sábado, 8 de junho de 2013

X Domingo do Tempo Comum

As orações do Mês do Coração de Jesus estão na pasta de Informações e Orações.

«Jovem, Eu te ordeno: levanta-te!»

O milagre acontece. A vida renasce. A maravilha da presença de Deus transforma. Porque Jesus passa e tudo se renova. Na ternura e amabilidade deste texto, quase que inspira a citação de Fernando Pessoa: “Tão jovem! Que jovem era! (Agora que idade tem?) Filho único a mãe lhe dera. Um nome e o mantivera: "O menino da sua mãe". Quanta dor e quanta alegria. Quanto contraste. Quanta maravilha. A maravilha da presença de Deus. A vida que renasce. O milagre que acontece…

EVANGELHO: Lc 7,11-17 - Naquele tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade. Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe. Todos se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo». Este dito a respeito de Jesus propagou-se pela Judeia inteira e pelas regiões vizinhas.

Naquele tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus discípulos e uma grande multidão.
Estamos diante de um quadro comum nos Evangelhos: Jesus dirige-se a uma cidade. Peregrino do Pai e da humanidade, faz-se acompanhar dos discípulos e de uma grande multidão. Uma forma de dizer e ensinar cada homem a ser peregrino do bem e da salvação.
Jesus continua a dirigir-se às nossas cidades, às nossas realidades e às nossas vidas. Vem ter conosco para realizar as maravilhas que só o amor divino sabe. Aponta-nos o mesmo caminho: caminhar com Ele e como Ele até tantas pessoas e tantas situações que aguardam uma palavra de esperança, um gesto de amor, uma presença amiga geradora de vida.

Quando chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade.

O cenário torna-se denso. Do outro lado, frente a Jesus e aos seus seguidores, sinais de luto, dor, solidão, tristeza,… a morte. Outra realidade, aquela a quem Jesus e os seus seguidores se dirigem, para transformá-la numa realidade de vida, para oferecer a salvação.
Com os olhos e o coração de Cristo olhamos à nossa volta e deparamos com estas situações de sofrimento, vazio, tristeza, morte! Não podemos passar indiferentes diante destes sinais, mas também não podemos esquecer o dom da salvação que Deus a todos oferece em Cristo. O dom da misericórdia, da regeneração, o dom da esperança, donde brota uma Vida sempre a recomeçar!
Precisamos acreditar profundamente que o Senhor é Vida e Vida em plenitude; o Ressuscitado venceu a dor e a morte de todos os tempos. Continua a vir ter conosco para que tenhamos Vida e Vida em abundância.

Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam pararam.
Jesus manifesta o rosto da compaixão de Deus para com o seu povo. Os verbos deste parágrafo são expressão disso: ‘viu-a’, ‘compadeceu-Se’, ‘aproximou-Se’, falou-Lhe, ‘tocou’ aquela situação! O amor divino não é teórico; chega a cada pessoa, a cada coração. ‘Deus visitou o seu povo’. Em Jesus, comunica a Sua Palavra de forma definitiva e plena, realiza o Seu Reino, oferecendo a Vida! Diante deste dom da salvação nada pode ficar igual. Os ‘cúmplices’ deste cenário de morte pararam’; diante do encontro com Jesus é ‘obrigatório’ mudar de sentido.
Nos percursos ‘fúnebres’ da minha existência, onde a tristeza ou o vazio me impedem de acreditar na força da ressurreição e na Vida, preciso ter a esperança de que o Senhor me sai sempre ao encontro para me apontar o sentido novo, o lado da esperança, o rosto do amor, a fonte da Vida. Diante das minhas lágrimas de dor ou de vazio, aproxima-Se, consola-me: ‘não chores’! Eu estou contigo!

Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe.
Chegamos ao ponto alto da cena evangélica. O milagre da ressurreição do jovem e a recuperação da alegria da mãe e de todos. O convite de Jesus surge na forma imperativa: ‘levanta-te’. É uma ordem. Esta é diferente doutras narrativas de milagres onde alguém faz um pedido concreto para que o milagre se realize. Neste caso ninguém pede; a desolação é total que nem vale a pena pedir vida para quem já morreu! É Jesus que a oferece! Puro dom! Os sinais vitais: sentar-se, falar, a relação com a mãe, evidenciam a força da Vida que só Deus concede. A Vida vence a morte.
Jovem ou não tanto, também são para mim estas palavras de Jesus. Levantar-me e recomeçar a vida é tarefa e desafio que me são confiados sob a mesma forma de ordem. Ninguém se pode demitir. Viver é compromisso. Viver é dom, tantas vezes ameaçado por índices de morte disfarçada que nos atiram para ‘cortejos fúnebres’ que só deixam o sabor do vazio e da solidão. Levantar-me, comunicar, relacionar-me com as pessoas e com Deus, é o caminho da ressurreição; é o caminho da Vida que Jesus nos comunica. Só Ele é o garante e o autor deste processo de salvação.

Todos se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo».
O povo que constata o milagre da ressuscitação do jovem proclama a revelação de Deus. O temor dos homens e o dar glória de Deus acompanham sempre as grandes teofanias: acontecimentos em que Deus Se manifesta e fala ao Seu povo. A multidão confessa-O como ‘um grande profeta’ através do qual Deus visita o seu povo. Jesus é a plenitude do Sacerdote, Rei e Profeta.
Também nós participamos desta vocação profética que acompanhou a história da salvação e atinge a sua plenitude em Jesus Cristo. O profeta é chamado a descobrir e a propor o projeto de Deus. É chamado a viver uma fé profunda, com uma consciência muito forte da presença de Deus, numa relação íntima com o Senhor capaz de ler e interpretar todos os acontecimentos à luz do amor de Deus e do Seu projeto. Precisamos acordar para esta dimensão profética da vida; descobrir os profetas portadores do querer de Deus e assumir a própria vocação vivendo em sintonia com Deus.

Este dito a respeito de Jesus propagou-se pela Judeia inteira e pelas regiões vizinhas.
Esta frase que encerra este trecho do Evangelho reforça o sentido da revelação de Deus que se propaga no tempo e na geografia. Aponta para o anúncio do Evangelho da Vida que, pela força do Ressuscitado e pelo dom do Espírito chega aos confins da terra, chega até cada um de nós. Não podemos ficar indiferentes nem iguais! Jesus e o Evangelho apontam-nos sempre para o mais de uma Vida plena.

Somos chamados e assumir um modo novo e inédito de ser e viver. Importa o essencial, o que gera vida: a fé, a esperança e o amor. Somos chamados a abraçar o Evangelho, caminho de Vida, que nos implica e convida e levantarmo-nos continuamente para um recomeço de esperança e de confiança. O Espírito sopra onde quer e como quer; ilumina-nos, revitaliza-nos, move-nos nos caminhos da Vida!

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