S. Pedro Damião, bispo |
Evangelho
(Mc 8,34-9,1): Chamou, então, a
multidão, juntamente com os discípulos, e disse-lhes: «Se alguém quer vir após
mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me! Pois quem quiser salvar
sua vida a perderá; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a
salvará. De fato, que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria
vida? E que poderia alguém dar em troca da própria vida? Se alguém se
envergonhar de mim e de minhas palavras diante desta geração adúltera e
pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória
do seu Pai, com seus santos anjos». E disse-lhes: «Em verdade vos digo: alguns
dos que estão aqui não provarão a morte, sem antes terem visto o Reino de Deus
chegar com poder».
Comentário: Rev. D. Joaquim FONT i Gassol (Igualada,
Barcelona, Espanha)
Se alguém quer vir
após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!
Hoje
o Evangelho nos fala sobre dois temas contemporâneos¬: a nossa cruz de cada dia
e o seu fruto, quer dizer, a Vida em maiúscula, sobrenatural e eterna.
Ficamos
de pé para escutar o Santo Evangelho, como símbolo de querermos seguir os seus
ensinamentos. Jesus diz que nos neguemos a nos mesmos, clara expressão de não
seguir o “gosto dos caprichos” —como menciona o salmo— ou de afastar «as
riquezas enganadoras», como diz São Paulo. Tomar a própria cruz é aceitar as
pequenas mortificações que cada dia encontramos pelo caminho.
Pode-nos
ajudar para isso a frase que Jesus disse no sermão sacerdotal, no Cenáculo: «Eu
sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não dá fruto
em mim, ele corta; e todo ramo que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto
ainda» (Jo 15,1-2).Um lavrador esperançoso, mimando o racimo para que alcance muita
qualidade! Sim, queremos seguir ao Senhor! Sim, somos conscientes de que o Pai
pode ajudar-nos a dar abundante fruto em nossa vida terrenal e depois gozar na
vida eterna.
Santo
Inácio guiava a São Francisco Xavier com as palavras do texto de hoje: «De
fato, que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida?» (Mc
8,36). Assim chegou a ser o patrono das Missões. Com a mesma nuança, lemos o
último Cânon do Código de Direito Canônico (n.1752): «Tendo-se diante dos olhos
a salvação das almas que, na Igreja, deve ser sempre a lei suprema». São
Agostinho tem a famosa lição: «Animam salvasti tuam predestinasti», que o
ditado popular traduziu-a assim: «Quem salva uma alma, garante a sua». O
convite é evidente.
Maria,
Mãe da Divina Graça, nos dá a mão para avançar neste caminho.
Reflexões de Frei
Carlos Mesters, O.Carm.
*
O Evangelho de hoje traz as condições para uma pessoa poder seguir a Jesus.
Pedro não entendeu a proposta de Jesus quando este lhe falou do sofrimento e da
cruz. Pedro aceita Jesus como Messias, mas não como Messias sofredor. Diante da
incompreensão de Pedro, Jesus descreve o anúncio da Cruz e explica o
significado da cruz para a vida dos discípulos (Mc 8,27 a 9,1).
* Contexto histórico
de Marcos:
Nos
anos 70, quando Marcos escreve, a situação das comunidades não era fácil. Havia
muito sofrimento, muitas cruzes. Seis anos antes, em 64, o imperador Nero havia
decretado a primeira grande perseguição, matando muitos cristãos. Em 70, na
Palestina, Jerusalém estava sendo destruída pelos romanos. Nos outros países,
estava começando uma tensão forte entre judeus convertidos e judeus não
convertidos. A dificuldade maior era a Cruz de Jesus. Os judeus achavam que um
crucificado não podia ser o messias, pois a lei afirmava que todo crucificado
devia ser considerado como um maldito de Deus (Dt 21,22-23).
* Marcos 8,34-37.
Condições para seguir a Jesus
Jesus
tira as conclusões que valiam para os discípulos, para os cristãos do tempo de
Marcos e para nós que vivemos hoje: Quem quiser vir após mim tome sua cruz e
siga-me! Naquele tempo, a cruz era a pena de morte que o império romano impunha
aos marginais. Tomar a cruz e carregá-la atrás de Jesus era o mesmo que aceitar
ser marginalizado pelo sistema injusto que legitimava a injustiça. A Cruz de
Jesus não é fruto de fatalismo da história, nem é exigência do Pai. A Cruz é a
conseqüência do compromisso livremente assumido por Jesus de revelar a Boa Nova
de que Deus é Pai e que, portanto, todos e todas devem ser aceitos e tratados
como irmãos e irmãs. Por causa deste anúncio revolucionário, ele foi perseguido
e não teve medo de dar a sua vida. Prova de amor maior não há, que doar a vida
pelo irmão. Em seguida, Marcos insere aqui duas frases soltas.
* Marcos 8,38-9,1.
Duas frases soltas: uma exigência e um aviso.
A
primeira (Mc 8,38), é a exigência para não termos vergonha do Evangelho, mas
termos sim a coragem de professá-lo. A segunda (Mc 9,1), é um aviso sobre a
vinda ou a presença de Jesus nos fatos da vida. Alguns achavam que Jesus viria
logo (1Ts 4,15-18). Jesus, de fato, já veio e estava presente nas pessoas,
sobretudo nos pobres. Mas eles não o percebiam. Jesus mesmo tinha dito: “Aquela
vez que você ajudou o pobre, o doente, o sem casa, o preso, o peregrino, era
eu!” (Mt 25,34-45)
Para um confronto
pessoal
1. Qual é a cruz que pesa sobre mim e
que me torna a vida pesada? Como a carrego?
2. Ganhar a vida ou perder a vida;
ganhar o mundo inteiro ou perder a alma; ter vergonha do evangelho ou
professa-lo publicamente. Como isto acontece em minha vida hoje?
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