ao mostrar as mãos e o lado, brota da sua morte e ressurreição; da sua entrega ao projeto do Pai!
Jesus concede-me sempre de novo a sua paz. Veio reconciliar-me comigo e com Deus, para viver em tranquilidade e harmonia fraterna. É dom do Espírito a acolher e a oferecer. É paz que mora dentro e se mostra fora, em sinais de gozo e de alegria. Paz que passa, obrigatoriamente, pela radicalidade da cruz e pela certeza da ressurreição. A minha paz, como a de Cristo, exige renúncia, abnegação, entrega!

Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».

Jesus apresenta-Se enviado do Pai, obediente ao Seu projeto, ressuscitado, portador da salvação e da Vida plena, para que outros participem da Sua missão. Envia os discípulos como Ele foi enviado. Aponta-lhes a missão de O comunicar e anunciar ao mundo. Para levar a cabo esse mandato podem contar com a força perene do Senhor através do Espírito que vai soprar sobre eles.
Como cristão, discípulo de Jesus, também sou enviado. A minha resposta deve ser de acolhimento, adesão, confiança e abandono às surpresas e iniciativas da graça. Jesus Cristo é o caminho, o modelo e o projeto que sou chamado a seguir fielmente. Sei que não sou capaz, não tenho capacidades e, muitas vezes, nem vontade! No entanto, é o próprio Senhor que me move. É o seu Espírito que me inquieta, ilumina, fortalece e orienta. No Senhor, tudo posso!

Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».

Jesus comunica o Espírito Santo. O gesto de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (cf. Gn 2,7). Com o sopro de Deus o homem tornou-se um ser vivente; com este sopro Jesus transmite aos discípulos a Vida Nova. Agora os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados para se tornarem num dom de amor. São chamados a testemunhar o amor de Jesus. Recebem a missão de perdoar os pecados, que é testemunhar no mundo a vida que o Pai quer oferecer a todos. Quem aceitar esta proposta será integrado na comunidade de Jesus, quem não aceitar continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte. O Espírito animará esta missão.
O mesmo Espírito Santo dado aos Apóstolos, foi-me oferecido no meu Batismo e, de modo especial, na Confirmação. Veio sobre mim, habita-me com os seus dons para me introduzir na intimidade de Deus, para encher vazios, curar mágoas. Vem como luz, força, sabedoria, conforto. Vem habitar o meu coração, a minha existência, e nela reza e adora o Pai. Ele é a Vida de Deus que me inunda.


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