Pe.
Antonio Rivero, L.C.
Sta Apolônia, virgem e mártir |
Em
primeiro lugar, Jesus nos diz que somos e temos que ser sal, não açúcar. O que
o sal faz? Dá sabor às comidas, é curativo. Impede a corrupção dos alimentos; é
conservante por ser ácido. Nos lugares onde tem neve, o sal derrete o gelo das
rodovias para evitar acidentes. O sal do bicarbonato é um antiácido para o
estômago. O sal também retira a ferrugem acumulada nas chaminés, evitando
possíveis incêndios perigosos. As cores podem ser restauradas com um pano
umedecido em água e sal. O sal afasta a traça dos tapetes de lã novos. O
segredo é limpar o chão com uma mistura concentrada de sal e água quente antes
de colocar o tapete. Tudo isso é um símbolo do que deve ser o cristão. Assim
foi Jesus: com o sal de sua palavra ia dando sabor a todas as situações
humanas: alegres e dolorosa. Ia preservando os valores humanos e morais com sua
mensagem divina, para que não se corrompessem. E a segunda imagem: também o
cristão tem que ser luz, porque levamos na alma e na consciência o fulgor de
Cristo Ressuscitado. Somos cristãos de Páscoa. Cristo, com sua Páscoa, dissipou
as trevas do demônio, que parecia ter triunfado nessa Sexta-feira Santa. Em nossas pupilas brilha a luz do Círio
Pascal. Em nossos lábios ressoa o “Lumen Christi”. Nossas mãos seguram a vela
que se alimenta desse Círio Pascal que é Cristo. Desafiamos Nietzsche, porque
nós sim temos rostos de ressuscitados.
Em
segundo lugar, que Deus nos livre de ser cristãos inertes e apagados. Com o
sal, daremos sabor a nossa vida cristã e também curaremos as feridas de nossos
irmãos (primeira leitura), não com palavras vãs, mas com a palavra e o bálsamo
do crucificado (segunda leitura) e preservaremos nosso mundo da opressão e
injustiça (primeira leitura) e do mundanismo. Com o sal – disse o Crisóstomo –
podemos voltar a seu sabor àqueles que se tornaram insípidos, mas com o sal em
sua medida. Muito sal estraga a comida. Com a luz da fé em Cristo iluminamos
nosso interior e iluminamos nosso ambiente, em qualquer parte onde estejamos.
Fé que nos ilumina desde dentro, como trata de expressar a iconografia
oriental. Com ela vivemos nesse mundo para não tropeçar, sim, mas com os olhos
postos na eternidade. Pela luz da fé vemos com claridade qual é o caminho que
nos conduz ao Céu. Já não somos “um povo que anda nas trevas”, mas que tem “a
luz da vida”.
Finalmente,
cuidemos para não estragar o sal colocando outras substâncias colorantes, como
podem ser nossos gostos pessoais e os temperos picantes desse mundo. Cuidemos nossa luz, que é a participação na
luz de Cristo, para que não iluminemos com a minúscula luz de nossas tolas
vaidades ou nossos saberes enciclopédicos e culturais mundanos (segunda
leitura).
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