As
orações do Mês do Coração de Jesus estão na pasta de Informações e Orações.
«Jovem,
Eu te ordeno: levanta-te!»
O
milagre acontece. A vida renasce. A maravilha da presença de Deus transforma.
Porque Jesus passa e tudo se renova. Na ternura e amabilidade deste texto,
quase que inspira a citação de Fernando Pessoa: “Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?) Filho único a mãe lhe dera. Um nome e o mantivera:
"O menino da sua mãe". Quanta dor e quanta alegria. Quanto contraste.
Quanta maravilha. A maravilha da presença de Deus. A vida que renasce. O
milagre que acontece…
EVANGELHO:
Lc 7,11-17 - Naquele tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com
ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade,
levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva. Vinha com
ela muita gente da cidade. Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe:
«Não chores». Jesus aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam
pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e
começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe. Todos se encheram de temor e
davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós um grande profeta; Deus
visitou o seu povo». Este dito a respeito de Jesus propagou-se pela Judeia
inteira e pelas regiões vizinhas.
Naquele
tempo, dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus
discípulos e uma grande multidão.
Estamos
diante de um quadro comum nos Evangelhos: Jesus dirige-se a uma cidade.
Peregrino do Pai e da humanidade, faz-se acompanhar dos discípulos e de uma
grande multidão. Uma forma de dizer e ensinar cada homem a ser peregrino do bem
e da salvação.
Jesus
continua a dirigir-se às nossas cidades, às nossas realidades e às nossas
vidas. Vem ter conosco para realizar as maravilhas que só o amor divino sabe.
Aponta-nos o mesmo caminho: caminhar com Ele e como Ele até tantas pessoas e
tantas situações que aguardam uma palavra de esperança, um gesto de amor, uma
presença amiga geradora de vida.
Quando
chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de sua
mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade.
O
cenário torna-se denso. Do outro lado, frente a Jesus e aos seus seguidores,
sinais de luto, dor, solidão, tristeza,… a morte. Outra realidade, aquela a
quem Jesus e os seus seguidores se dirigem, para transformá-la numa realidade
de vida, para oferecer a salvação.
Com
os olhos e o coração de Cristo olhamos à nossa volta e deparamos com estas
situações de sofrimento, vazio, tristeza, morte! Não podemos passar indiferentes
diante destes sinais, mas também não podemos esquecer o dom da salvação que
Deus a todos oferece em Cristo. O dom da misericórdia, da regeneração, o dom da
esperança, donde brota uma Vida sempre a recomeçar!
Precisamos
acreditar profundamente que o Senhor é Vida e Vida em plenitude; o Ressuscitado
venceu a dor e a morte de todos os tempos. Continua a vir ter conosco para que
tenhamos Vida e Vida em abundância.
Ao
vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». Jesus
aproximou-Se e tocou no caixão; e os que o transportavam pararam.
Jesus
manifesta o rosto da compaixão de Deus para com o seu povo. Os verbos deste
parágrafo são expressão disso: ‘viu-a’, ‘compadeceu-Se’, ‘aproximou-Se’,
falou-Lhe, ‘tocou’ aquela situação! O amor divino não é teórico; chega a cada
pessoa, a cada coração. ‘Deus visitou o seu povo’. Em Jesus, comunica a Sua
Palavra de forma definitiva e plena, realiza o Seu Reino, oferecendo a Vida!
Diante deste dom da salvação nada pode ficar igual. Os ‘cúmplices’ deste
cenário de morte pararam’; diante do encontro com Jesus é ‘obrigatório’ mudar
de sentido.
Nos
percursos ‘fúnebres’ da minha existência, onde a tristeza ou o vazio me impedem
de acreditar na força da ressurreição e na Vida, preciso ter a esperança de que
o Senhor me sai sempre ao encontro para me apontar o sentido novo, o lado da
esperança, o rosto do amor, a fonte da Vida. Diante das minhas lágrimas de dor
ou de vazio, aproxima-Se, consola-me: ‘não chores’! Eu estou contigo!
Disse
Jesus: «Jovem, Eu te ordeno: levanta-te». O morto sentou-se e começou a falar;
e Jesus entregou-o à sua mãe.
Chegamos
ao ponto alto da cena evangélica. O milagre da ressurreição do jovem e a
recuperação da alegria da mãe e de todos. O convite de Jesus surge na forma
imperativa: ‘levanta-te’. É uma ordem. Esta é diferente doutras narrativas de
milagres onde alguém faz um pedido concreto para que o milagre se realize.
Neste caso ninguém pede; a desolação é total que nem vale a pena pedir vida
para quem já morreu! É Jesus que a oferece! Puro dom! Os sinais vitais:
sentar-se, falar, a relação com a mãe, evidenciam a força da Vida que só Deus
concede. A Vida vence a morte.
Jovem
ou não tanto, também são para mim estas palavras de Jesus. Levantar-me e
recomeçar a vida é tarefa e desafio que me são confiados sob a mesma forma de
ordem. Ninguém se pode demitir. Viver é compromisso. Viver é dom, tantas vezes
ameaçado por índices de morte disfarçada que nos atiram para ‘cortejos
fúnebres’ que só deixam o sabor do vazio e da solidão. Levantar-me, comunicar,
relacionar-me com as pessoas e com Deus, é o caminho da ressurreição; é o
caminho da Vida que Jesus nos comunica. Só Ele é o garante e o autor deste
processo de salvação.
Todos
se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de nós
um grande profeta; Deus visitou o seu povo».
O
povo que constata o milagre da ressuscitação do jovem proclama a revelação de
Deus. O temor dos homens e o dar glória de Deus acompanham sempre as grandes
teofanias: acontecimentos em que Deus Se manifesta e fala ao Seu povo. A
multidão confessa-O como ‘um grande profeta’ através do qual Deus visita o seu
povo. Jesus é a plenitude do Sacerdote, Rei e Profeta.
Também
nós participamos desta vocação profética que acompanhou a história da salvação
e atinge a sua plenitude em Jesus Cristo. O profeta é chamado a descobrir e a
propor o projeto de Deus. É chamado a viver uma fé profunda, com uma
consciência muito forte da presença de Deus, numa relação íntima com o Senhor
capaz de ler e interpretar todos os acontecimentos à luz do amor de Deus e do
Seu projeto. Precisamos acordar para esta dimensão profética da vida; descobrir
os profetas portadores do querer de Deus e assumir a própria vocação vivendo em
sintonia com Deus.
Este
dito a respeito de Jesus propagou-se pela Judeia inteira e pelas regiões
vizinhas.
Esta
frase que encerra este trecho do Evangelho reforça o sentido da revelação de
Deus que se propaga no tempo e na geografia. Aponta para o anúncio do Evangelho
da Vida que, pela força do Ressuscitado e pelo dom do Espírito chega aos
confins da terra, chega até cada um de nós. Não podemos ficar indiferentes nem
iguais! Jesus e o Evangelho apontam-nos sempre para o mais de uma Vida plena.
Somos
chamados e assumir um modo novo e inédito de ser e viver. Importa o essencial,
o que gera vida: a fé, a esperança e o amor. Somos chamados a abraçar o
Evangelho, caminho de Vida, que nos implica e convida e levantarmo-nos
continuamente para um recomeço de esperança e de confiança. O Espírito sopra
onde quer e como quer; ilumina-nos, revitaliza-nos, move-nos nos caminhos da
Vida!
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